Porque eu, eu tenho me sentido bem pequeno/ Às vezes sinto que estou deslizando pelas paredes/ E toda linha que eu me seguro/ Parece quebrar (Tom Odell – Sense)
Entro no quarto com uma fúria que é uma grande sorte não ter alguém aqui. Bato a porta com mais força do que é necessário e se brincar até mesmo o Brian deve ter ouvido no andar de cima. Bato com o punho na parede com a máxima de força que eu consigo fazer sem me machucar seriamente e respiro fundo.
Por que ele é tão idiota?
E por que eu me importo tanto?
Ele simplesmente não consegue aceitar o fato de que as pessoas amadurecem, crescem, seguem com suas vidas, aprende com os erros e não volta a repeti-los? Ou ele pulou essa aula básica que a vida nos ensina a cada vez que somos idiotas?
O que mais ele tem que perder para aprender a ser uma pessoa, no mínimo, decente?
Me jogo na cama e passo a mão pelo rosto tentando apagar da minha mente todo esse último encontro e a total frustração que eu sinto por me deixar levar por comentários idiotas de um garoto que passou a vida na terra do nunca que não cresceu.
Meu celular toca e o puxo do bolso da calça jeans, ainda mais irritada por esse barulho irritante que atrapalhou meu turbilhão de pensamentos.
- O que é? – Pergunto sem nem me dar o trabalho de perguntar quem é. Prendo a respiração ao pensar que pode ser algum cliente quando o telefone fica completamente mudo por alguns, torturantes, segundos.
- Becky? – A voz do Dean faz com que minha respiração volte ao normal. Ou o mais próximo disso. Mas ao mesmo tempo minha cabeça começa a doer. Ele vai saber que tem algo de estranho acontecendo.
Eu deveria ter lhe falado sobre o meu encontro com o Brian. E que ele é a pessoa responsável por minhas fugas mentais em meio a nossas conversas. Sem contar que seria de fundamental importância ressaltar o fato de que passamos um dia trancados dentro de um carro e ainda passamos a noite conversando. Mas isso seria levantar muitas suspeitas, trazer uma desconfiança absurdamente desnecessária e permitir que o Brian estrague com uma das melhores coisas que me aconteceu na vida. Não, não dou esse direito a ele.
Por mais que eu saiba que o Dean deveria estar a par da situação. Mas que mal tem reencontrar com um garoto que sequer chegou a ser o seu ex?
- Perdão, amor. – Digo passando a mão na testa como se esse toque fosse fazer uma desculpa surgir em minha mente. – Problemas no voo.
Mas que diabos de desculpa é essa, Rebeca? Agora ele vai ficar ainda mais preocupado e pior de tudo: sem motivos algum!
- Você está bem? – Sua voz sai um pouco mais alta em meio a grande barulho. Só então percebo as vozes ao fundo.
- Sim, foram algumas chateações com atraso. – Digo casualmente enquanto dobro os dedos para que ele acredite. Nunca fui muito supersticiosa, mas certas circunstancias pedem medidas extremas. – Você está bem?
- Sim. – Ele diz e vejo que não irá mais fazer perguntas sobre minha chateação, que acabou indo embora com toda irritação que estava predominando minutos atrás.
- Onde você está? – Pergunto novamente como quem não quer nada. Acontece que, mesmo sendo sua noiva, eu não gosto desse tipo de perguntas. Dá a impressão que eu estou querendo controlar e saber de todos os passos dele. Mas não é bem isso. Apenas fiquei curiosa.
- Ah, eu? – Ele diz disfarçando e então minha curiosidade vai de um para um milhão. – Estou na empresa, amor. Resolvendo algumas questões.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Just a Life // COMPLETO // Livro II
RomanceApós cinco anos viajando pelo mundo e conquistando fama, Rebeca volta para o Brasil. Muito mais madura e decidida, com sua carreira no auge e um noivo ao seu lado ela se encontra mais confiante para, finalmente, dar de cara com o passado. Mas será q...