Capítulo 7 - Vai embora, por favor!

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     •Por Juliana

As vezes, nos perguntamos como as coisas podem acontecer daquela forma. As vezes questionamos a nós mesmos e não entendemos o propósito de certas coisas. Hoje podemos não entender, mas quem sabe amanhã.

O horário de almoço chegou e nós precisávamos resolver se iríamos comprar a comida ou cozinha-lá. Eu era a favor de cozinhar, mas o Rod queria de todas as formas comprar. E que comece a discussão...

-Rod, não precisa comprar, vamos cozinhar mesmo. Sai mais barato e se duvidar mais rápido.

-Claro que não Ju, vamos comprar. Você ainda não está totalmente recuperada, é melhor não inventar moda.

-Claro que não, eu estou muito bem tá meu querido e a gente vai cozinhar sim senhor, nada de ficar gastando dinheiro. Pra que gastar, quando se pode fazer? Guarda esse dinheiro pra você.

-Ok, você venceu. Mas deixa que eu faço.

-Claro que não. Rod isso é apenas uma ressaca, não uma doença que eu tenha que ficar 24 horas na cama.

-Então faz assim, eu faço o arroz, o feijão e a carne e você fica com a sobremesa, ta bom assim?- Ele me disse.

-Não, deixa que eu faço o arroz, o feijão e a carne e você faz a sobremesa.

-Quanta teimosia Juliana! -Ele bateu os pés.

-Teimosia nada, bom senso. Faz assim, eu faço o arroz e o feijão e você faz a carne e a sobremesa.

-Ta bom!! -Ele se rendeu.

Depois de muito brigar, o almoço ficou pronto. Arroz, feijão, costela e de sobremesa: brigadeiro. Hummmmmm... Adoro.
Só de olhar aquela mesa, acho que eu ja engordei uns 10 kilos.

Estava muito bom. Podíamos entrar pro Masterchef já.

Depois que comemos, ele foi lavar a louça. Já vou deixar bem claro aqui que não fui eu quem o mandei lavar, ele foi de livre e espontânea pressão; mas foi. Brincadeira, ele que quis mesmo... Sério. Eu também achei estranho, mas melhor não contrariar né, vai que ele muda de ideia.

Ligamos o Netflix na sala de TV e começamos a assistir um filme que ele gostava muito; eu aceitei né, até porque o coitado já tinha lavado a louça pra mim, exigir algo na TV já era demais.

Netflix ligado, brigadeiro e pipoca em mãos. Mais 10 kg engordados. E laia.

Ficamos assistindo o filme e até que era legal. Se passava no México e falava de um homem que, quando vivo, emprestava dinheiro das pessoas, e por não conseguir pagar a elas, matava-as Todo mundo tinha raiva dele. Ele devia pra todos. Todo mundo perseguia ele para tentar mata-lo. Só que dai ele mesmo se matou, e as pessoas que estavam atrás dele, começaram a perseguir a mulher dele, pra ela pagar toda a dívida que o marido havia deixado.
É meio confuso, mas é muito louco.

Tinha horas que apareciam vários corpos no chão, todo ensanguentado, cheio de bicho e eu odiava ver tudo aquilo. Sempre que aparecia, eu fechava os olhos e me abraçava no Rod, e ele só ria da minha cara. Sem graça.

Só que tinha um porém, antes do homem se matar, ele deixou uma carta para sua mulher dizendo pra ela fugir dali e ir embora pra outro país. Ela ficou sabendo da morte do marido e depois recebeu essa carta. Ela não entendeu nada, mas fez o que o marido mandou.

Pau mandado, já não gostei.

Mas voltando, ela foi embora pra Inglaterra e acabou conhecendo um Mexicano por lá. Se apaixonou pelo cara, se casou e teve uma filha com ele. Só que ele era um dos capangas dos caras que queriam matar o seu ex-marido.
O chefe do cara ligou pra ele e disse que a mulher que eles precisavam matar estava por lá. Era pra ele pesquisar sobre ela e que se achasse a moça, era para mata-la.

Nunca que ele imaginaria que essa moça seria sua atual mulher; assim como ela nunca imaginaria que o seu atual marido, seria um dos capangas do cara que queria matar o seu ex-marido.

No final, o cara descobriu que a moça que eles tanto procuravam, era sua esposa. Seu chefe disse para mata-la. Ou ele a matava ou ele morreria.
E ele escolheu morrer por amor a sua esposa.

Concluindo, ele a amava tanto, que preferiu a morte, do que matar a ela.

É claro que eu terminei de assistir o filme e estava me derramando em lágrimas. Quem não choraria?

-Caraca, que filme. -Limpei as lágrimas que haviam caído pelo meu rosto.

-Isso é o verdadeiro amor.

-Verdade. Se sacrificar por amor.

Ele foi chegando mais perto de mim e eu fui me aproximando também. Até que unimos os nossos lábios. Pareciam que fogos de artifício saiam da minha boca. Era um gosto de felicidade, de realização, um gosto de mel. Nunca havia me sentido assim. Quer dizer, só na noite passada quando trocamos aquele outro beijo. E se eu posso dizer, foram os melhores de toda a minha vida.

O beijo foi se intensificando. Levei as minhas mãos entre o pescoço e o cabelo dele, enquanto ele envolveu a minha cintura de uma forma maravilhosa. Parecia que ele sabia direitinho o que fazer e quando fazer.

Até que o ar se fez necessário e nós fomos nos separando e dando vários selinhos. Quando abrimos os olhos, eu percebi um jeito diferente nele. Estranhei.

-O que foi Rod? Que cara é essa?

-A gente não pode Ju. -Ele se levantou.

-Como assim? Não entendi. O que a gente não pode?

-A gente não pode ficar junto. Ta errado.

-O que está errado? -Perguntei.

-Tudo Juliana, tudo. A gente não pode. Isso não pode mais acontecer. -Ele se movia de um lado para o outro.

-Mas qual o problema Rod?

-O seu irmão me mataria se soubesse que temos algum caso.

-Mas o que ele falou pra você?

-Que não quer nenhum amigo dando em cima da irmã dele. Ele sempre fala isso pra mim e pra todos os moleques. É melhor a gente parar por aqui e evitarmos algum sentimento antes que seja tarde demais.

-Rod a gente acabou de assistir esse filme que diz que se é amor de verdade, vale todo o sacrifício.

-Não Ju, ta errado. A gente não pode. Esquece tudo o que aconteceu ontem e hoje e vamos continuar como estávamos antes.

-É assim que você quer? Você tem certeza? -Perguntei.

-É o que deve ser feito. Infelizmente, querer não é poder.

-Tudo bem. Eu também não quero um homem covarde comigo. Quero alguém que esteja do meu lado, seja qual for a circunstância. Quero alguém que me ame de verdade, não um que tenha medo do que o meu irmão possa fazer.

-Eu não disse isso...

-Mas pensou. Já deu Rodrigo, vai embora da minha casa por favor. -abri a porta pra ele sair.

-Tenta me entender Ju. -Ele disse quando já estava na porta de casa.

-Vai embora, por favor!

Foi a única coisa que eu consegui falar.
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Não me matem por favor!
Beijocas
My.

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