Abraço

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 Heloísa's P.O.V


— Ai, ai —  rolei no chão e coloquei a mão no meu joelho, a primeira parte do meu corpo a tocar o concreto.

Não poderia esperar outro resultado pela minha distração, a falta de atenção à frente geralmente gerava esse tipo de resultado. Eu ainda estava perdida e em pânico por não encontrar minha mãe, tentando cobrir todas as direções ao mesmo tempo para identificá-la. Não tivera tempo de ver o muro humano antes que me chocasse contra ele.

— Ei, desculpa — alguém tocou meu braço, puxando-me para cima, para me ajudar a levantar.

Ainda desorientada, notei apenas um segundo depois que ele falava em inglês. Um gringo por ai? Ele, percebi pela voz que era um garoto. As profundezas da minha consciência captou um detalhe determinante em seu timbre de veludo, mas não dei muita atenção. Aceitei sua ajuda para me levantar, deixando-o me firmar enquanto olhava meu joelho que devia estar ficando roxo. Ótimo. Pelo menos a calça não tinha rasgado.

— Nada. Não foi nada. Tudo bem — respondi em inglês, fazendo uma careta de dor, e me lembrei quase tarde de olhar a pessoa que falava comigo. 

Um estrangeiro, diga-se de passagem, homem. Eu nunca havia falado com um gringo pessoalmente e...

— Oi? — Ele passou a mão na frente do meu rosto, sua outra mão ainda apoiava meu braço. Acho que tinha medo que eu caísse por consequência da minha recente queda, mas era bem possível que fosse por outro motivo — Tudo bem? — Ele se abaixou um pouco para olhar em meus olhos.

Por um momento eu literalmente senti cada batida do meu coração. Bem, talvez eu tivesse batido minha cabeça no chão também.

— Q-qual é seu nome? — gaguejei feito idiota, só para me lembrar mais tarde que ele não devia entender português. Repeti a pergunta em inglês.

Estreitei os olhos para a imagem na minha frente, descrente. Podia muito bem ser uma miragem. Fechei e abri os olhos, mas ele não sumia. O cabelo dourado organizado num topete brilhava ainda mais na luz do sol, a pele branca parecia muito delicada para aquela estação, destacando-se. E havia aqueles olhos bem líquidos e tão comunicativos, o castanho claro que podia disfarçar-se de verde dependendo da luz emitida. O traço delicado da boca e do nariz, o formato de seus olhos, tudo tão característico e conhecido por mim....

Para reforçar minha loucura, ele estava ladeado do seu armário careca de pele escura, o segurança mais amado do mundo, e o outro branquelo de cabelo curto preto e barba bem feita, seu empresário. Não estávamos muito longe da arena do show, na verdade bem atrás, e as vans pretas misteriosas no meio fio não podiam ser coincidência...

Ser coincidência fazia mais sentido do que ser ele de verdade.

Ele riu um pouco, e depois sorriu. O que me deixou encarando-o abobada, o sorriso dele tinha o brilho de uma estrela.

— Justin. Sou Justin Bieber, prazer.

Fiquei paralisada, e os três me olhavam com atenção, esperando minha reação. Na verdade, até eu esperava, como se pudesse estar assistindo a cena de longe. Justin? O meu Justin? Meu sonho materializado bem na minha frente? Não era possível.

Minhas pernas tremeram e eu perdi a força nos joelhos. Estava prestes a cair quando seu braço foi rapidamente para a minha cintura, me segurando com força, sua mão que ainda estava em meu braço, se fechando firmemente em volta dele. Eu estava totalmente consciente do calor e solidez de sua pele.

— Wow, você está bem? — Ele perguntou preocupado.

Engoli em seco.

Kenny, seu segurança, não pareceu confiar em sua capacidade de me segurar e tomou meu braço, me reerguendo. Justin manteve seu braço ao redor da minha cintura, o toque quase o tornava real, tão quente quanto o de um ser humano normal. 

November [REVISANDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora