Capítulo 34 - Confusa...

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      •Por Juliana

Liguei para o Pedrinho, o taxista da família e comecei a torcer muito pra que ele topasse.

—Fala Pedroca, tudo bom?

—Oi Juju, tudo ótimo e você?

—Tudo também. Então, você está ocupado hoje? —disse, meio sem graça.

—Não. Só fiz uma corrida com o seu pai até o aeroporto, mas foi pela manhã. Porque meu anjo?

—Estava precisando de você.

—Só mandar. Estou às ordens.

—Precisava ir pra Teresópolis. Vou passar o final de semana com a mamãe.

—Opa, quer ir agora?

—Você pode? Não porque se for muito incomodo eu vou amanhã, sem problemas.

—Claro que não meu anjo, você nunca incomoda e Teresópolis é logo ali. Eu vou me arrumar aqui e já chego aí.

—Aí Pedroca, você é o melhor cara!! Obrigada de coração.

—Não precisa agradecer Juju. Estamos aí para o que precisar. Abraços.

—Obrigada, obrigada, obrigada!!

Desliguei o telefonema e logo liguei pra minha mãe. Deixei no viva voz, enquanto fazia minha mala.

—Fala filhota?!

—Jajá estou chegando por aí mãe. O Pedro vai me levar.

—Tá bom filha, vou arrumar seu quarto aqui. Venham com calma ein, estrada a essa hora é perigoso.

—Vai dar tudo certo, se Deus quiser Mamis. Beijo, que eu tenho que arrumar as coisas aqui rapidinho. Tchau. —me apressei.

—Tchau, venham com Deus.

—Amém!!

Como era um final de semana só, escolhi uma mala pequena. Coloquei os mais necessários e pronto. Quando terminei, a campainha tocou.

—Pedroca, você é o melhor cara. Obrigada mesmo! —abracei a ele, assim que abri a porta.

—Pra vocês estou sempre às ordens. Essas são as malas? Quer dizer, essa é a mala? —questionou quando viu apenas uma mala, a qual estava na minha mão.

—Sim... É só um final de semana, nada demais.

—Nossa, mas você tá mudada ein minha flor... Há um tempo atrás, estaria, pelo menos, com uma mala média e várias de braço.

—Pra você ver como as coisas mudam né Pedroca. Agora vamos?

—Bora lá!

Entramos no seu carro e fomos rumo a Teresópolis. Não demorou muito e logo estávamos na cidadezinha.

—Prontinho minha flor, está entregue.

—Obrigada por tudo viu seu Pedro pelo que faz pela minha filha. —mamãe agradeceu.

—Que isso dona Cristina, faço tudo por carinho a ela. Bom, deixe-me ir que ainda tem muita estrada por aí.

—Nem pensar que o senhor vai sair a essa hora nessa estrada. Fica aqui. Eu te dou o meu quarto e vou pra sala.

—Ah, deixe de coisa menina, não tem problema algum eu voltar para o Rio agora. Conheço essas estradas de trás pra frente, de frente pra trás. Não tem perigo não.

—Ahh não Pedroca, não arisco te perder. Fica por aqui que é melhor.

—Fica tranquila minha flor. Vamos fazer assim, eu vou e quando chegar lá eu te ligo avisando, pode ser?!

—Aí será?!

—Fica tranquila. Vai ficar tudo bem e eu vou chegar vivo, ok. Fica com Deus e aproveite esse final de semana. Quer que eu venha te buscar?

—Acho que não será necessário  Pedro, fique tranquilo. —mamãe respondeu por mim.

—Então tá bom. Mas se precisar, só me ligar que eu venho te buscar tá Juju. Aproveite aí. —me deu um beijo no rosto.

—Obrigada Pedroca. Cuidado nessa estrada ein. E não esquece de me ligar, preciso estar informada.

—Pode deixar. Ligarei. Tchau.

O Pedroca é uma espécie de segundo pai pra mim. Ele é taxista da família desde que eu estava na barriga da minha mãe. Então eu cresci com ele. Ele que fazia tudo comigo, quando meu pai não estava. Me levava no parquinho, ao cinema, ao shopping, tudo... E ele sempre foi assim, sempre disposto, sempre alegre, sempre pra cima e acho que é isso que dá essa luz pra ele.

Entramos pra casa e eu senti uma paz que não sentia há muito tempo. Aquela casa me trazia ótimas lembranças da minha infância. Era uma casa que era dos meus pais, mas quando eles se separaram, minha mãe escolheu aqui e o pai ficou com o de lá do Rio. E eu vivi momentos inesquecíveis aqui. Com a minha família, com o meu irmão, meus primos, enfim, momentos que vão ficar pra sempre na minha cabeça. E aquela paz era tudo que eu precisava.

—Agora me conta, o que está acontecendo? —mamãe sentou na cozinha, me puxou pra me assentar também e então comecei a contar toda a história.

Ela ouvia atentamente e não falou uma palavra sequer. Assentia algumas vezes com a cabeça, mas nenhuma palavra saiu da sua boca.

—E foi isso que aconteceu mãe...

—Bom minha filha, pelo que eu pude observar e entender é que agora quem está confusa é você, certo?! —assenti com a cabeça. —E que agora você percebeu que possa estar perdendo o homem da sua vida, certo?! —assenti novamente. —A única que coisa que eu posso te falar é: corre atrás do prejuízo minha filha. Eu sei que existem várias perguntas que estão sem resposta dentro da sua cabeça e principalmente dentro do seu coração, só que você nunca vai conseguir respondê-las ficando parada. É preciso se arriscar meu amor, porque é só assim que vamos descobrir as coisas. Eu sei que você está insegura, com medo e tudo mais, mas se você ama o Rodrigo de verdade, esses problemas vão se tornar minúsculos. —as palavras vieram como uma avalanche de água.

—Mas e as brigas que eu posso arrumar com o pai e com o Bernardo mãe? Isso é o que mais me dói... Em pensar que eles podem se virar contra mim por causa disso. —engoli a seco.

—Se você ama o Rodrigo de verdade, você passa por esses problemas rapidinho. Mas se você prefere continuar com medo, vai precisar aceitar a perda dele, vê- lo com essa garota ai, que você me contou e talvez até ser infeliz para o resto da vida. Seu pai e o Bernardo vão ter que aceitar a sua decisão, pois a vida é sua e não deles. Por algum acaso você dá "pitaco" na vida deles? —neguei. —Então pronto. Pare de se doer por uma coisa que você nem sabe se será assim. —Pegou na minha mão. —Filha, se arrisque, se abra a novas oportunidades, talvez você possa viver uma linda história com o Rodrigo e não sabe... vai estar jogando fora uma grande oportunidade por conta de medos e inseguranças que existem dentro de você. Eu sei que as coisas estão completamente embaralhadas aí dentro da sua cabecinha, mas fica calma, mamãe está aqui e vai te ajudar o que for preciso. —me abraçou e beijou minha cabeça.

Sim, eu estava confusa.
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Beijocas
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