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Eu tomei um susto quando percebi que já era dia 15 de maio. Na verdade, eu só percebi porque uma infinidade de garotas estava entusiasmada com a seletiva para líder de torcida que começaria nesse dia e ia até o dia 17. Aquela seletiva que Summer tentou me convencer a participar pouco mais de um mês atrás.

A maioria delas, no entanto, não tinha o menor talento para a coisa. Não precisava ser nenhum expert para perceber isso.

Eu ainda estava meio de ressaca, mas tinha discernimento. Ir a Los Angeles foi a pior ideia que tive. Não pela cidade em si, que era maravilhosa e eu adorava visitar, mas pelo dia seguinte. Eu tinha ido surfar com Rebeca — compromissos são compromissos — e agora estava completamente destruído.

Fora o fato de que nem aproveitei tudo que poderia aproveitar em Los Angeles. Fui a uma festa legal, vi muitas garotas bonitas — mas não consegui chegar nelas — mas estava faltando algo. Alguém. Então voltei dirigindo para casa me sentindo um completo idiota. Aliás, idiota é o que melhor me defini ultimamente.

Balancei a cabeça para espantar tudo isso. Resolvi parar de pensar besteira e ficar parado ali fora. Era melhor entrar e encarar a aula do Sr. Black.

Aquela semana passou mais rápido do que eu esperava. Os dias de seletiva das líderes transformaram a escola em uma bagunça. Era um vai e vem de garotas que não acabava mais.

Summer se sentia a maioral ali, escolhendo quem podia entrar para o time e quem não podia. Até que foi boazinha e, no final de tudo, escolheu cinco meninas para “realizar o sonho” de ser líder de torcida nas finais do campeonato.

E, como se fosse um vírus contagioso, no outro dia as garotas já começaram a se vestir e falar como Summer e as outras líderes. Ganharam até o direito de sentar-se na mesa dos populares.

Summer nunca me falou nada durante nosso tempo de namoro, mas acho que logo que as garotas entravam havia algum ritual de iniciação. Só pode.

Mas, assim que passou a tensão e a ansiedade da escolha das líderes veio outra tensão maior e pior: a das provas finais.

Eu e Rebeca demos um tempo nas aulas de surfe — por vontade dela — e Tom foi várias vezes estudar comigo. Eu estava precisando de ajuda principalmente em física. Sério, por que o maluco do Galileu resolveu apontar aquele telescópio para o céu? Poxa, ele não tinha nada melhor para fazer não? O que se passou na cabeça desse cara? Eu estaria bem melhor hoje em dia se ele não tivesse confirmado que a Terra girava em torno do Sol.

E o Newton? Por que ele foi inventar de sentar em baixo de uma árvore com uma fruta madura? Droga. Se aquela fruta não tivesse caído na cabeça dele, ele não descobriria o peso, não inventaria as Três Leis e a dinâmica não estaria ferrando a minha vida até hoje. Esse cara não tinha vida social. Só pode.

Nem preciso falar do Einstein não é? Como se não bastasse os outros dois, ele veio com o tal do Efeito Fotoelétrico, a maluquice da Teoria da Relatividade e todo aquele lance da equivalência massa-energia. Fala sério, eu não precisaria disso para viver!

— Ai, vamos dar um tempo Tom, eu não aguento mais!

— Josh, as provas começam segunda-feira deixa de moleza — Tom, incrivelmente não estava cansado depois de tantos números e fórmulas. Doido!

— Só um tempinho vai. Vamos comer alguma coisa enquanto eu tento me recuperar.

Insisti mais um pouco e ele finalmente resolveu deixar um pouco de lado nossa pilha de cadernos. Fomos para a cozinha — que estava limpa depois da visita da diarista — e improvisamos alguns sanduíches. Tom parecia querer me contar algo. Estava todo esquisito.

Como Ser Uma GarotaOnde histórias criam vida. Descubra agora