Just a Life // COMPLETO // Livro II

Capitulo 1 - REBECA

Já viajei o mundo todo e nem nos meus maiores sonhos/ Eu voltaria correndo para você (I Bet My Life - Imagine Dragons)

Abro meus olhos após ter dormido por umas três horas. Sinto uma dor latejante na minha cabeça. Viajar de avião é sempre maravilhoso no começo, mas após um tempo essa rotina acaba sendo desconfortável e cansativa. Olho para o lado e vejo Dean dormindo ainda. Deve faltar pouco mais de uma hora para descermos em São Paulo e meu coração não podia estar mais apertado.

Nesses cinco anos vi minha mãe umas três vezes e em todas foi ela que foi me ver. Natal, meu aniversário e um presente de bodas de flores e frutas, ou simplesmente aniversário de quarto anos de casamento, com o Paulo. Em cada uma dessas vezes eu estava em um lugar diferente, fazendo diferentes trabalhos.

Já a Vanessa e meu pai só vi apenas uma vez. Depois que o Pedro Henrique nasceu ela teve que praticamente parar de trabalhar, já meu pai dobrou sua carga horaria. O estilo de vida deles diminui e se mudaram para São Paulo. E a coisa mais impossível aconteceu: a Vanessa e minha mãe se tornaram amigas. Já minha mãe e meu pai conseguiram manter uma boa relação, sem brigas e discussões.

Durante cinco anos eu não consegui ver a Barbara uma vez sequer. No começo mantivemos o contato vivo, nos falávamos todos os dias não importa como fosse. Até carta chegamos a mandar. Com o passar dos anos foi ficando difícil manter essa amizade à distancia, mas mesmo após tanto tempo ainda conseguimos manter uma a outra informada sobre o que acontece em nossas vidas. Mas nunca é a mesma coisa.

Agora vou conseguir rever todos. Meus planos é voltar agora para o Brasil e ficar até a primeira semana de janeiro. Claro que tudo isso está ligado com meu trabalho, já que surgiu a oportunidade de fazer uma sessão de fotos no Nordeste para a coleção de verão de alguma marca que está bombando por lá. Juntei o útil ao agradável e agora estou dentro de um avião voltando para minha terra natal.

A aeromoça me vê acordada e pergunta se desejo alguma coisa. Apesar da sua voz baixa e calma, o Dean acorda. Recuso balançando a cabeça e com um pequeno sorriso e ela sai no corredor. Olho para o Dean e não consigo deixar de sorrir ainda mais. Seu cabelo cor de mel, que combina perfeitamente com seus olhos da mesma cor, está bagunçado e eu não consigo resisti em passar a mão, tentando, inutilmente, arrumá-lo um pouco. Ele tem um sorriso doce que me lembra o Guilherme. Todo seu jeito calmo e tranquilo. Tudo que eu mais precisava quando lhe conheci. Tudo que eu sempre precisei em minha vida resumido em um metro e oitenta de altura.

- Hey Baby - Ele me dá um leve beijo nos lábios e logo em seguida segura minha mão. Deixo minha cabeça cair em seu ombro e respiro fundo. - Você conseguiu dormir?

- Sim. - Respondo e fecho meus olhos.

Ele não fala mais nada e eu o agradeço mentalmente por isso. Já estamos juntos há quase quatro anos. O Dean apareceu no momento em que eu não queria mais ninguém por perto. Tudo o que eu queria era apenas me focar totalmente no trabalho e em tudo que não pudesse me decepcionar. Meu coração estava completamente partido. Ferido. Fechado. Com todo seu jeito carinhoso, ele abriu aos poucos meus sentimentos, fazendo-os florescer sem que eu tivesse medo de novamente me machucar. Mesmo com todo esse seu jeito, sempre tive um pé atrás. Meu desejo era sempre estar á frente, para que dessa forma eu pudesse prever antes de alguém realmente me machucar. Dessa forma eu acabaria sofrendo menos.

Mas ao longo desses anos vivendo sempre com o pé atrás, não adiantou de nada. Em pouquíssimo tempo ele aprendeu a me ler, a saber a hora certa de calar, de falar, de beijar, de me deixar quieta ou correr atrás. Ele sabia de tudo. Parecia até mesmo que lia meus pensamentos. Ou tinha meu manual de instruções. E por um breve momento, quando ele apareceu da madrugada em minha casa, com um anel no bolso e o pedido mais simples do mundo em casamento, eu senti medo.