Capítulo 32

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Finn me levou até um lugar um pouco mais afastado de onde todos estavam, dava para ver todo mundo, e ainda conseguíamos ouvir as vozes um do outro.
Me indicou um pequeno toco de madeira, aonde eu sentei e ele puxou um outro e se sentou na minha frente.

-Gostaria de beber alguma coisa, senhorita? Perguntou e fiz que não com a cabeça, estava com medo de ingerir qualquer coisa vinda de um lugar como aquele, porém meu estômago me denunciou, dando um ronco tão alto que mesmo com a música podia se ouvir.
Ele riu balançando a cabeça, se levantou e pegou um sanduíche com muita carne dentro e uma taça com vinho tinto.

-E nem pense em recusar, sei que está com fome. Falou me entregando, peguei e deu um sorriso tímido, eu realmente estava faminta, mais meu estômago também não precisava me denunciar assim.. comecei a comer com um pouco de receio, mais depois descobri que aquilo tinha um sabor muito bom...
Olhei para Finn que me observava enquanto comia, fiquei sem graça e larguei o pão de lado, fingindo que já estava satisfeita.

-E então porque veio? Sentiu tanta saudades, que não podia nem tirar a camisola primeiro. Falou dando um sorrisinho irônico. Olhei para mim, e percebi que eu ainda estava com roupa de dormir, no meio daquela confusão, não me lembrei de trocar de roupa. Ele se levantou tirando o casaco e colocando em cima de mim, aceitei de bom grado, porque além de eu estar com roupas inapropriadas para aquela ocasião, eu estava com muito frio.

-Finn, eu vim para conversar algo muito sério. Falei querendo encurtar a conversa. Ele largou a taça de vinho no chão e se aproximou mais de mim, para me escutar melhor.

-Como você viu, Ian não gostou do que você fez, e por eu estar com você naquele escritório, tenho receio que acabe sobrando para mim. Portanto quero que assuma o que você fez, e me tire do meio dessa história.
Falei quase lhe passando uma ordem.
Ele abaixou a cabeça sorrindo e depois me encarou, franzi a testa sem entender qual era o motivo da graça?

-Não se preocupe com isso. Ian agora está medo, logo ele vai perceber que assim é melhor pra todo mundo.

-Não é isso que me preocupa Finn, mais o fato de ele achar que sou sua cúmplice. E eu não tive nada a ver com isso.

-O Ian, está tão enfurecido por se tornar o novo rei, que ele não percebe nada na sua frente. Como ele pode não confiar em uma princesa como você? Deveria saber que você nunca se misturaria com gente como nós.

-Você não é como eles. Você também é nobre, embora finja que não.

-Não fala isso novamente, aqui ninguém sabe que sou filho do rei. Quer dizer do ex rei. Falou e se levantou dando as costas para mim, e enchendo sua taça de vinho.

-Porque está fazendo isso? Também tem medo da coroa? Falei e ele parou o que estava fazendo e ficou sério, sua expressão mudou completamente e vi que não gostara do que eu falei.

-Fiz porque é o certo a se fazer... ao contrário do Ian, eu prezo pelo o que certo. Respondeu sério.

-Você preza pelo o que é certo? E acha certo invadir o Palácio, e deixar pessoas presas nos calabouços por horas sem comida ou água, Só pra você impor a sua ideologia? Falei me levantando e indo em sua direção, aproximando bem perto dele.

-Não é apenas uma ideologia... mais sim, fazer algo pelo povo. Você acha que se eu não soubesse que o meu pai era um péssimo rei , eu o Faria dessa maneira? Você quer falar de fome? Sabe quantas pessoas eu vejo morrer de fome por dia? Várias. .. não acho que ficar presa algumas horas no Palácio seja um grande sacrifício, perto de uma mãe que perdeu seu terceiro filho, porque não tinha nada para lhe dar de comer, tudo por culpa de um rei mesquinho e egoísta. E pra mim quem ignora tudo isso, e tão ruim quanto ele.

As Voltas Que A Vida DáOnde histórias criam vida. Descubra agora