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Sexta-feira. Eu estava com medo do que me esperava naquela tarde de meninas. Depois de conversas tensas sobre garotos durante a semana inteira, eu realmente tinha motivos para temer.

Cheguei um pouco antes do horário marcado — o nervosismo faz isso conosco — no prédio de Rebeca e de lá seguimos para a casa das outras meninas. Fora eu e ela iriam mais três. Ou seja, caberia certinho no meu carro.

Quando estávamos só eu e Rebeca, o silêncio imperou. Ela ainda estava um tanto sem jeito pelo que aconteceu na terça-feira. Eu não sabia o que pensar e estava tão apavorado por ter que comprar um vestido e sapatos altos que preferia ficar calado.

Porém, assim que as meninas entraram no veículo o falatório começou. Era um tal de modelo para cá, de cor para lá que todo o pavor que eu sentira antes havia se multiplicado por um milhão. Sério, nessa hora, se vendessem burcas na loja eu compraria uma de bom grado.

Na loja eu estava entediado. Nunca tive paciência para ir às compras com mulheres. Sério, elas demoram um século para escolher alguns vestidos, um milênio no provador experimentando todos eles para no fim dizerem que não gostaram de nenhum e começarem tudo de novo?

Enquanto que eu peguei o primeiro preto de alcinhas que deu em mim e tasquei na sacola. Elas insistiram para que eu experimentasse outros, mas eu não quis. Não dizem que preto serve em qualquer ocasião?

Rebeca era uma das mais indecisas. Ela estava entre um tomara-que-caia azul claro, um vermelho de alças largas e um rosa de alcinhas. Demorou bastante tempo no provador e, quando finalmente se decidiu, saiu para nos mostrar.

— O que acharam? — ela perguntou, girando graciosamente.

Eu não consegui emitir uma opinião concreta. Quer dizer, não de pronto.

Rebeca estava simplesmente deslumbrante. O vestido azul lhe caiu super bem. A cor, junto com os pequenos cristais colados no corpo, combinava perfeitamente com seu bronzeado cor de neve. Aposto que qualquer princesa da Disney ficaria morrendo de inveja dela. Estava tudo perfeito: cor, comprimento (um pouco abaixo do joelho) e modelo.

— Uau — as três responderam em uníssono.

Eu pisquei duas vezes antes de falar:

— Você está linda Rebeca. Esse vestido é perfeito.

Ela sorriu visivelmente satisfeita, balançando-se um pouco para poder enxergar-se melhor.

— É acho que o vestido realmente ficou bom.

Vestidos escolhidos, todas satisfeitas, era hora de ir ao caixa e sair da loja o mais rápido possível. Nossos estômagos exigiam isso.

Nos dirigimos ao caixa e bastou um segundo de distração da minha parte para o choque. Quase caí no chão e a garota à minha frente passava a mão no braço freneticamente.

Taylor.

— Olha quem está aqui — Summer falou logo atrás dela. Abaixando os óculos e me olhando dos pés à cabeça.

Não pude deixar de soltar um suspiro longo e pesado. As garotas atrás de mim pareceram acompanhar.

— Pelo menos elas têm bom gosto não é Taylor? — Taylor apenas revirou os olhos em resposta. — Mas não esqueçam que vestido não faz milagre garotas.

Summer piscou e saiu do nosso caminho, com Taylor logo atrás feito um Pit bull raivoso louco para atacar. Eu fiquei muito irritado com o que ela falou, mas resolvi usar a tática de Rebeca: ignorar. Afinal, Summer estava certa. Nem o melhor vestido do mundo faria o milagre de mudar minha impressão sobre ela.

Como Ser Uma GarotaOnde histórias criam vida. Descubra agora