Como Ser Uma Garota

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Quando entrei na sala o primeiro choque: não podia mais sentar no meu lugar de sempre!

Que droga!

Summer estava lá, linda e loura, com a cadeira ao seu lado vazia, provavelmente guardando para alguma amiguinha já que o Josh faltara (falar de mim como se fosse outra pessoa é muito esquisito), enquanto eu me dirigia para o fundo da sala.

Ela me lançou um sorriso quando passei. Bom, pelo menos podia me sentir uma privilegiada, já que se fosse qualquer outra novata que não tivesse o sobrenome “Bennett” ela faria questão de ignorar.

Da cadeira em que eu estava a única coisa que podia notar era o belo cabelo dela.

Lógico que dava para ver o Sr. Smith e sua letra terrível, mas eu só conseguia me concentrar nela.

Eu nunca fui o cara mais apaixonado da terra e nem o cara de uma garota só. Mas agora, que tudo tinha mudado, eu só queria poder estar com Summer.

Ok, se eu pudesse estar com ela e outras garotas seria ótimo, mas aí já seria pedir demais.

Esse era meu terceiro dia como menina e eu já estava querendo sumir.

Sério, eu sou homem. Homem mesmo.

É ruim demais ter que vestir roupas femininas, andar que nem menina, receber cantadas de outros caras...

Sério. Eu quero matar a Samantha!

E, se ao menos eu pudesse contar tudo para Summer...

Mas infelizmente não posso. Então, tudo que me resta fazer é mudar logo para que o velho Josh volte.

Quando saí da aula de matemática e fui deixar meus livros no armário, Tom estava lá.

— E aí cara, como tá sendo... — ele olhou para os lados e baixou a voz — seu primeiro dia como garota, na escola? — disse, quando percebeu que não havia ninguém por perto.

Remexi o armário e joguei meus livros lá. Isso realmente estava uma bagunça!

Por fim, tranquei e olhei para Tom.

— Hum, deixa eu ver... Algo entre péssimo e completamente terrível! — O encarei, pensando se ele realmente precisava perguntar para saber disso.

Ele, como sempre não se abalou. Apenas deu de ombros e prosseguiu:

— Você é tão negativista Josh! Pense pelo lado positivo — ele realmente queria me tirar do sério.

— Lado positivo? Sério? Por que não troca de lugar comigo, aí você pode pensar positivo por mim — bufei.

Comecei a andar em direção ao vestiário e ele estava em meu encalço.

Passamos por inúmeros jovens exalando hormônios e super preocupados com seus enormes problemas, como uma espinha que surgiu na testa, uma unha que quebrou, os pais que queriam destruir suas vidas...

Só de pensar que há três dias eu tinha essas mesmas preocupações... Que droga! Por que ainda não inventaram a porcaria da máquina de voltar no tempo?

Estava prestes a abrir a porta do vestiário quando um garoto enorme saiu de lá e esbarrou em meu ombro, quase me derrubando.

Ele murmurou um “desculpe” e saiu correndo.

Só então percebi que quase entrei no vestiário masculino.

Uma coisa muito, muito boa começou a se formar na minha mente.

— Eu pensei que não fosse se tocar — Tom falou, como se adivinhasse o que eu estava pensando. — Veja e aproveite o lado bom de tudo isso — ele completou, apontando para o vestiário à frente. O feminino.