Não dou a mínima se você ainda não consegue ver/ Ver que meu coração ainda bate por você/ Tornou-se tudo o que eu perdi e tudo que eu esperava/ Mas eu devo seguir em frente (Broken- Jake Bugg)
"Cadê você?"
Meu celular apita pela terceira vez em meia hora. O Mike realmente é insistente e já estou vendo a hora dele começar a bater na porta do meu quarto. Qual é o problema que ele tem com uma coisa muito comum chamada privacidade?
Coloco, por fim, o celular no modo silencioso e deito na cama, olhando para o teto. Não é como se eu estivesse com depressão ou qualquer coisa do tipo. Eu apenas não estou em clima de comemoração. Simples assim.
Tudo bem que não é como se fosse uma noite em uma balada qualquer. É o ano novo e ele está maravilhado por passa-lo em Copacabana. Está aí outra coisa que eu nunca entendi: por que as pessoas querem passar a virada de ano assistindo shows que não lhe agradam, ao redor de milhares de desconhecidos, com nenhuma segurança, correndo o risco de ser assaltado a qualquer hora?
Isso realmente não faz sentido.
Não para mim.
Tudo bem que eu poderia estar em qualquer outro lugar, mas na verdade não sinto menor animação nesse novo ano. Parece que as coisas têm perdido um pouco do brilho e nada mais parece ter tanta graça.
E eu só consigo pensar em como, nesses últimos cinco anos, eu nunca fui feliz de verdade. Mesmo com toda minha realização profissional, mesmo tendo alguns pequenos relacionamentos, mesmo com viagens, pessoas, tudo. Algo sempre está faltando.
Algo, não. Alguém.
E só de imaginar que ela está aqui, ao meu lado. No estado vizinho, pertinho de mim, talvez ainda pensando em nós e naquela viagem da semana passada, meu coração pula. E aperta no segundo seguinte em que a imagino espantando nossas lembranças com um balançar de cabeça e se virando para beijar o seu noivo, fazendo votos e promessas de mais um ano juntos, dos preparativos para o casamento e, oficialmente, sua vida a dois.
Realmente isso é demais para uma pessoa que, dias atrás, tomou uma enorme dose de esperança e agora prova da amargura da realidade.
Pego novamente meu celular e vejo que tem mais uma mensagem do Mike, o rapaz realmente é insistente. Passo pela minha lista de contatos e então resolvo ligar para minha mãe.
Basicamente nos falamos uma ou duas vezes por semana e sempre busco visita-la, mas ultimamente nosso contato tem diminuído bastante por culpa da minha maior dedicação por novos trabalhos.
- Brian?
- Oi mãe! – Tento forçar uma animação enquanto vou até a varanda do quarto. Já está quase na hora da virada e os fogos estão cada vez mais frequentes. E irritantes. – Está de plantão?
- Não, hoje não. – Ela diz e, pelo som de sua voz, posso perceber que está sorrindo. Sempre disse para que ela tirasse logo sua aposentadoria ou simplesmente parasse de trabalhar, os investimentos ao longo da sua vida poderia muito bem sustentar ela e o meu pai, mas ela ama a profissão. – Onde você está? No Rio ainda?
- Sim. – Digo e dou uma risada, mais de nervosismo do que por qualquer outro motivo. – E você?
- Estou na praia com seu pai, no interior. Com alguns amigos, fazendo um pequeno churrasco. – Ela diz e posso ouvir ao fundo uma música baixa e algumas conversas. Parece calma. E parece ser a forma perfeita de virar o novo ano. – Está tudo bem? Por que não está comemorando?
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Just a Life // COMPLETO // Livro II
RomanceApós cinco anos viajando pelo mundo e conquistando fama, Rebeca volta para o Brasil. Muito mais madura e decidida, com sua carreira no auge e um noivo ao seu lado ela se encontra mais confiante para, finalmente, dar de cara com o passado. Mas será q...