— O mar sempre me causou fascínio. Sempre rezei para que o verão chegasse logo, para que eu pudesse reencontrá-lo. Já perdi horas fitando a imensidão azul, torrando sob o sol apenas para contemplar sua magnitude, poder ouvir o barulho de suas ondas se chocando com a areia e depois retornando ao lugar de origem.
Olhei para Rebeca e ela permanecia calada. Estava maravilhada, vendo as coisas através da minha percepção, envolvida por toda a energia, a mágica do momento.
O céu azul, quase sem nenhuma nuvem, a vasta extensão de areia quase sem ninguém e a leve brisa, completavam o cenário.
— E aí que está a felicidade para mim. Quando estou no mar, seja na prancha ou simplesmente mergulhada, estática, sentindo a água quente ou fria tocar o meu corpo, tudo faz sentido. Neste momento, esqueço do corre-corre cotidiano, da ditadura do relógio, da beleza, de tudo. Sou apenas um ser vivo em contato com a natureza, apreciando toda a beleza da criação.
Ela me fitou, com a cabeça inclinada e os olhos brilhando, dizendo:
— Eu nunca tinha parado para pensar nisso. Eu... eu nem sei o que dizer.
— É, eu geralmente causo esse efeito nas pessoas — pisquei.
Ela riu jogando a cabeça para trás.
— Pronta?
Rebeca me olhou e em seus olhos pude perceber que ela estava com medo. Mas, por fim, ela deu um longo suspiro e fez que sim com a cabeça.
Ela pegou minha prancha e foi caminhando em direção a água. Fui logo atrás e, no curto percurso, tentei me concentrar nas ondas, não em seu corpo que, ainda que fosse pálido para os padrões da Califórnia, era bonito. Eu nunca imaginei que por baixo daquelas roupas esquisitas haveria um corpo que, mesmo pequeno, era tentador. Rebeca não era cheia de curvas, mas tinha um corpo proporcional que ficava ainda mais bonito nesse biquíni preto com bolinhas brancas e nesse short vermelho que ela estava usando.
— Ainda lembra as instruções?
— Claro que sim, te fiz repetir três vezes — ela riu, nervosa.
— Pois então se prepara que lá vem a onda perfeita.
Ela olhou para trás e, em um piscar de olhos, já estava deitada sobre a prancha, remando bem forte com os braços da forma que eu havia ensinado. Quando finalmente chegou a hora Rebeca apoiou os dois braços, em lados opostos da prancha, e forçou para baixo a fim de se erguer.
Fiquei maravilhado, pensando que ela ia conseguir surfar até a beira da praia. Mas não durou mais que três segundos e, ainda distante da areia, ela tomou um belo caldo.
Fiz o possível para segurar o riso, mas acho que não fui bem sucedido já que ela me olhou furiosa, com um emaranhado de cabelos no rosto. Me aproximei e perguntei se ela estava bem. Ela fez que sim com a cabeça e eu comecei a lhe dar mais instruções antes da próxima onda.
Era notável o esforço que Rebeca fazia para acertar, mas sua evidente falta de equilíbrio não permitiu que ela pegasse uma onda sequer. Mas, para um primeiro domingo de aulas, até que ela se saiu bem.
Como seu preparo físico não era dos melhores, em dado momento Rebeca cansou, então foi minha vez de aproveitar as ondas enquanto ela observava da praia.
— Então, será que posso me tornar a sucessora do Kelly Slater? — ela perguntou, assim que me aproximei.
Finquei a prancha na areia e torci meu cabelo.
Rebeca estava deitada sobre uma esteira, o sol envolvendo seu corpo de uma forma absolutamente tentadora. Meus olhos percorreram o caminho de seu rosto até a cintura e me forcei a desviar o olhar antes que ela percebesse.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Como Ser Uma Garota
RomanceJosh Bennett tem a vida que todo garoto de 17 anos (quase 18 como ele gosta de destacar) gostaria de ter. É bonitão, o astro do time de futebol do colégio, namora a menina mais bonita e desejada e tem todas as outras garotas a seus pés. Tudo ia muit...