Capítulo 45 - Fernanda

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-Porque eu não quero mais você. - falei e abaixei a cabeça. Aquilo era uma mentira. Ele levantou e veio para o meu lado, virando a cadeira pra ficar de frente pra mim.
-Fala que você não me quer mais olhando dentro dos meus olhos? - pediu e eu olhei dentro dos olhos, mas não consegui falar nada. - Porque eu sei que eu amo você e que eu quero você para o resto da minha vida. Agora se você me disser que não me quer mais, eu não vou tentar mais nada com você. Vou te deixar ser feliz, mesmo sabendo que não vai ser comigo. E pode ter certeza que vai ser difícil pra mim.- falou olhando dentro dos meus olhos. Eu resolvi dar um beijo nele, eu precisava daquilo. Precisava me despedir dele. E quando nos separamos, eu falei:
-Eu sempre vou te amar, mas eu preciso ficar sozinha. E você precisa abrir os olhos para o que está a sua volta. Eu não quero sofrer de novo! - falei com a cabeça baixa e suspirei fundo. Levantei a cabeça e olhei dentro dos olhos dele.
-Eu não quero mais você! - falei aquilo com o coração partido. Eu precisava afastar ele de mim, precisava proteger a mim e a essa criança. Ele levantou e quando chegou na porta falou:
-Foi você que decidiu por isso! Me avise quando for a próxima consulta com o obstetra! - fechou a porta e meu mundo demoronou. Eu levantei e abri a porta na esperança dele estar alí, mas ele não estava, lágrimas teimavam em cair. Tranquei a sala e chorei até não ter mais lágrimas para saírem dos meus olhos. Quando consegui me recuperar, ouvi alguém bater na porta. Abri e me deparei com o Marcelo, ele ficou assustado quando me viu.
-Minha querida. - falou entrando e fechando a porta. Me abraçou logo depois e eu chorei mais ainda alí.
-Até quando você e o Henrique vão ficar sofrendo por aí? - perguntou e eu chorava mais. - Você não pode se estressar, pensa no seu filho! - falou e eu sentei no sofá e suspirei. Ele me entregou um copo de água que eu bebi e consegui me acalmar.
-Você quer conversar? - perguntou e eu acenei com a cabeça.
-Eu preciso ficar longe dele, preciso me proteger. Eu estou pensando em ir morar em uma outra cidade.
-Você acha que isso vai adiantar? - perguntou.
-Eu espero que sim.
-Você já sabe que ele não te traiu, por que não volta pra ele?
-Porque ele tem que abrir os olhos, enquanto estivermos juntos vamos ficar sofrendo. Tem outras pessoas querendo estragar nossa vida!
-Juntos vocês vão superar isso tudo. Não aguento mais ver os dois sofrendo.
-Eu preciso de um tempo pra pensar, ainda está tudo muito confuso pra mim. Quem sabe depois do neném nascer.
-Se Henrique te amar de verdade vai esperar o tempo que for.
-Marcelo, você é uma pessoa ótima!
-Obrigado, eu sei bem o que vocês estão passando.
-Como assim? - perguntei curiosa.
-Um dia irei te explicar. Agora vai pra casa e descansa.
-Tudo bem! - respondi e fiz o que me pediu. Fui para casa e descansei.

[...]

Já tinha duas semanas que Henrique não me procurava e não me mandava mensagem. Resolvi ligar pra ele, afinal hoje tinha uma consulta com o médico e eu já esperava confusão, pois o meu obstetra era o Guilherme. Disquei o número e ele demorou um pouquinho pra atender.
-Alô? - falou com uma voz feliz, acho que ele estava rindo e aquilo me deixou com uma pontinha de ciúme, afinal com o que ele estava se divertindo?
-Henrique, é a Fernanda. Está ocupado?
-Não, pode falar! - sua voz ficou fria depois que falei quem era. Até me arrependi de ter ligado.
-Você pediu pra te avisar quando tivesse outra consulta e é hoje. Você vai querer ir?
-Vou sim, que horas e aonde?
-No hospital mesmo, daqui a uma hora. Eu vou te esperar na minha sala, pode ser?
-Estarei lá. Tchau. - desligou.

[...]

Uma hora depois

Estava na minha sala arrumando uns prontuários, quando alguém bateu na minha porta.
-ENTRA. - falei e olhei pra ver quem era. E me surpreendi, Henrique estava muito lindo e relaxado. Com uma camisa polo azul marinho, bermuda clara e tênis. Parecendo um playboy. Minha boca ficou seca.
-Já está na hora da consulta? - perguntou.
-Sim, está.
-Que ótimo, vamos? - levantei e estávamos caminhando para a outra ala do hospital.
-Como está a Sophia?
-Ótima e cada dia mais linda! - falou e percebi que na sua voz tinha orgulho. Deveria estar babando a menina interia.
-Imagino que sim! - respondi. Ele pegou o celular e me entregou. Tinha uma fotinha dela. - Ela é linda Henrique.
-É sim. Será que vamos poder saber o sexo hoje?
-Espero que sim.
-Com quantos meses você já está?
-6 meses e alguns dias.
-Daqui a pouco já está nascendo. - falou e eu apenas acenei com a cabeça. Falei com a secretária e ela me disse que tinha duas pessoas na minha frente. Henrique estava sentado lendo uma revista sobre maternidade, achei aquilo engraçado. Sentei ao lado dele.
-Tem duas pessoas na minha frente. - falei e ele fechou a revista.
-Tudo bem, eu não tenho nada importante hoje.
-Que bom. Quando te liguei estava ocupado? - perguntei doida pra saber se estava acompanhado.
-Estava conversando com a Sophia, agora que ela fez um mês começou a fazer uns barulhinhos. É muito divertido. - falou e na hora eu percebi que era outro Henrique sentado conversando comigo.
-A paternidade te fez bem!
-Acho que levo jeito pra isso, quero ter muitos filhos ainda. Uns 4, no minímo.
-Pra quem nem pensava em ter filhos, você evoluiu muito.
-Antes eu só pensava em curtir, mas a vida me deu uma rasteira. Primeiro com o contrato que mudou tudo em mim e depois com os meus dois filhos. - minha vontade era de beijar Henrique até amanhã. Botei a minha mão sobre a dele, e senti nossos corpos ficarem arrepiados.
-Como eu sinto falta desse toque! - falou baixinho, acredito que era um pensamento e acabou saindo alto demais.
-Eu também! - falei e ele me olhou. Balançou a cabeça e tirou a mão. Fiquei sem entender, mas não falei nada.
-Dra. Fernanda Oliveira, é sua vez. - a secretária falou e nós levantamos pra ir.
Quando entramos na sala, Henrique soltou enquanto fechava a porta.
-Até aqui esse tal de Guilherme me persegue! - sussurrou e eu dei um sorriso, ele ainda tinha ciúmes.
-Oi, Gui. - falei e fui dar uma abraço nele.
-Oi, minha grávida mais linda.- falou e deu um beijo na minha barriga. Henrique ficou vermelho, acho que estava com raiva. - Oi, amor do tio. - falou com a minha barriga, que sempre mexia quando ele falava.
-Oi. - Henrique falou e sentou.
-Henrique! - Guilherme o cumprimentou.
-Podemos começar logo ou vai demorar muito? - Henrique perguntou impaciente.
-Não, não vai. Nanda, você já sabe aonde deve sentar e o que fazer. - falou e eu acenei com a cabeça indo para a cadeira.
-Posso sentar ao seu lado? - Henrique perguntou.
-Claro que pode. - sempre quis que ele estivesse aqui comigo.
-Vamos começar? - Guilherme perguntou e nós dois acenamos juntos. Enquanto Guilherme procurava a posição do neném, Henrique segurou minha mão e deu um beijo. Olhei para ele e dei um sorriso. Que saudades que eu tinha daquele homem e sei que só não estou com ele porque não quero.
-Parabéns papais, é um menino.- falou  mostrando na ultrassom. Na mesma hora meus olhos encheram de lágrimas.
-Agora eu tenho um casal de filhos. - sussurou no meu ouvido e deu um beijo na minha bochecha.

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