CAPÍTULO 21 — CLARA
Clara
Estou jogada no sofá do meu apartamento desde que Marcelo me deixou aqui no portão do prédio. Será que tudo isso que aconteceu é verdade? Será que ele sente a mesma coisa por mim? Será que vou quebrar a cara e sofrer feito uma palhaça de novo?
— São tantas perguntas sem resposta.
Começo a lembrar do passado, meus dias e noites eram bem parecidos com o que vivi a noite passada. Não sei se é por causa do tempo que já passou ou a desilusão, hoje pensando não parecia ser tão real e sincero da maneira de como foi com Marcelo. Nessa época fui feliz, mesmo tudo sendo uma mentira, amei e sonhei em construir uma vida a dois.
Como muitas pessoas diziam: "O amor é visível nos olhos de vocês dois", "Vocês são almas gêmeas", " Nasceram um para o outro". De uma forma nada legal descobri que não era amor, por parte dele. Que não éramos alma gêmea e que realmente não nascemos um para o outro.
Aprendi da forma mais dura que contos de fadas não existem, que todo fim é um recomeço.
Você não pode querer sonhar uma vida junta com outra pessoa, não sabe quando o outro irá te dar uma rasteira e o derrubar no chão da forma mais cruel possível. Esse pelo menos foi o meu caso. Desde então fechei meu coração, ninguém tinha conseguido quebrar a barreira que eu mesmo fiz. Sou dona do meu destino e tento escrever da melhor forma possível a minha história no livro da vida. Mas, dessa vez quem passou a rasteira em mim foi o diabo do destino que colocou Marcelo em meu caminho. Todos sabiam que era apenas um jogo inocente. Na real os outros não sabem, o verdadeiro motivo que aceitei essa aposta. Eu queria provar que não existe homem fiel ou namoro perfeito como aquele casal aparentava ser.
Logo de início descobri os podres da Dayana, então ai o problema daquele relacionamento não era ele, mas ela: a vaca no cio que namorava ele e Montanha ao mesmo tempo. Eu e as meninas sabemos o tanto que Montanha sofreu, talvez a nossa amizade pelo meu lado foi por me identificar com ele. Meu coração também estava quebrado, com a amizade de Montanha e das meninas juntei todos os pedacinhos e os colei um a um, infelizmente ficaram marcas que não tem como serem apagadas. Apenas Montanha sabe o que aconteceu comigo há três anos e seis meses atrás, até hoje tenho vergonha do papel de idiota que fiz e também não tenho coragem de contar para as meninas. Elas nunca entendem porque eu nunca vou para casa, coisa que acontece apenas uma vez no ano e dura apenas um dia e sempre na companhia do Montanha.
Montanha é o irmão mais velho que não tive, sem ele não teria a coragem de voltar para minha cidade e ver minha mãe. Nunca mais pisei o pé na casa dela. Tentei voltar lá, mas aquela cena sempre volta, a dor e a magoa voltam.
Posso voltar para a cidade, mas não para casa. Cidade pequena todos se conhecem, toda vez que vou e marco de encontrar com minha mãe ainda é possível notar o olhar de pena ou deboche das pessoas.
O mundo é cruel e as pessoas são cruéis, aprendi não abaixar a cabeça e seguir em frente sempre, fiz isso muito bem até agora. Só não aprendi a lidar com as coisas que envolvem o coração, que envolvem sentimentos que um dia já senti. Então como não sei lidar muito bem com isso eu fujo.
Minha vinda para Dourados foi uma fuga, queria fugir da dor, da desilusão, dos olhares de pena, das piadinhas. Tudo que eu queria era recomeçar. Recomeçar a minha vida sem julgamentos ou olhares, consegui isso. Tudo estava indo muito bem, até ele aparecer, o que era para ser um simples jogo de sedução virou uma bola de neve enorme e não sei mais o que fazer. Montanha ainda me avisou que isso iria acontecer, mas neguei a mim mesma, sempre afirmando que era apenas um jogo, apenas sexo, apenas diversão. Jurei para mim mesma que não existia nenhum tipo sentimento.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Jogando com a Sedução - postagens diárias
RomanceEla, estudante aplicada de Geografia. Ele, estudante aplicado de Direito. Ambos da mesma Universidade, apenas prédios distintos. Ela não que relacionamento sério. Ele na...