As Voltas Que A Vida Dá

Capítulo 1

Acordei em uma segunda feira de manhã, extremamente feliz e animada, algo raro para mim.

O motivo: meu primeiro dia na faculdade. Não foi fácil chegar aonde cheguei, muitos meses estudando sem parar, muitas festinhas e baladas negadas, e quase 6 meses sem sair de casa.

Tudo em prol do meu sonho, a faculdade de direito. Sabia que não era fácil entrar na mais prestigiada de Sullivan, minha cidade natal.

Então se eu quisesse ter uma pequena chance, eu deveria estudar, e também abrir mão de coisas que distraissem minha mente, como homens e internet. Não necessariamente nessa ordem.

Além de ser a mais linda e prestigiada, também não era barata, pra você ter uma idéia ela funcionava em em castelo medieval, um patrimônio histórico que foi fundado a centenas de anos atrás.

Aonde um ricaço chamado Viltonn Sullivan, comprou e resolveu transformar o seu castelo em uma unidade escolar prestigiada.

Viltonn era da linhagem real, seu tatatataravó Collin Sullivan, foi o fundador de nossa pequena cidade que levava seu sobrenome. Ao qual transformou- se em rei daquela cidade até então deserta.

Porém graça aos Sullivan, nossa cidade se tranformou em um grande centro. Que reúne tecnologia e história, tudo num só lugar.

Portanto a carga de estudar na faculdade de Sullivan era grande, as pessoas vinham de longe para conseguir esse feito. E eu o queria para mim.

Até os príncipes de Sullivan estudavam lá, e os coitadinhos só tinham 12 anos. Kelvin e Dionn foram preparados desde que nasceram para herdar o trono dos pais. E eles já cursavam faculdade, como se fossem grandes gênios, o que eu duvido muito.

Portanto eu precisava me destacar, entrar foi difícil mais eu sabia que se manter lá, seria pior.

Por inúmeros motivos, por exemplo, eles eram ricos e eu não, eram populares e eu não.
Enfim era uma pessoa comum.

Sabia que seria assim desde o primeiro dia que tentei uma bolsa parcial de estudos lá, matar um leão por dia essa é a regra, até eu me formar.

Me levantei da cama já arrumando o meu edredon florido sobre ela, recolhi algumas roupas espalhadas no chão e corri pro banheiro.

Não queria deixar nenhuma bagunça no meu quarto, porque agora só voltaria para casa a noite. Tomei um longo banho de 15 min. Não podiamos dar o luxo de desperdiçar água em Sullivan,
Aonde os nobres usavam mais de 60% de todo abastecimento de água da cidade e apenas 20% era repassado a população, e os outros 20% abasteciam os mercados e comércios, que também pertenciam aos nobres.

Coloquei uma calça jeans azul escura, uma blusinha florida e sandálias baixas. Soltei meu cabelo longo, e nada de maquiagem, não queria parecer uma palhaça logo de manhã. Já que esse não era meu forte.

Quando eu era criança nunca gostei de coisas de meninas, enquanto as meninas queriam fantasias de princesas, eu gostava de me vestir de heróis. Achava muito mais interessante ser um herói que salva uma cidade, do que uma princesa que não faz nada.

Desci do meu quarto até a cozinha, aonde eu pude ver a silhueta do meu grande amor já cozinhando algo maravilhoso no fogão. Meu pai Selin.

Meu pai sempre foi tudo para mim, a minha grande inspiração para tudo na vida, me criou sozinho, com dificuldades e lutas. Mais nunca deixou de me passar bons valores.

-Bom dia paizinho.
Cheguei por de trás dele e beijei seu rosto, ele estava preparando mingau de aveia e salada de frutas, algo típico no nosso café da manhã.

- Bom dia querida! Senta e se alimente bem, porque hoje é o seu dia.
Meu pai me serviu a tigela de mingau e depois picou muitas frutas em cima. Derramei um pouco de mel, e tomei com um copo de suco de laranja.

-Com certeza! Não precisa me lembrar de comer, isso eu nunca esqueço.

-Isso é verdade! Não sei como é magra assim.
Meu pai falou se sentando ao meu lado e comendo as mesmas coisas que eu. Sim sofria de uma doença chamada: como de tudo, e não engordo.

Que em partes é bom, quando você pode comer realmente sem se preocupar, porém quando você sofre bulling na escola, por sempre pesar 34 kg. Aí é péssimo.

Após terminar meu café, peguei meus primeiros livros de direito, e desci até a oficina de meu pai. Que ficava no térreo do nosso apartamento em um conjunto de lojas alugadas.

-Bom dia Estefânia! .

-Bom dia, pronta pro primeiro dia de aula? Estefânia me perguntou com sua alegria sempre contagiante, ela trabalhava na oficina de papai, cuidava da parte administrativa, já que meu pai odiava mexer com contas, ele sempre dizia que o seu forte era serviços braçais, e que pensar ele deixava pra mim.

-Acho que sim.. estou nervosa..
Não acredito que vou estudar na Sullivan. Falei dando um gritinho animado, e Estefânia sorriu com minha animação exagerada.

-Vamos logo filha... ouvi meu pai gritando de dentro da caminhonete, meu primeiro dia de aula, e eu não queria chegar atrasada. Então vamos lá!

No caminho até a Sullivan, meu pai foi me dando instruções de como me portar, tipo: "não esqueça suas raízes" ou " você está indo lá para estudar". Como se meu pai temesse que algo ao contrário disso fosse acontecer.

Eu tinha plena certeza, que meu lugar era ali. Parada em frente aos grandes portões medievais da faculdade, fiquei emocionada ao ver tanta beleza em um só lugar, o belo jardim com flores campestres e orquídeas brancas, os gramados muito verdinhos e bem cortados, os arbustos modelados com o símbolo da Sullivan. Tudo perfeito , poderia ficar ali o dia inteiro só admirando a beleza daquele lugar.

Enquanto estava parada em frente a Sullivan, coloquei minha mochila nas costas e meus livros pesados em meus braços e entrei com o pé direito.

- É pra dar sorte! Sussurrei para mim mesmo, minha vida iria mudar naquele momento.

"O primeiro dia do resto da minha vida"