O dia chegou muito devagar, passei a noite em claro novamente, apenas chorando e acompanhando as notícias que o médico nos dava, eles já haviam arrumado tudo para leva-lo de ambulância até a Província Central, aonde havia mais recursos para fazer a biópsia.
Logo de manhã resolvi ver meu pai, que havia dormido a noite inteira a poder de remédios.
Entrei na sala, aonde ele estava e dormia calmamente.
Cheguei e coloquei a mão sobre a sua, e ele sentindo meu toque acordou...-Oi querida... falou baixo, quase não saindo sua voz.
-Oi pai... está melhor? Perguntei. os médicos passaram a noite o medicando, por causa de dores na cabeça e no corpo, e depois deram um calmante para ele dormir.
-Estou como novo... falou rindo. Dei um sorriso de lado, porque sabia que aquilo não era verdade.
-Quando vão me deixar sair? Ele me perguntou... e engoli em seco, ninguém havia contado nada a ele, deixaram a parte difícil para mim...-Pai você ... Falei tentando encaixar as palavras com cuidado. -Você vai ter que ir para a província, fazer uns exames lá.
Falei finalmente. Meu pai me olhou assustado e ouvimos a porta se abrindo e era o médico que estava cuidando dele.
-Bom dia... falou feliz... só não sabia o porque de tanta felicidade, porque pra mim, meu dia, não minha semana, não meu ano, estava sendo péssimo.
-Sr. Selin, está tudo pronta para o senhor ir até a província. Falou finalmente.
-Mais o que está acontecendo comigo? Meu pai perguntou sem entender nada.
O médico e explicou tudo a ele, sobre o tumor e a biópsia, meu pai sorria, como se aquilo fosse os maiores dos absurdos, mais acho que no fundo ele estava muito nervoso. Assim que o médico terminou de falar, ele me olhou, e segurei sua mão.
-Vai ficar tudo bem pai... Falei sorrindo e ele sorriu de volta. Mais seu olhar era triste e derrotado, na verdade o meu também era.
Fomos de ambulância para a província, Ian foi dirigindo atrás de nós, e Pitty foi com ele no carro, demorou umas 2 horas pra chegarmos lá, e assim que paramos a ambulância tiraram o meu pai as pressas, e o levaram para dentro.
Esperamos na sala da clínica , por longas horas que não passavam, eu Ian e Pitty... eu já não tinha mais forças, estava sem dormir e sem comer, porém não sentia sono nem fome, apenas fraqueza, era o sinal que meu corpo estava pedindo descanso.
Porém me recusei a obedece-lo, tomei várias xícaras de café e me obriguei a ficar de pé.Já era de tarde, quando o Ian trouxe para mim, um prato de comida, me obrigando a dar umas colheradas, comi com muito sacrifício e larguei o prato logo, assim que eu vi quem estava chegando por lá.
Uma comitiva de guardas vestidos de preto, entraram primeiro, e depois vi o pai do Ian, e aquela mulher que se dizia mãe. .. ela entrou na frente, olhando para todos os lados, e quando me viu, veio em minha direção e me abraçou apertado.
Não correspondi o abraço, fiquei com meus braços abaixados, e vi de relance Ian pegando uma menininha no colo.
-Querida, como você está? Perguntou desfazendo o abraço e me olhando de frente.
-O que está fazendo aqui? Perguntei seca.
-Eu fiquei sabendo do seu pai, e vim ajudar... falou.
-Poderia ajudar não vindo aqui... afastei seus braços do meu, e ela me olhou com tristeza...
-Por favor Bel, não me trata assim, eu só quero te ajudar.
-Não pedi sua ajuda... Falei bem grossa, mais me arrependi depois quando ela saiu chorando, e a garotinha que estava no colo do ian desceu e foi atrás dela gritando mamãe. .. eu ainda não conhecia a minha meia irmã, mais fiquei triste por faze-la ficar triste.
Logo o médico apareceu na porta e trouxe as notícias que esperamos o dia inteiro.-E então já saiu os resultados? Ignorei tudo ao meu lado, e corri para perto do médico.
-Eu sinto muito, mais o tumor é maligno, ele já afetou grande parte do cérebro, e seria impossível retira-lo. O médico falou...
Naquela hora foi como se eu não estivesse ali, voltei no passado para quando eu tinha seis anos, e cai de bicicleta e machuquei meu joelho. entrei dentro de casa aos prantos, e lembro que meu pai me pegou com todo carinho, e me colocou no seu colo, me fazendo dormir, e esquecer toda a dor.
Meu pai, o meu herói, que me criou sozinho, que me deu tudo que estava ao seu alcance, esse homem maravilhoso, agora seria derrotado por um tumor? Eu me recusei a acreditar, me sentei no sofá estática, e coloquei as mãos na cabeça e comecei a chorar baixinho, e depois aumentando, cada vez que uma imagem do meu pai se passava na minha cabeça.
-Não há nada que possamos fazer? Ouvi a voz do pai do Ian perguntando ao médico.
-Não há! Ah não ser ele aproveitar os últimos momentos que ainda lhe restam. .. O médico falou secamente.
-Pai podemos leva-lo para outro país, com mais recursos, quem sabe eles não consigam algo. Ian falou ao seu pai...
-Não adiantaria, a única coisa que iria conseguir é dar falsas esperanças ao paciente. O médico falou..
-E quanto tempo ele ainda tem de vida? O pai do Ian perguntou.
-No máximo 1 mês. . Na hora que ouvi aquilo me levantei com tudo do sofá e fui na direção do médico.
-Não pelo amor de Deus, meu pai não. Salva ele por favor... Salva meu paizinho...
Ian tentou me pegar, porque eu estava batendo no médico, e me joguei no chão em desespero, chorando muito..
Senti alguém me abraçando e vi que era minha mãe. . E desabei em seu abraço, nunca na minha vida eu iria aceitar toda essa injustiça...-Meu pai não. .. por favor Deus... Meu pai não. .. era só o que eu conseguia gritar sufocada pelo abraço dela.
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As Voltas Que A Vida Dá
Storie d'amoreBélgica Abranches é uma menina pobre e sonhadora, que sempre luta por um destino melhor. Quando seu maior sonho se realiza, estudar advocacia, na melhor univerdade de sua cidade, Bélgica conhece Ian, um homem cheio de mistérios e segredos. Mais ao...