No último tempo eu tinha aula de educação física, minha aula preferida.
Mais uma aula junto com Rebeca, além de espanhol e meio-ambiente.
Era evidente que ela não tinha nenhuma habilidade para esportes, mas que eu me lembre, ela nunca inventou desculpa alguma para matar aula. Sempre estava lá, mesmo que desengonçada.
Naquele momento ela estava na pista de salto em distância. Não consegui conter o riso quando percebi que ela levantou bastante areia para uma distância tão curta.
Só voltei a mim quando algo bateu bem forte na minha barriga.
— Presta atenção Bennett! — Derek, o zagueiro do time, gritou.
Quando caí e o ar começou a me faltar é que lembrei que estava jogando futebol.
— Bennett, está bem? — treinador Rink perguntou pra mim.
— Eu acho que sim treinador...
— Acho melhor você ir pra enfermaria. Miller, Brand, levem Bennett até lá, por favor.
— Não precisa treinador, vou sentar um pouco na arquibancada, vou ficar bem.
Tirei meu capacete e caminhei lentamente para a arquibancada, tentando inalar o máximo de ar possível.
Baixei a cabeça e fui melhorando ao poucos. Aposto que meu aspecto corado já devia estar voltando.
Levantei a cabeça e levei um susto ao ver Rebeca White ao meu lado.
Quer dizer, não exatamente ao meu lado, mas sim no mesmo degrau em que eu estava sentado, a alguns metros de distância.
Sem saber o porquê, resolvi ir falar com ela. Afinal, era nosso último semestre como colegas de turma.
— Oi — disse, com aquele sorriso “conquista garotas” que sempre usava.
Ela continuou lendo seu mangá, como se eu não estivesse ali.
— Oi — pigarreei — Rebeca.
— Hã? — ela levantou os enormes olhos cor de jabuticaba do pequeno livro e me encarou. — Você ta falando comigo?
— Bom — passei as mãos nos cabelos bagunçados e molhados de suor. — Tem mais alguma Rebeca aqui?
— Não sei — ela deu de ombros. — Mas tenho certeza que não há ninguém nessa escola, quiçá em San Diego, mais exibido que você.
Opa. Eu realmente fiquei sem saber o que dizer.
Quem essa garota que parece ter saído de um mangá pensava que era?
— Mas sim, conta logo vai — ela me mostrou o livro. — Tenho mais o que fazer.
— Contar... O quê? — Eu não fazia idéia de onde aquela garota queria chegar.
Ela soprou para cima, levantando sua franja tão desfiada quanto o resto do cabelo.
— Conta logo qual é a aposta — ela revirou os olhos. — Ou vai dizer que o grande astro Josh Bennett cansou da realeza e resolveu falar com a plebe?
— Aposta? Você só pode estar ficando maluca! Não preciso de apostas para falar com ninguém. Só quis ser gentil.
— Desculpe desapontá-lo Bennett — ela disse meu sobrenome de uma forma que me incomodou. — Mas você e a palavra gentil são duas coisas que não combinam.
Eu permaneci calado, enquanto ela continuou.
— E, se não se importa, tenho um mangá para terminar. — Ela completou com um sorriso que, apesar de tudo, era encantador.
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Como Ser Uma Garota
RomanceJosh Bennett tem a vida que todo garoto de 17 anos (quase 18 como ele gosta de destacar) gostaria de ter. É bonitão, o astro do time de futebol do colégio, namora a menina mais bonita e desejada e tem todas as outras garotas a seus pés. Tudo ia muit...