Capítulo 52 - O dia do Processo

385 20 4
                                    

    •Por Juliana

Pois é, a coisa estava feia. O dia do processo de pedido da guarda da Lelê estava chegando e o Rodrigo se desesperava a cada dia. Nós decidimos e achamos melhor contar pra Lelê o que realmente estava acontecendo. Foi difícil, mas falamos.

Bom, o dia tão esperado chegou. Nós chegávamos a suar frio. Rodrigo então, nem se fala. Na madrugada daquele dia só sabia chorar, mais nada.

—Amor me fala, como é que eu vou viver sem a Lelê comigo? Eu não posso ficar longe da minha pequena... —as lágrimas jorravam no seu olho.

—Calma amor, vai dar tudo certo. Confia!! —abracei ele.

Graças a Deus todo aquele desespero durante a madrugada passou. Tentamos ao máximo nos tranquilizar.

Entramos no local onde aconteceria tudo e claro, nervosismo a mil. Nosso advogado conversou um pouco com o Rodrigo, o que o fez ficar mais tranquilo.

Bom, o processo começou e várias coisas foram ditas. O advogado da família falou dos direitos da família de ficar com a menina; o nosso advogado também falou da mínima importância que eles davam à ela; e assim foram dando continuidade no processo. Antes da decisão final, o juiz deu um tempo para poder pensar melhor, o que nos deixou muito nervosos.

Lelê, que estava sentada em uma cadeira especial, não entendia nada.
—Eu só quero ficar com você. —Era o que ela falava para o Rod.

Minutos passados e o juiz voltou. Rodrigo apenas cruzou suas mãos nas minhas, a qual estava completamente molhada de suor.

—Bom, cada um deu o seu parecer, o seu ponto de vista sobre a criança, tanto da família, quanto de Rodrigo, e a decisão foi: a criança vai passar o seu período de férias, o mês de Julho, com a sua família. Vamos mandar alguns do conselho tutelar para observar como será esse tempo em que ela ficará lá. Após esse tempo com a família, retornaremos aqui para decidir quem fica com a guarda da criança.

Aquilo foi um choque pra gente. Deixar a Lelê por, praticamente, um mês na casa deles, era desesperador para o Rodrigo

—Como assim, um mês? —Rodrigo questionou. —E nas férias?

—Foi uma boa decisão Rodrigo. —Peixoto falou. —Sinceramente, o discurso que a família deles deu foi bastante tocante para o Juiz. Dar a desculpa da morte de Fernanda foi o principal para eles tentarem emocionar o juiz. Mas ele agiu com sabedoria e fez isso.

—Poxa, só porque em Julho eu ia fazer uma viagem pra nos três...

—Usa esse tempo pra passar mais tempo com sua namorada, sua família. É só durante as férias, depois ela volta.

—ou não né... Mas deixa isso pra lá, pelo menos não foi coisa pior. —ele suspirou.

—Papai, papai... —Lelê gritou.

—Pare de chamá-lo assim Leticia, ele não é seu pai. Seu pai morreu. Você só tem a nós de sua família. — Fábia, irmã da mãe da Lelê, disse.

—Se ele cuida de mim, ele é meu pai sim. —Ela estufou o peito e foi ao encontro do Rod.

—Oh meu bem, não ligue para o que ela fala. —fez carinho nos seus cabelos.

—o que foi decidido papai? Eu não entendi nada do que aquele moço disse.

—Vamos pra casa amorzinho, lá eu te explico.

As pessoas que estavam ali foram se dispersando e nós seguimos caminho para casa. Rodrigo pediu comida japonesa, pois era o preferido da Lelê. Logo a comida chegou e quando estávamos na mesa ela começou com o questionário dela.

—e então papai, o que foi decidido lá? O senhor falou que iria me contar quando chegássemos em casa. Já estamos aqui, pode falar.

—Vamos comer primeiro filha. Mesa não é lugar de se falar dessas coisas.

—Tá bom então.

Por incrível que pareça, comemos no melhor clima. Lelê encheu a barriga de hot roll e sushi que nem aguentava mais.

Eu e Rodrigo também comemos bastante e depois deitamos na cama dele, com a Lelê no meio, claro!

—Será que agora a gente pode conversar ou a cama também não é lugar pra se conversar?! —ela perguntou, o que nos fez cair na risada.

—Não filhota, aqui da pra conversar. Sente-se aqui porque essa conversa é de adulto para adulto.

—Tá bom papai, pode falar que eu já sou adulta.

—É o seguinte filha, você sabe que nós estávamos lá pra decidir quem iria ficar com você, não sabe?! —ela assentiu com a cabeça. —então e, você lembra que tinha um homem sério sentado numa cadeira lá em cima?

—Lembro.

—Então, ele é o que decide com quem você irá ficar. —ele explicou.

—Mas porque um qualquer precisa decidir isso? Pelo que eu saiba ele não conhece nenhum de nós.

Claro que ela questionou tudo o que podia e o que não podia né, afinal ela é a Lelê. Quando se acabaram todas as explicações e todos os questionamentos da pequena, ele contou o que iria acontecer.

—Então, e você vai passar as suas férias lá com a sua família. E a partir do que acontecer lá, que o juiz vai decidir com quem você vai ficar.

—Mas eu não quero ir pra lá, eu quero ficar com vocês. —disse e começou a chorar.
----------------------------------------------
Beijocas,
Mymy

ComplicaçõesOnde histórias criam vida. Descubra agora