Quando entramos na sala algumas pessoas nos olharam e outras ignoraram. Estas, com certeza estavam interessadas em ganhar mais algumas posições na lista social. Manipuladas.
Mas um rosto chamou mais minha atenção: Taylor. A cópia pirata da Summer. Ela parecia irritadíssima. Estaria mordendo a boca por dentro ou era impressão minha?
Cheguei um pouco mais próximo de Tom e ela, procurando disfarçar, colocou um sorriso irônico no rosto.
Assim que passei ao seu lado ela me lançou um “Fra-cas-sa-da”. Típico. Garotinha previsível. Mas eu não deixei barato.
— Amor, você escutou alguma coisa?
— Eu não.
— Bom, eu que eu pensei ter escutado uma mosca nojenta. Mas não deve ser nada!
Nem me dei o trabalho de olhar para a garota. Ela não merecia tanta atenção assim.
Mal chegamos a nossas cadeiras no fim da sala e Tom já me olhava de forma interrogativa. Mas eu apenas sorri e fiz um gesto com a mão para ele deixar para lá, tudo que eu não queria no momento era explicar tudo isso. Havia um sério risco de alguém escutar.
Mas ele realmente era insistente. Então, mesmo que aula estivesse até interessante ficamos trocando papeizinhos.
Contei todos os fatos para ele. Primeiro a advertência de Derek sobre minha ausência do time — nesse momento fiz questão de frisar sua falta de criatividade para inventar uma desculpa para o treinador — contei do suposto flerte de nosso amigo e da conversa de que nosso namoro não era “nada convincente”.
Ele riu baixinho e devolveu o papel com a seguinte frase: “nem sonha, não vou te beijar”. Eu tive vontade de bater nele. Eu estava falando sério e ele com brincadeirinhas bobas.
Tom concordou em fingir um pouco melhor, mas me disse que tinha pintado uma garota nova no clube de xadrez que era interessante. Que ótimo. Ele se arranjando e eu aqui nessa furada!
Comentei sobre a chatice de Taylor e ele disse que não estava nem aí para ela. Tudo o que não queria no momento era namorar uma cópia de Summer. E, como eu podia imaginar, tocou em um assunto delicado: Rebeca.
Contei a ele tudo o que tinha acontecido e perguntei o que ele achava. Ele disse que talvez ela só estivesse tentando entender tudo isso. Afinal, era muito estranho você conhecer uma menina e, depois de um tempo ela vir te dizer que é um menino. Totalmente maluco.
Concordei e, assim que o sinal tocou, nos levantamos, de mãos dadas, e nos dirigimos para o refeitório.
O local estava imerso na histeria de sempre. Várias louras desfilavam com roupas da moda e a cena poderia muito bem fazer parte de um daqueles comerciais de divulgação da Califórnia.
Era engraçado como certas pessoas que antes fariam tudo por um minuto da minha atenção agora me viravam o rosto sem ter conhecimento que o faziam.
É nessas horas que você percebe quem são seus verdadeiros amigos e eu cheguei a triste conclusão de que não tinha tantos amigos quanto supunha.
De fato, eu só tinha dois: Tom e Rebeca, sendo que esta estava dando sinais de que talvez fosse se afastar. Os outros só eram amigos da minha popularidade e do meu dinheiro. Agora eu tinha certeza.
Corri os olhos pelo ambiente e encontrei nossa mesa de sempre fazia. Nem sinal de Rebeca ou de seus açucarados cupcakes. Voltei os olhos para Tom que olhava na mesma direção que eu. Ele me lançou um sorriso encorajador e tratamos de caminhar para o nosso lugar de sempre.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Como Ser Uma Garota
RomanceJosh Bennett tem a vida que todo garoto de 17 anos (quase 18 como ele gosta de destacar) gostaria de ter. É bonitão, o astro do time de futebol do colégio, namora a menina mais bonita e desejada e tem todas as outras garotas a seus pés. Tudo ia muit...