Capítulo 39 - Fernanda

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Meus pais estão viajando e ficar sozinha na minha casa era bom, mas eu não me sinto mais em casa. Cheguei do trabalho com uma dor dilacerante e eu não aguento, começo a chorar. Caio na cama, de sapato e tudo, e dou um grito de tristeza. A dor é muito forte e sem explicação.
Ele foi o único homem que eu amei, o único com quem já dormi e eu estou sentindo falta dele.
A dor provocada por essa traição não é nada comparada a essa desolação, a essa saudade.
Fico encolhida na minha cama, chorando e me entregando aquela dor... E de tanto chorar acabei dormindo.

[...]

Consegui sobreviver a uma semana sem Henrique, graças ao meu trabalho. Era uma distração bem-vinda.
-Isabel, estou indo já.
-Até amanhã, Fernanda! - acenei com a cabeça.
Quando saí na porta do hospital, um vento frio atingiu meu rosto. Mas não me incomodei, ele não chega nem perto de encher o vazio no meu peito. Fui pra casa e ela estava tão vazia, sinto tanta saudade dos meus pais. Essa viagem que eles fizeram com os pais do Henrique, foi bom pra eles. Os quatro tinham ficado muito próximos e eu ficava feliz com isso. Meus pais sempre foram muito sozinhos. Afastei eles do meu pensamento quando meu celular apitou. Fui ver o que era e tinha cinco mensagens.

"Amiga, você quer conversar? Imagino como deve estar se sentindo, Daniel me contou o que aconteceu! Vem aqui na minha casa, essa correria de trabalho está me deixando maluca! Mas sempre arrumo um tempinho pra você! Te amo, estou com saudades e me ligue se precisar! Beijos"

Vanessa era uma fofa, mas o que eu menos precisava agora é dela falando no meu ouvido que tinha me avisado ou falando que ia matar o Henrique. Abri as outras mensagens e na mesma hora comecei a chorar.

"Me perdoa?"
"Vamos conversar?"
"Saudades!"
"Te amo!"

Porque ele fazia isso? Era tudo o que eu menos precisava! Deitei na cama e chorei a noite toda.
E assim um padrão se estabeleceu: acordar, trabalhar, chorar e tentar dormir.

[...]

Estava no meu último paciente, estava passando mal desde cedo.
Estava saindo da sala, quando senti uma fraqueza. E de repente, tudo ficou escuro.
Quando acordei estava deitada numa maca com Isabel ao meu lado.
-O que aconteceu? - perguntei meio desnorteada.
-Você desmaiou e te atendemos. Já está tudo bem. Vou chamar o médico pra falar com você!
-Uhum. - fiquei sozinha até o médico entrar na sala. Já tinha visto esse médico no hospital, mas não fazia ideia de qual era o seu nome.
-Dra. Fernanda Carvalho, prazer meu nome é Guilherme Queiroz. - se apresentou com muita gentileza, ele era lindo.
-Prazer, pode me chamar só de Fernanda, Dr. Guilherme.
-Ok, Fernanda. E você pode me chamar só de Guilherme.
-O que aconteceu?
-Sua pressão caiu um pouco e você estava fraca, o que acabou fazendo mal a você e ao seu filho! - falou e eu arregalei os olhos na hora. Como assim?
-O que você disse? Eu to grávida? - perguntei assustada.
-Você não sabia?
-Não!
-Eles fizeram um exame de sangue em você, como fazem com toda a paciente que tem relações sexuais antes de aplicarem qualquer remédio.
-Meu Deus! Eu não acredito! - meu sonho era ser mãe, mas eu não queria agora! Não nas circunstâncias em que me encontro.
-Eu achei que soubesse! Não vem reparando nada de estranho na sua rotina?
-Eu passei mal algumas vezes e tinha muita fome, mas não pensei que fosse isso! - falei e fiquei pensando que todas as vezes eu e Henrique usamos camisinha, quer dizer, eu acho. Não me lembro, o que mais fazíamos era namorar, não me surpreenderia se tivéssemos esquecido.
-E sua menstruação está normal? - perguntou fazendo eu me desligar dos meus pensamentos.
-Esse mês está atrasada. Achei que pudesse estar por eu estar andando estressada.
-Entendi. Você agora não pode se estressar muito e tem que começar a fazer seu pré-natal.
-Uhum. Tem algum médico que você possa me indicar?
-Eu sou obstetra, mas posso te indicar alguns amigos meu, se quiser.
-Você está ótimo. Posso saber com quatas semanas estou?
-Provável que com 12 semanas , com o ultrassom poderemos ver tudo e até saber a data prevista do nascimento.
-Uhum. - eu estava feliz, mas ao mesmo tempo apavorada.
-Vou te dar alta, mas tem que me prometer que vai ficar de repouso?
-Prometo e obrigada.
-De nada. - saiu do quarto e eu me arrumei pra ir para casa.
Cheguei em casa e deitei.
Meu Deus, eu estou grávida! Pousei a mão na minha barriga e sabia que teria que mudar muitas coisas na minha vida. Será que Henrique deve saber? Melhor não. Ele sempre disse que não queria filhos.
-Eu vou te proteger, tá meu amor? - falei com meu neném. Eu estava apavorada ainda, mas faria de tudo pelo meu filho. Tenho que fazer mudanças na minha vida, e vou começar amanhã. Vou procurar uma casa pra mim, vou procurar um outro lugar pra trabalhar.
Resolvi tentar dormir, precisava descansar pelo meu filho. Consegui dormir e naquela noite sonhei com sapatinhos e roupinhas de neném.
Acordei, tomei um bom café da manhã e fui trabalhar.
-Bom dia, Isabel. - falei com um sorriso no rosto.

-Bom dia, Fernanda. Você está com uma carinha ótima hoje.
-Tenho uma coisinha pra te contar, vamos lá dentro rapidinho! - entramos no consultório e eu sentei.
-

Fala, estou curiosa.
-Calma! Você não pode contar isso pra ninguém, ok? - ela acenou com a cabeça e eu continuei - Estou grávida!
-Meu Deus! Parabéns, Nanda!- falou e me abraçou.
-Obrigada. Agora preciso que você desmarque as minha consultas do período da tarde. Tenho que fazer umas coisinhas.
-Pode deixar, Nanda- saiu da sala e eu comecei a atender os pacientes.

[...]

Já era 16:00 horas e eu já tinha visto 5 apartamentos, mas me identifiquei com o último. Era simples. Resolvi parar de procurar e fechar negócio.
Todo o dinheiro que consegui do contrato estava intacto, não mais na verdade, afinal acabei de comprar essa casa. E escolhi um carro também, afinal eu queria acabar com esse dinheiro logo. Mas não, ainda sobrou muito dinheiro.
Fui em uma loja de móveis e comecei a escolher alguns. Adorei fazer isso, queria me mudar antes dos meus pais voltarem. O apartamento já estava pronto mesmo e o único comôdo que iria ser mudado era o quarto do neném.
Depois de algum tempo fui pra casa, tomei banho e arrumei minhas coisas. Iria me mudar amanhã, não iria trabalhar.

[...]

Acordei e botei minhas malas no meu novo carro. Era um Pajero preto, sempre foi meu sonho ter um carro desse. Teria que ir na casa do Henrique, esqueci de pegar algumas coisas.
Era 14:00 horas quando eu cheguei no prédio, subi para o apartamento e toquei a campainha. Eu ainda tinha a chave, mas não iria entrar. Eu não moro mais aqui. Toquei a campainha mais uma vez, e pra minha surpresa Henrique que abriu a porta. Ele ficou surpreso e seus olhos brilharam. Fiquei com medo dele ver minha barriga que estava maior, acho que depois que descobrimos a gravidez nossa barriga aumenta muito mais. Por sorte estava com uma blusa e com um short soltinho.
-Fernanda?
-Oi, preciso pegar umas coisas que deixei aqui! - falei de forma fria, mas a minha vontade era de agarrá-lo e beijá-lo até amanhã.
-Tudo bem. - saiu da minha frente e eu entrei. Fui direto para o quarto e terminei de pegar minhas coisas. Senti o olhar dele em mim a todo tempo.
-Como você está? - perguntou.
-Se eu disser que estou bem, estaria mentindo.
-Eu também, eu sinto sua falta todo dia.
-Hum.
-E o trabalho?
-Ótimo e o escritório?
-Ótimo também.
-Uhum. - respondi enquanto fechava minha mala.
Quando cheguei na sala, me senti um pouco tonta, parei por um minuto e fiquei com medo de acabar desmaiando aqui e ele acabar descobrindo que eu estou grávida.
-Você está bem? - perguntou e encostou no meu braço, meu corpo ficou todo arrepiado. Que saudade que eu estava daquele toque.
-Sim. Melhor eu ir embora logo.
-Fica!
-Tchau, Henrique. - falei e saí. Começaram a brotar lágrimas nos meus olhos, mas me contive. Fui para o apartamento novo e comecei a arrumar as minhas coisas.
-Agora vai ser só eu e você! - falei fazendo carinho na minha barriga.
Já era 22:00 horas quando eu consegui terminar de arrumar as minhas roupas e o resto da casa. Tomei um banho e deitei pra dormir.

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