Expliquei para Rebeca toda a história. Falei de Samantha, da festa, do dia seguinte... tudo. Quer dizer quase tudo. Omiti a parte de que ela passou a noite comigo. Rebeca não precisava saber disso.
Ela parecia ao mesmo tempo incrédula e maravilhada. Começou a formular inúmeras hipóteses a respeito da minha transformação. Falou que já tinha lido algo parecido em um livro, e que esse tipo de transformação realmente tinha a ver com mudança espiritual. Que Samantha provavelmente era minha guia espiritual e que havia um propósito em tudo isso.
Não tive como não rolar os olhos quando ela falou de “guia espiritual”. Samantha não passava de uma safada que tinha sido paga por outra mais safada ainda, para arruinar minha vida. Mas como eu omiti a parte da Meg (qual é, Rebeca não precisava fazer um julgamento pior de mim. Já bastava o que ela já fazia), ela poderia tirar esse tipo de conclusão.
Rebeca também falou que o fato de eu ter sentido uma vontade imensa de falar com ela, talvez fizesse parte de tudo isso também. Talvez ela tivesse um papel nessa história toda. Fiquei feliz com isso. Era sinal de que eu não estava ficando maluco e que meus sonhos talvez fizessem um pouquinho de sentido.
O tempo voou e nós perdemos as duas aulas seguintes. Quando o sinal anunciou que as aulas haviam acabado, Rebeca correu para o ponto de ônibus e eu e Tom seguimos para meu carro. Ser pegos por uma inspetora era tudo o que nós não precisávamos no momento.
No caminho até a casa de Tom permaneci calado a maior parte do tempo. Eu não sabia se tinha feito a coisa certa. Rebeca não gostava de mim na versão masculina... e se ela se afastasse de mim agora? Eu estaria completamente ferrado!
Cheguei em casa e comecei a traçar um plano para não passar por um completo idiota no dia seguinte na escola. Mas, nada do que eu pensasse poderia apagar meu fiasco. Summer com certeza me sacanearia ainda mais e eu viraria a chacota da escola. A mais bonita que o lugar já teve, é verdade, mais ainda assim chacota.
Por fim, cansei de pensar em tudo aquilo e resolvi revirar algumas coisas.
Abri meu guarda-roupa e peguei meu velho cd do Coldplay que eu não escutava há séculos e coloquei no som. Mas isso surtiu efeito contrário. Eu só pensei ainda mais em coisas que não queria pensar.
Como, por exemplo, que tenho pouco mais de um mês para os jogos finais. O pessoal do time deve estar querendo minha cabeça. Fora o baile que... bom, não que eu me importe muito com isso agora, mas Summer se importa e, por mais que eu não esteja tão feliz com isso, ainda estamos juntos e ela vive me atormentando com mensagens perguntando sobre quando eu vou voltar, se já tenho idéia do que vestir, etc e etc.
E falando em Summer, realmente tenho me decepcionado com ela. Não que ela fosse muito diferente antes, mas eu simplesmente não enxergava as coisas como enxergo agora. Realmente me pergunto inúmeras vezes por que eu não ponho logo um fim nessa história toda. Já cheguei a pegar o celular inúmeras vezes, mas logo desisto. Terminar por mensagem não é nada legal e, por mais que eu não seja um exemplo de namorado, não sou um completo cafajeste. Ainda tenho um pouco de decência.
Mas a pior de todas as coisas é que eu não consigo me comportar como uma garota. Por fora, posso até conseguir, mas por dentro... não dá!
Mesmo com o estrógeno e a progesterona explodindo dentro de mim, não consigo ficar um segundo sequer sem olhar para s garotas bonitas da escola, da rua... que seja! Até Rebeca consegue mexer com o que resta de testosterona em mim.
E, bom, o fato de estar a quase um mês sem ficar com garota nenhuma... realmente está me deixando maluco. É algo absolutamente terrível! Sério, eu realmente não faço ideia de como lidar com tudo isso.
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Como Ser Uma Garota
Любовные романыJosh Bennett tem a vida que todo garoto de 17 anos (quase 18 como ele gosta de destacar) gostaria de ter. É bonitão, o astro do time de futebol do colégio, namora a menina mais bonita e desejada e tem todas as outras garotas a seus pés. Tudo ia muit...