Capítulo 25 - Entrar na Justiça

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      •Por Rodrigo

—Então Rodrigo, nós conversamos e a questão é que eles também querem a guarda da Lelê. A minha filha mais velha disse que tem total condições de cuidar da Lelê, sem problemas e pensando bem, nós somos a família dela.

—Sim, mas ela também tem a mim. A pessoa com quem a Lelê mais passa seu tempo é comigo. Ela tem mais contato comigo do que com vocês. —Entrei em choque.

—Então, essa seria uma bela maneira dela se aproximar de nós.

—E de se afastar de mim.

—Mas nós temos nossos direitos.

—Olha seu Erculano, com todo respeito, mas assim como vocês tem o direito de vocês, eu também tenho o meu, e eu não vou deixar que vocês afastem a Lelê de mim.

—Rod se acalma... —Ju me falou.

Conforme nós íamos conversando, a família dele ia chegando e ouvindo a conversa. Até que um se habilitou a falar.

—Rodrigo me desculpe, mas você não é nada dela, é apenas um mero Padrinho. Nós sim somos a família, de sangue.

—Sim, mas que nunca deram a mínima importância pra ela. Quer saber, vamos deixar com ela, vamos ver com quem ela vai. Lelê, vem aqui meu amor. —Gritei e ela veio correndo até mim. —Lelê com quem você quer ficar? Comigo ou com a sua família?—Perguntei.

—Com você. —Ela sem pensar, respondeu.

—Está respondido. —Disse.

—Assim não vale. —Responderam.

—Não vale porque? —Questionei.

—Porque não.

—Pessoal, não adianta nada ficar aqui discutindo.—Minha mãe falou.

—É mesmo, nenhum de vocês decidem isso. Quem precisa decidir é a justiça. —Pai falou.

—Então vamos pra justiça. Vamos ver quem vence. —Falei.

Peguei a Lelê no colo e fomos pra casa. Chegando lá, a Ju deu um banho nela e colocou-a pra dormir.

—Você acha que eu fiz errado hoje? —Perguntei à ela, quebrando o silêncio que ali havia.

—Claro que não. Você está nos seus direitos ué. Acho que nessa situação não tem essa de família não...

—E será que por conta deles serem a família dela e eu um mero padrinho, vai fazer diferença na hora do julgamento?

—Ai vai do Juiz né Rod. Nunca se sabe o que pode acontecer.

—Eu queria te agradecer por tudo que você fez esses dias. Acho que se não fosse você, eu não aguentaria. —Fui me aproximando.

—Não precisa nem agradecer. Fiz porque sabia que se fosse comigo, você faria a mesma coisa. —Era tão linda envergonhada.

—Que bom que você sabe, porque eu sou capaz de tudo por você.

Beijei-a.

O beijo era aquela mesma coisa né. O melhor da vida claro. Durante aquele tempo em que eu e a Ju ficamos separados, foi muito doloroso pra mim, sem contar que ela estava super próxima do Guilherme, o que me deixava mais louco da vida ainda. E era muito ruim ficar naquele clima com ela. Quase nunca olhava na minha cara, sempre sendo curta e grossa comigo; me doía demais ver aquilo.
Enquanto eu e ela ficávamos cada vez mais separados, ela e o Guilherme ficavam mais juntos. Aquele moleque sabia me tirar do sério cara. Só com aquela cara de moleque dele, já me deixava bravo.
Eu tentava conversar com ela. Tentei de tudo. Mensagem, recados pela Yanna, até por carta eu tentei, mas nada adiantava. Eu achei que ela nunca iria me perdoar. Foi ai que eu comecei a dar valor pra ela e ver que sem ela eu não sou nada, pois é ela que me move. Um dia, quando eu estava na casa dela, a gente acabou se encontrando. Foi quando a gente resolveu se acertar.

                   ~Flashback on~

—Ju, eu preciso muito conversar com você, sério mesmo.

—Não Rod, o Bernardo não está, ele já saiu.

—Ei, eu quero conversar com você.

Se ela achou que eu iria desistir, estava muito enganada.

—Se você não quiser falar tudo bem, eu só preciso te dizer algumas coisas...—Completei.

—Precisa me dizer algumas coisas? Coisas essa que seria da gente não poder ficar junto porque você é um medroso? Desculpa, disco riscado não rola.

—Ei, não é nada disso. Por favor, me deixa falar.—Ela ficou em silêncio.

—Você tem dez minutos.

—Bom, durante esse tempo longe de você, eu percebi o quanto você me faz falta. Percebi como o meu coração dói, só de te ver do lado daquele Guilherme lá. E eu sei que a gente não teve nada sério, mas apesar de tudo, isso faz parte da nossa história. E eu queria esquecer tudo que já aconteceu. Esquecer de todas as nossas brigas, de coisas que não eram pra ter acontecido, enfim... Vamos viver o agora e deixar o passado pra trás.

—Se fosse tão fácil assim...

—Só será se nós quisermos. E eu quero. Não gosto de viver brigado com você. Poxa, nós somos praticamente irmãos né e não dá pra conviver assim.

—Se você fosse meu irmão, já tinha apanhado de mim já a muito tempo, porque é disso que você ta precisando... de umas belas de umas palmadas, isso sim. —me deu um tapa no braço.

—Ai ai. Faz isso não. Eai, vamos começar do zero?

—Apesar de você não merecer, eu aceito recomeçar.

—ahh, agora vem aqui me dar um abraço.

—Eu não, venha você.

—Marrenta. —Abracei-a.

                    ~Flashback off~

Aquela cena se passava na minha cabeça enquanto o beijo rolava. O gosto da boca da Ju era o melhor do mundo. Sem explicações.
Quando o ar se fez necessário, nos abraçamos e fomos para o quarto dormir. Como a Lelê estava no canto da cama, a Ju deitou-se no meio e eu no outro canto. Ela abraçou-me e adormeceu.

Sim, eu sou o homem mais feliz do mundo.
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Beijocas
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