Capítulo 15

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Ian pegou minha mão e saímos correndo em direção a porta, que não estava muito longe de nós, ele me puxou pra direção oposta a tenda, só que do lado de fora.

-Vamos pro carro.

Chegamos no carro e Ian destravou os alarmes e entramos. Ele procurou as chaves no bolso e ligou o carro nos tirando dali.

De longe vi pessoas correndo, e ouvi barulhos de tiros. Me assustei com os últimos, e me lembrei de Alfie, tomara que tenha conseguido sair dali.

-O que está acontecendo Ian?
Perguntei apavorada, minha pernas e mãos tremiam.

-Eu não sei.. Mais fica tranqüila, vou te tirar daqui, Vamos pro hotel, vai ficar tudo bem..

Ian pegou o telefone em seu bolso e discou algum número rápido.
-Pai? Ian falou e logo foi interrompido pelos meus gritos.

Havia um homem armado, sentado na parte de trás dos bancos, Ian parou o carro bruscamente e olhou para trás, constatando a cena que eu havia visto antes.

-Dirigi agora... O homem falou com uma voz grossa e sua arma estava o tempo todo apontada para mim. Ele estava todo encapuzado e de preto.

Ian obedeceu em silêncio, e continuamos a seguir o caminho de volta para Sullivan.

-O que você quer? Perguntou, olhando o homem pelo retrovisor do carro.

-Quero que me leve ao palácio. Respondeu... Eles estavam tramando algum tipo de rebelião, e usariam Ian para os colocarem lá dentro sem suspeitas.

-Eu levo, mais deixe a garota aqui. Ela não tem nada a ver com isso. Respondeu.

-Não estamos negociando, eu mando e você obedece. O homem falou, e Ian continuou o caminho em silencio.

Nunca na minha vida imaginei passar por uma situação dessas, na mira de uma arma. Eu estava com muito medo, meu coração batia forte e minha cabeça já começava a dar sinais de dor. Comecei a chorar baixinho, me lembrando que eles pudessem nos matar, e eu nunca mais visse meu pai.

Ian tirou a mão de sobre a marcha e a pousou sobre a minha, entrelaçando nossos dedos, ele a apertou forte e sorriu para mim.

-Vai ficar tudo bem, eu prometo.

Sorri de volta ainda fungando um pouco. Continuamos assim por uns instantes e logo passamos por uma curva muito fechada. Ian soltou minha mão e as pousou ambas sobre o volante.

-Você confia em mim? Ele sussurrou.
E fiz que sim com a cabeca, não era hora de lembrar do passado. Olhei em seus olhos e vi que ele não deixaria nada de ruim acontecer comigo.

Ele sorriu para mim, e maneou a cabeca positivamente. Não entendi muito bem, mais fiz o mesmo.
Logo vi que Ian havia virado o carro na direção do grande barranco que tinha a nossa esquerda. Me desesperei e comecei a gritar, ouvindo também os gritos do homem que estava lá trás. Comecei a sentir o carro capotando e também uma ardência em minha pele, causadas pelo atrito da árvores que entravam pelo vidro meio aberto.

Logo o carro parou, e pude ver que eu estava viva ainda, olhei para Ian e depois para o homem lá trás, ambos pareciam estar desmaiados. Me desesperei. Respirei fundo, analisando a situação e pensei rápido. Precisava sair dali, e procurar ajuda.

-Solta seu cinto e empurra o vidro.

Ouvi a voz de Ian falar do lado do motorista, ele estava bem, fiquei mais aliviada. O olhei e seu rosto estava um pouco ensanguentado, eu estava do lado que iria para fora, e Ian preso na parte de baixo. Fiz o que ele havia dito, soltei meu cinto, e empurrei o vidro que estava meio aberto, e já bem estilhaçado, foi fácil ve-lo se quebrar em pedaços no chão.

Sai com um pouco de dificuldade me rastejando pelo chão, e após sair dei a mão e puxei Ian também, que também saiu com dificuldades.
Após sair, ele me puxou pelo braço, até a saída da floresta, que não estava muito longe de onde caímos. Não havia cheiro de gasolina, mais poderia haver alguma explosão.

Saímos facilmente pelo caminho que o próprio carro abriu, e nos deparamos com a pista, obviamente vazia, pela hora. E apenas iluminada pela luz da lua.

-Você está bem? Ian me perguntou olhando pelo meu corpo, meu sangue ferveu, estava furiosa pelo o que ele tinha feito.

-Você é maluco? Podia ter matado nós dois... Passou isso pela sua cabeça? O empurrei com os dois braços, para bem longe de mim... Estava com muito ódio..

-Me desculpe. Na hora parecia uma boa idéia. Ian falou se aproximando novamente, sua testa estava com uma fileira de sangue escorrendo. -Me empresta seu celular? O meu ficou no carro...

-A idéia não foi boa, foi péssima, o que estava tentando fazer, proteger o rei? A custo de nós dois? Falei gritando e o entreguei o celular que estava no bolso da minha calça. Pelo menos eu sabia que ele ligaria para seu papai, e em cinco minutos estariam ali, até de helicóptero se fosse preciso.
Ian pegou o telefone e nem se deu o trabalho de me responder, discou um número, e saiu procurando algum lugar que tivesse sinal.

-Droga ! Falei e me sentei no meio fio. Estava sentindo algumas partes do meu corpo arderem, e agora que o corpo não estava mais na adrenalina, começaram a doer e latejar..
Procurei pelo meu corpo, aonde seria o lugar da dor, coloquei a mão nas costas e senti minha blusa ensopada, quando olhei minha mão também estava molhada de sangue, levantei a blusa e me assustei ao ver um graveto, fincado nas minhas costas. Coloquei a mão nele e em um movimento espontâneo, o arranquei.

Logo começou a sair muito sangue do pequeno buraco que o graveto fez, me assustei mais ainda, coloquei a mão para tampar, e me levantei procurando Ian, não tive tempo de explica-lo o que aconteceu, senti uma fraqueza enorme no corpo, e minha vista começou a ficar turva.
E simplesmente apaguei, não sabendo e nem vendo nada mais na minha frente.

As Voltas Que A Vida DáOnde histórias criam vida. Descubra agora