Eu estava bastante apreensivo. Óbvio que quem me visse jogado no sofá e com um monte de porcarias comidas pela metade não acharia isso. Mas eu estava.
É que na escola eu fiquei tão louco pra chegar em casa e, ao mesmo tempo, não atrapalhar Rebeca que acabei dando a chave do meu carro, do meu bebê, para ela sem perguntar o principal: se ela sabia dirigir.
Já pensou se ela bate meu Carrera GT em um poste? Eu iria enfartar, com certeza.
Se ao menos Tom estivesse aqui... poderíamos jogar vídeo game e eu relaxaria um pouco. Entretanto, sua mãe ligou e ele saiu daqui feito um louco, se desculpando e dizendo que precisava chegar rápido em casa.
Então, o que me restava senão encher a barriga de um monte de besteiras? Logo, logo eu me livraria desse corpo mesmo, poderia fugir da minha dieta saudável nesse período.
A minha cabeça até que não doía mais, porém perto do corte eu começava a sentir dor. Acho que a anestesia estava passando. Levantei-me sentindo-me uns cinco quilos mais pesado. Olhei em volta procurando meu celular para ligar para a farmácia e pedir um analgésico.
Mas, para minha surpresa: ótimo! Eu não tinha a receita. Srta. Gomez até tinha me dado uma, prescrita pelo médico é claro, mas eu esqueci na enfermaria.
Acabei decidindo por me deitar novamente e tentar dormir. Talvez a dor passasse.
Acordei umas horas depois, o que eu suponho, com o barulho da televisão. Eu não lembrava de tê-la deixado ligada. Fui me sentando devagar e quase tive um ataque cardíaco quando vi Rebeca sentada na poltrona ao lado do sofá.
— É um grande erro colocar uma das chaves da sua casa no mesmo chaveiro das chaves do carro. Vai que você perde — ela sorriu.
— Eu tenho cuidado com ele então não corro este risco — pisquei. — Você ta aí há muito tempo?
— Cheguei há... — ela olhou o relógio — umas duas horas.
Eu arregalei os olhos. Caramba ela já estava aqui há um tempo e eu dormindo, todo largado no sofá.
— Por que você não me acordou? — perguntei, tentando ajeitar os cabelos com as mãos.
— Ah, você parecia cansada, não quis te acordar. — ela deu de ombros. — E você esqueceu sua receita na enfermaria. Eu peguei e já comprei os remédios. Você me paga depois — ela piscou.
A tarde inteira ficamos conversando. Rebeca me contou suas idéias novas para o baile, como foi a reunião, o que tinham decidido e em como fora difícil pregar os cartazes pela escola sem a minha ajuda.
Tenho certeza que essa parte ela falou só para me irritar. Tinha gente suficiente na comissão para pregarem os cartazes e nem sentirem minha falta.
Falamos por tanto tempo que nem percebemos que já era noite. Rebeca resolveu ir embora, mas insisti e ela resolveu ficar para jantar.
Pedi comida japonesa (isso já estava virando rotina) e nós rimos e conversamos mais um pouco.
Quando finalmente terminamos de jantar e ela levantou-se para ir embora, lá fora começou a cair uma tempestade absurda, indicando que qualquer pessoa sensata não se atreveria a dirigir nesse momento. Não precisei nem abrir a boca, pois Rebeca já estava pegando seu celular para ligar para sua mãe. Ela ia precisar passar a noite na minha casa.
As duas conversaram um tempo e acho que a sua mãe estava insistindo para ela voltar para casa ou algo assim.
— Mãe, ta chovendo, é perigoso.
Mais um pouco de conversa e ela me passou o telefone.
— Fala com a minha mãe. Ela quer saber se é seguro ficar aqui — ele disse, com a mão no telefone para que sua mãe não escutasse.
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Como Ser Uma Garota
RomanceJosh Bennett tem a vida que todo garoto de 17 anos (quase 18 como ele gosta de destacar) gostaria de ter. É bonitão, o astro do time de futebol do colégio, namora a menina mais bonita e desejada e tem todas as outras garotas a seus pés. Tudo ia muit...