Capítulo 23

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CAPÍTULO 23 — MARCELO

Faz mais de quinze dias que eu e Clara estamos juntos, tudo indica que o teste de uma semana deu certo. Hoje faz exatamente quinze noites que não durmo no meu apartamento. A nossa rotina é sempre a mesma: acordamos cedo, fazemos amor, vamos para a academia, depois voltamos para o apartamento tomamos banho, me arrumo e vou para o estágio. Os dias que o serviço está mais suave vou almoçar com Clara, os mais corridos almoço no escritório mesmo. Alguns dias da semana passo no meu apartamento, pego umas peças de roupa e deixo as sujas para a tia da faxina lavar. Clara disse que não vai lavar minhas cuecas. E nos fins de semana vamos para o nosso refúgio.

Está sendo bom esse tempo que estamos passando juntos. Clara está cada dia mais entregue e até mesmo carinhosa. Para ela estamos apenas ficando, mas sei que isso que temos um com o outro não é ficar, mas é melhor não contraria-la e deixá-la pensando que estamos só ficando.

As amigas de Clara e Adriano sempre ficam brincando e zoando com a nossa cara. Eles falam que nós dois já estamos casados e daqui um par dias chegamos com um filho nos braços, dizem que somos rapidinhos, nem namoramos ou noivamos pulamos logo para o casamento. Para deixar Clara bravinha, sempre falo que estou fazendo um teste, vendo se Clara é boa para casar mesmo. Fazendo todos rirem e sempre levo uns tapas dela por isso.

Dayana nunca mais conversou comigo, quando a vejo no corredor da faculdade ou no escritório ela vira a cara. Edson também não deu mais as caras, alguns dizem que ele trocou de faculdade, mas acho que essa atitude foi devido a certa "conversinha" que Adriano teve com ele.

Hoje, sábado, resolvemos sair com os nossos amigos. Agora Adriano, Carol e Eva também são meus amigos. Bebemos, dançamos e nos divertimos até tarde, depois eu e Clara decidimos vir para o nosso refúgio.

Clara insiste em dizer que é apenas sexo, e eu aceito as desculpas dela, aos poucos ela vai cedendo, vez ou outra sente até ciúmes. Eu tento a cobrir de carinho, amor para que ela possa confiar em mim sempre. Mas ainda não consegui descobrir o motivo por ela fugir de algo mais sério, a única coisa que percebi é que ela quase não fala da família. Seu único contato é com a mãe, mas só fala com ela uma vez na semana.

Agora estou aqui deitado, vendo minha diaba linda dormindo em meus braços, isso é algo que não me canso de fazer. Observar Clara dormindo passou a ser um dos meus programas favoritos. A observo até cair no sono.

Sou despertado, com o toque do celular de Clara. Olho no relógio e vejo que ainda não é nem 07h00, pego seu celular que está na cabeceira e vejo escrito "mãe" no visor. Acho melhor acorda-la, a mãe dela não liga, ela que sempre liga para mãe.

— Clarinha, meu amor, Clara, acorda — a chamo dando leves beijos.

— Me deixa dormir — resmunga.

— Amor, seu celular está tocando.

— Deixa tocar — diz manhosa.

— Sua mãe, ela está ligando.

Passo o celular para ela que atente.

— Mãe, está cedo depois eu ligo.

De repente ela levanta da cama, com os olhos estatelados e respiração ofegante. Vai até a porta do banheiro.

— Já disse para não ligar para mim, já te disse para você esquecer que eu existo. Para mim você morreu.

Clara parece ouvir o que a outra pessoa diz no celular, ela vai se abaixando, senta no chão e começa a chorar.

— Quando? — pergunta.

Fica parada, perdida.

— Estou indo. — Desliga o celular.

Levanto da cama, chego perto dela e a abraço.

— Clara, aconteceu alguma coisa?

— Preciso falar com Montanha.

Pega o celular liga para Adriano.

— Montanha, preciso de você. Tenho que ir para Rubineia, não posso ir sozinha. Minha mãe sofreu um acidente e está em coma no hospital. Por favor, diz que vai comigo — Clara pede chorando.

Ela escuta Adriano falar.

— Ele está aqui — diz e me olha. — Montanha quer falar com você.

— Oi – digo ao pegar o telefone.

— Marcelo, não estou em Dourados, fiz uma viagem ontem depois que saímos da festa, já tinha avisado Clara, não tem como eu chegar a tempo para leva-la. Preciso que você a leve para ver a mãe, mas você não pode desgrudar dela. Ela precisa de você agora, mas ela nunca vai te pedir ajuda. Clara parece ser forte, porém é uma menina frágil. Amanhã de manhã consigo chegar e ficar com ela. Você fique com ela enquanto eu não chego. Posso contar com você? Você a leva e cuida dela enquanto não chego?

— Posso. Eu a levo, não precisa se preocupar. — Ele nem precisa pedir isso. Clara se tornou a minha joia mais rara. Sempre irei cuidar dela.

— Não faça perguntas, apenas fique com ela. Se ela se sentir confiante te contara tudo.

— Pode deixar, vou fazer o possível e o impossível.

— Obrigado Marcelo, não esperava menos de você. Agora passe para ela fazendo favor.

Passo o celular para Clara que ainda chora.

— Está bem, amanhã? Você jura — ela desliga.

Como já sabia a ligação entre Clara e Adriano é muito forte, talvez ele seja o único que sabe o que realmente aconteceu. Hoje estou tendo a prova disso. Ainda é cedo para Clara confiar e contar tudo para mim. Saberei esperar essa hora.

A abraço sem perguntar nada, a levo para o banheiro, dou banho nela, a visto com um vestido que achei nas coisas que ela trouxe. Deixo-a sentada na cama enquanto junto as nossas coisas. Quando acabo vou até ela.

— Vamos passar no seu apartamento pegar as suas coisas, depois passamos no meu. Vou levar você até a sua mãe — digo a olhando.

— Marcelo.

— Estou aqui.

— Não me deixe sozinha — me pede chorando.

— Nunca vou deixar você sozinha — digo a abraçando.

— Obrigada. — Me abraça.

Essa será uma longa viagem, pelo visto Clara vai enfrentar seus piores medos.

Jogando com a Sedução - postagens diáriasOnde histórias criam vida. Descubra agora