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Eu acordei no domingo com uma tremenda dor de cabeça.

Talvez fosse reflexo da noite passada, quando eu passei a maior parte chorando...

Sim, isso já estava se tornando um hábito e eu começava a me irritar. Tipo, qual é? Foi só eu virar menina para me tornar uma espécie de clone da Bella Swan? Daqui a pouco ia aparecer um vampiro brilhante ou um lobisomem depilado na minha janela.

Sentei-me na cama e o quarto pareceu girar. Respirei duas vezes e passei a mão nos cabelos.

Ai. Meu. Deus.

O meu cabelo tinha encurtado DEMAIS! Estava na altura da orelha. Da nuca no máximo.

Ou alguém tinha feito uma brincadeira terrível enquanto eu estava dormindo ou... não, não podia ser. Será?

Levantei-me com tanta esperança que nem me toquei da dor de cabeça. Parei frente ao espelho e logo as lágrimas estavam de volta.

Comecei a ficar ofegante e, como naquele fim de semana há mais de um mês, que já me parecia tão distante, desci a mão pelo tórax e não tinha seio algum lá.

Esfreguei os olhos duas vezes, só para ter certeza, e quando os abri novamente eu realmente estava com meu peitoral de jogador de futebol.

Toquei meu rosto, meu cabelo, olhei dentro da calcinha (vai que algo tinha dado errado né) e tudo, absolutamente tudo, estava do mesmo modo que antes de eu conhecer Samantha.

Ai meu Deus eu tinha voltado a ser o Josh!

Fiquei um bom tempo ali, parado, me olhando. Depois comecei a andar de um lado para o outro do quarto. Sério, eu não sabia o que fazer! Eu já nem esperava mais voltar ao normal antes do baile e, agora, eu estava de volta!

E eu sabia o porquê. A partir do momento que eu percebi o que devia ser feito, a partir do momento que tomei consciência dos meus atos e percebi o que tinha que mudar, o que tinha que fazer realmente, o milagre, a mudança, aconteceu. Se eu tivesse percebido tudo isso antes poderia evitar todo o sofrimento há mais tempo. Mas, no fim, tudo que acontece tem um propósito e, passar por tudo isso, com certeza havia me tornado uma pessoa melhor.

Corri para o banheiro e tomei um bom banho. Depois abri, radiante, meu guarda-roupa e peguei uma roupa masculina.

Nossa, eu nunca pensei que ficaria tão feliz em vestir uma bermuda de surfe e, como se tudo estivesse absolutamente normal, como se nada disso que aconteceu nesse tempo tivesse acontecido, peguei minha prancha e desci para a praia.

No início eu fiquei apenas sentado, olhando a imensidão azul que se estendia à minha frente. Apesar do surfe ser uma das coisas que eu tinha mantido, mesmo como garota, eu estava com saudade de praticá-lo sendo eu mesmo. Sendo Josh.

E com a felicidade explodindo dentro do peito, corri para o mar com a prancha a tiracolo.

Depois de surfar até as duas da tarde, comi o mais rápido possível e fui direto ao cabeleireiro, afinal, eu precisava estar apresentável logo mais à noite.

Pedi para o rapaz (ou seria moça?) cortar bem baixinho e gostei do resultado. Eu detestava cabelo grande e não queria nenhum vestígio que me lembrasse que um dia eu já fui Joana. Fora o fato que... Modéstia à parte eu fiquei muito mais sexy (sim, era possível). Talvez eu até deixasse a barba por fazer.

Voltei para casa e pensei no que fazer. Tipo, eu tinha recebido uma nova chance, então com certeza eu precisava fazer algo.

Certo, eu já tinha me decidido: eu ia sim ao baile, ia terminar com a Summer, ia acertar as coisas com o pessoal da escola e, o mais difícil, ia trazer Rebeca de volta para mim.

Como Ser Uma GarotaOnde histórias criam vida. Descubra agora