CAPÍTULO 24 — CLARA
Clara
Escuto uma voz bem longe me chamando.
— Clarinha, meu amor, Clara, acorda.
Ao mesmo tempo em que me chama, sinto beijos em minha pele. Esse toque, essa sensação boa só uma pessoa faz comigo. Marcelo sempre me acorda assim. Faz mais de quinze dias que todos os dias sou despertada da mesma forma. Dormir com ele é tudo de bom, não sei como ele consegue ser tão perfeito.
— Me deixa dormir — digo fazendo manha só para receber mais beijos e carinhos.
— Amor, seu celular está tocando.
— Deixa tocar — digo manhosa.
Não quero atender, nem sei como me esqueci de desligar o celular. Quando estamos aqui em nosso refúgio eu desligo, ficamos na nossa bolha particular curtindo um ao outro.
— Sua mãe, ela está ligando.
Minha mãe? Ela nunca liga cedo, que estranho. Viro-me para Marcelo e ele me passa o celular.
— Mãe, está cedo depois eu ligo — digo com voz de sono.
— Clara sou eu, Carla.
O quê? Levanto da cama, vou até a porta do banheiro, só em ouvir sua voz me sufoca. Não acredito que depois de tudo ela ainda tem coragem de me ligar.
— Já disse para não ligar para mim, já disse para você esquecer que eu existo. Para mim você morreu.
— Eu sei, não desligue, por favor — pede com voz de choro e começa a falar as palavras rápidas. — É a mãe, ela sofreu um acidente. Ela está morrendo Clara, ela chamou seu nome quando o socorro chegou. Agora ela está no hospital em coma.
Conforme ela vai falando, vou deslizando até sentar no chão. Não acredito, não posso perder mais ninguém, não consigo me controlar e começo a chorar.
— Quando? — pergunto em lágrimas.
— Ontem à noite quando voltava da igreja. Clara, você tem que vir ver a mãe, eu fico longe, te juro que eu não vou chegar perto de você.
— Estou indo — digo e desligo o celular.
Mãe disse tantas vezes para ir vê-la, mas sempre fico adiando por medo, agora estou a perdendo. Sinto alguém me abraçando, olho e lembro que Marcelo está aqui.
— Clara, aconteceu alguma coisa? — pergunta.
— Preciso falar com o Montanha — É a única coisa que eu consigo falar. Preciso do Montanha do meu lado. Pego o celular e ligo para ele, que atende rapidamente.
— Bom dia, minha menina, não está cedo para me ligar?
— Montanha, preciso de você. Tenho que ir para Rubineia, não posso ir sozinha. Minha mãe sofreu um acidente e está em coma no hospital. Por favor, diz que vai comigo — peço chorando.
— Ei? Calma, não estou em Dourados, te avisei ontem que iria viajar. Mesmo saindo daqui agora, vou demorar para chegar até você e leva-la até a sua mãe. Marcelo está com você? — Montanha pergunta.
— Ele está aqui — digo olhando para Marcelo.
— Passa o telefone para ele — pede.
— Montanha quer falar com você. — Passo para ele o celular.
— Oi — Marcelo fala e escuta Montanha falar.
— Posso. Eu a levo, não precisa se desculpar — continua a ouvir Montanha.— Pode deixar, vou fazer o possível e o impossível — Marcelo me passa o celular.
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Jogando com a Sedução - postagens diárias
RomanceEla, estudante aplicada de Geografia. Ele, estudante aplicado de Direito. Ambos da mesma Universidade, apenas prédios distintos. Ela não que relacionamento sério. Ele na...