Capítulo 6 - Gratidão

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    •Por Juliana

Eu acordei e parecia que minha cabeça iria explodir. Não me lembrava direito como havia parado na minha cama, mas quando olhei pro lado e vi Rodrigo todo espremido no meu sofázinho, acho que entendi.

O Rod é uma pessoa muito especial pra mim. Enquanto ele dormia, eu fiquei me lembrando dos momentos em que passamos juntos e que como era bom tê-lo do meu lado. Parecia que quando eu estava com ele, nada poderia me afetar. Eu me sentia completa, segura. E, eu não me lembrava direito sobre como tudo aconteceu naquela noite, mas me lembrava muito bem do beijo em que nós trocamos. Foi incrível. Nunca pensei que o Rod beijasse tão bem. Agora entendi porque ele sempre era o mais disputado entre as meninas antigamente. Além de gato, beijava bem. Só que tem um porém, ele é o melhor amigo do meu irmão e praticamente meu irmão, como eu poderia sentir tudo isso por um "irmão"? Eu sei que era errado, mas é que sei lá... É complicado.

Quando fui virar, para poder me acomodar direito, ele acordou. Fiquei meio sem graça, mas tentei disfarçar.

-Eai, como você ta? - Ele me perguntou.

-Tentando entender como que eu vim parar aqui no meu quarto. - rimos. -Ai!! - Reclamei.

-Que foi? - Ele se levantou do sofá.

-Minha cabeça dói muito.

-Tó, toma esse remédio. - Ele me deu um comprimido e um copo de água, que estavam em cima do meu criado-mudo.

-Pra que que é esse remédio?

-Pra curar essa ressaca. Vai, pode tomar.

-Ai que dor na minha garganta... e a minha boca ta com um gosto horrível. - reclamei quando o remédio desceu pela minha boca. Parecia que alguém havia arranhado toda a minha garganta, de tão dolorida que estava.

-Você vomitou muito ontem, é por isso. Fica tranquila que logo passa. - Ele fez um cafuné rápido no meu cabelo. -Bom, eu vou descer pra fazer café pra gente e ver se tem algum remédio pra garganta.

-Ok. Eu vou lavar o rosto e já desço.

Uma pausa pra tamanha fofura.

Eu fui até o banheiro do meu quarto, lavei o rosto, escovei os dentes, fiz minhas necessidades e desci para a cozinha.

-O café já está pronto! - Ele disse, quando me viu entrando na cozinha.

-Eu to precisando mesmo.

E como estava.

-Você está se sentindo melhor?

-Estou sim e eu queria também te agradecer pelo que fez por mim ontem. - Completei -Acho que eu nunca fui tão longe no quesito bebida e você não me desamparou, ficou comigo até... até... agora né.

Sim, eu estava nervosa. Ai, me deixa.

-Eu faria isso quantas vezes fosse necessário. - Ele me respondeu.

-Obrigada, de verdade. - Nós demos as mãos.

Nessa hora, começou a criar um clima no ar. Ele foi chegando mais perto de mim e algo aqui dentro queria provar, de novo , o gosto daquele beijo tão bom da noite passada. Quando estávamos prontos para nos beijarmos, a campainha tocou.

Dei um pulo pra trás, enquanto ele foi atender a porta. Meu coração estava acelerado. Será que era o meu pai ou meu irmão? Eles não podem nem sonhar com o que aconteceu ontem e hoje. Deus me livre. Seria uma confusão...

Graças a Deus não era nenhum dos dois, era só o entregador do remédio que o Rod tinha comprado.

-Eu procurei por um remédio de dor de garganta por aqui, mas não encontrei, então resolvi comprar um. Toma. - ele me entregou o remédio.

-Meu Deus, isso tudo por conta de alguns copos de vodka?

-Alguns dona Juliana? Tem certeza que foram alguns?

-Que eu me lembre sim. Só foram alguns...

-Pois então a senhorita está com a memória bastante fraca. Você passou de todos os limites possíveis ontem.

-Desculpa ter te dado trabalho. Mas vem cá, cadê o povo dessa casa? - tomei o remédio e fui guardar a água dentro da geladeira.

-Então, ontem eu tentei ligar pro Bernardo mas só dava caixa postal. Liguei pro seu pai pra saber se ele sabia da existência do Bernardo e ele me disse que não tinha a mínima ideia. Ele teve que ir pra São Paulo urgentemente, porque tinha uma reunião hoje de manhã.

-Nossa, sempre muito presentes esses dois... Acho que chegou o momento de eu morar sozinha, isso sim.

-Também não é pra tanto né Ju.

-É sim, pra eles eu não faço diferença alguma.

-Não fala assim, esses tipos de coisa acontecem em todas as famílias. Eles se importam sim com você...

-Se eles se importassem, estavam aqui no seu lugar. Cuidariam de mim como você fez. Mas não, estão cada um pra um lado e dane-se o resto.

Eu, meu pai e meu irmão nunca fomos tão próximos, mas nunca pensei que eles fariam algo desse tipo comigo. Eu estava me sentindo trocada, essa é era a verdade.

Só que Deus sabe o que faz e coloca as pessoas certas e na hora certa na nossa vida. O Rodrigo era essa pessoa.

Quando uma lágrima caiu do meu rosto, ele me abraçou e então eu desabei a chorar.

Eu tenho várias coisas guardadas dentro de mim sobre o meu pai e sobre o meu irmão. Coisas essas, que me maltratam muito internamente, eu confesso, mas que eu estou guardando pra hora certa. E durante todo esse tempo eu estou aguentando, mas vai ter uma hora que a bomba vai explodir e eu nem quero estar perto pra ver o estrago que vai fazer.
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Eita, olha o clima...
Ai que dózinha que deu da Ju né.
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Beijocas
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