Capítulo 39 - Nunca Existiu Nada

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      •Por Juliana

Ver o carro do Rodrigo saindo da garagem de casa era como ver os seus planos indo por água a baixo.
Eu sei que eu tinha mancado muito com ele, só que a minha ficha caiu e eu vi que é ele quem vai me fazer feliz.

Entrei, não quis muito papo com a minha mãe, e logo subi para o meu quarto. Só precisava de um banho e da minha cama.

Durante o banho, passava um filme na minha cabeça sobre tudo que eu e o Rod já havíamos vivido, mas as últimas falas dele não saiam da minha mente.

"Juliana, desculpa, mas eu não quero saber de mais nada. Eu já entendi o seu ponto de vista, e agora quem não quer mais nada sou eu. [...] Não tem o que conversar. Tudo que aconteceu entre a gente já é página virada na minha vida e eu espero muito que você vire a sua também."

Palavras que doeram muito dentro do meu coração, mas que eu acho que tinham total razão.

—Você virou essa página? —pensei. —Ótimo. Pra mim você também é página virada.

Limpei os rastros das lágrimas que estavam no meu rosto e sai do banho. Coloquei meu pijama e fui dormir.

De repente, meu celular começou a tocar. Não atendi claro. Virei para o lado e voltei a dormir.

Novamente ele toca e eu novamente viro para o lado e continuei a dormir.

Ele ficou assim por mais de quinze vezes e então eu decidi atender. Nem olhei quem era, só queria que aquela música parasse de tocar.

—Alô?! —Disse meio zonza.

—Ju?

—Quem é? —estranhei.

—Você não olhou o nome do contato antes de atender não?!

Tirei o telefone da orelha e olhei o nome. Era Yanna.

—Fala Vaca...

—Vaca?

—Ué você me pediu pra olhar o nome do contato...

—Aí sua ridícula!!

—Fala logo o que você quer...

—Nossa, delicadeza mandou lembranças tá, querida.

—Primeira coisa: eu estava dormindo. Você já viu alguém ser delicado quando acorda?

—Sim! O Bruno é delicado quando acorda.

—Segunda coisa: Você foi a responsável por fazer o meu celular  tocar mais de quinze vezes. Você já viu alguém ficar feliz ao ouvir o seu telefone tocar tanto, a ponto de você passar a odiar a sua música preferida, por tantas vezes que ela foi tocada?

Ela não respondeu.

—Viu... Eu tenho razão.

—Tá, nessa você tem razão, mas na parte da delicadeza não.

—Você me ligou pra me falar alguma coisa importante ou só pra ficar me alugando mesmo? Não, porque eu realmente preciso dormir...

—Ah precisa é?! Pra que?

—Pra afogar as minhas mágoas.

—O que aconteceu?

—Melhor não comentar.

—Começou agora termina Juliana.

—Não. Prefiro voltar para o meu lindo sono. Beijo, depois eu te ligo.

Desliguei a ligação, desliguei o celular, virei pro lado e voltei a dormir. Acordei só no outro dia, quando o despertador me trouxe para a realidade.

Parecia que a minha cama me chamava e o meu corpo necessitava dela. Mas eu não podia. Tinha estágio e não dava pra faltar. Coloquei a roupa apropriada, fiz minha higiene matinal e fui para o estágio.

Chegando lá, logo encontrei com a Yanna.

—Eai vaquinha da minha vida!! Como você está? —dei-lhe um beijo no rosto.

—Oi falsiane, estou bem e você? —me retribuiu o beijo.

—Merecia mais tempo na cama, mas de tarde eu continuo.

—Dormiu bem? —Sorriu irônica.

—Você ainda me paga. —ela me mostrou a língua. —Aguarde que a vingança será maligna.

Começou o estágio e nós começamos a fazer alguns testes na nossa paciente. Dona Emília. Era um amor de pessoa.

—Tá doendo aqui dona Emília? —forcei com os dedos nas suas costas.

—Um pouco mais pra baixo minha filha. —disse lindamente.

—Aqui? —desci os dedos.

—Isso. Aí mesmo.

Minutos depois, a curiosa da Yanna já veio puxar papo.

—Ei, que mágoas são aquelas que você falou ontem? O que aconteceu?

—Não aconteceu nada...

—Se não tivesse acontecido você não estava querendo tanto dormir. Você nunca foi assim. Me fala! Já sei, tem dedo do Rod nisso né... O que aconteceu com vocês dois? —ela perguntou, enquanto anotava algumas coisas que eu lhe dizia sobre dona Emília.

—Não existe nós dois. Não existe eu e Rodrigo. Apaga isso da sua mente. Página virada já...

—Aí meu Deus. Sério você e o Rodrigo podem ganhar o Oscar como o Casal Enrolação, porque fala sério cara!! Né dona Emília! —comentou.

—Qual o problema minha filha? —ela perguntou.

—Coisa da cabeça dessa doida dona Emília. Não dê ouvidos à ela. —encarei Yanna, pedindo pra que ela não comentasse nada.

—Eu já desisti. —Yanna falou.

Que bom que ela não abriu o bico. Gosto muito da dona Emília, mas não queria expor a minha vida pra ninguém.

—Está tudo bem por aqui meninas?—minha professora perguntou.

—Tudo ótimo prof. —Respondi.

—Que bom!

Estágio terminado. Finalmente mais um dia concluído. Yanna me pediu carona até a sua casa e eu lhe dei.

—Será que você pode me explicar o que aconteceu ontem? —ela insistiu no assunto.

—Ya, por favor, o Rod já é passado pra mim. Não insista neste assunto que não está me fazendo nada bem. Já é passado. Já passou. É página virada. Então esquece esse assunto, tá. Deleta da sua cabeça.

Ela nem respondeu. Mudamos de assunto durante o caminho da sua casa e logo chegamos. Graças a Deus o trânsito estava totalmente ótimo naquele dia, então cheguei rapidinho em casa.

—Ufa, cheguei família! —eu disse assim que abri a porta.

—Oi filhota. Só estou eu aqui. Bernardo saiu ontem. Disse que iria voltar, mas até agora nada.

—Deve ter se atracado com alguma garota por aí e acabou dormindo fora. —joguei minha bolsa no sofá e fui para o meu quarto. Troquei de roupa e fui almoçar.

—Vem cá, você não quer me contar o que aconteceu ontem na sua conversa com o Rod?

—Mãe, com todo o respeito do mundo, eu lhe peço para que não toque mais nesse assunto. Não existe eu e Rodrigo. Nunca existiu. Então esquece, deleta, apaga da sua memória a chance de nós ficarmos juntos.

—Mas filha...

—Mãe, por favor. Não quero mais tocar nesse assunto. Combinado?

—Tá bom, você que sabe.
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Desculpem a demora!
Beijocas
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