Depois de amanhã

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Ainda sobre ele
que tanto mexe
e remexe por aqui
venho fazer hora,
como quem nada quer
(só ele) que não sabe
em que pé
anda essa vida cá
sem rumo.

E quem como nada quer
deixo as portas abertas
e as janelas também
para quê, não sei
mas deixo
com medo de que ele não volte
- com medo de sentir e terminar, em branco

Acabei de morrer
às doze e cinquenta de hoje.

Ainda sobre ele
que não sabe das noites em claro
do meu diário
do meu sorriso
do batom vermelho com gosto de melância
da música do meu despertador
do meu cabelo, que antes sabia,
não sabe do perfume que acabou
e troquei por outro
não tão doce
quanto o que ele gostava.

Talvez não seja sobre ele amanhã
Eu espero que não.
Talvez não seja ele lá em cima
fazendo barulho enquanto anda
nos meus pensamentos
na minha loucura,
sei que não é ele
e por isso tenho medo.

Quem será?

Ainda sobre ele,
espero que esteja bem
espero que ria
e pense em mim, uma vez ao mês
apenas para me esquecer outra vez
sem sentir saudade.

Enquanto isso eu espero
tudo ficar bem
por aqui também
eu juro, não será ele amanhã.
Talvez depois, mas amanhã não
amanhã serão só as marcas
que ficaram em mim
sem querer
assim,
enquanto a gente se abraçava
e esquecia o resto...

- Dia par

Mesmo em SilêncioOnde histórias criam vida. Descubra agora