Sonho II

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No sonho eu o via sorrir meu riso favorito. Seus olhos brilhavam, um convite aberto para que eu me atirasse em seus braços. Seria difícil não amá-lo. Eu corri em sua direção, tentava diminuir a distância. Ele esperava pacientemente que eu vencesse meus medos e o alcançasse. Mas havia um espelho entre nós. Eu gritava o seu nome e ele continuava a sorrir. Será que não percebia que eu não conseguiria tocá-lo? Meus olhos transbordavam e eu batia contra o espelho, ferindo minhas mãos, que já sangravam. Eu precisava dele! Porquê essa distância?

Acordei com suas mãos me balançando delicadamente. Ele sussurrava em meu ouvido que havia sido apenas um pesadelo. Ele estava ali e tudo ía ficar bem. Virei para ele, sentindo o peso esmagador do sonho ainda queimando meu peito e o abracei forte, soluçando, enquanto tentava prender o choro. Ficar longe dele me destruía. As lágrimas agora desciam livres e senti também o seu desespero sem entender o que de tão ruim havia me infernizado o sono. Agarrei seus cabelos e pressionei minha boca contra a sua com força, ciente de que machucava nossos lábios mas sem conseguir conter a necessidade absurda de sentir ele ali. Tinha que ser real. Ele calmamente me puxou para cima de si, segurando minhas coxas e aprofundando o beijo. Como se lê-se meus pensamentos, puxou o lençol e tocou minha pele nua, percorrendo meu corpo com suas mãos quentes. Havia sido só um sonho ruim. Ele estava ali.

Deixei que os resquícios de dor se afastassem para cada vez mais longe enquanto ele me apertava contra si. Era bom sentir seu gosto. Ter certeza de que ele não sairia do meu lado.

Depois de seus lábios tocarem cada centímetro do meu corpo, explorando meus sinais, olhou em meus olhos e disse que me amava. Ele me amava. Eu sabia disso, mas ele tinha o jeito dele de fazer ser real. Me abraçou ainda mais forte e disse o que eu mais queria ouvir: ele estaria sempre ali.

Mesmo em SilêncioOnde histórias criam vida. Descubra agora