Espero que vocês gostem dessa música. Be Alright realmente me descreve, e quando a ouço, sinto todas as minhas paredes desabarem. É o tipo de música que me desarma. E apesar de não ser essa a versão que amo, a que eu uso para me deprimir, não deixa nem por um segundo de me desfazer em pedaços.
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Eu pensei que após a tempestade, nós ficaríamos bem. Ingênua, realmente pensei poder voltar a ver as estrelas em seus olhos. O céu azul em seu sorriso. Mas quando a chuva fria cessou, e as paredes, antes desfocadas, passaram a se acomodar cada uma em seu lugar, não notei o chão ceder ao meu redor. As rachaduras e os abismos não se limitaram apenas ao lado exterior.
Cavei dentro de mim com unhas e dentes. Lancei-me entre os espaços vazios esperando encontrar você, encontrar segurança. E quanto mais eu avançava, mais escuro ficava. Me perdi dentro de mim, cada vez mais fundo. Sem sol. Sem querer, até. A solidão foi arrastando tudo o que encontrava pela frente, principalmente a esperança de dias iguais. Dias com você, sem você, e você na minha mente. Dias em que eu não suportaria ouvir sua voz, e ligaria para passar horas conversando sobre coisas nada importantes sobre a vida, apenas para que eu não lembrasse das coisas nada importantes que ocupam o vazio dentro de mim.
Mas em uma noite qualquer, eu percebi que não poderia tê-lo. Não poderia ligar e simplesmente ouvir a sua voz, que acalma a confusão e me esclarece exatamente o que sinto. O nosso breve tempo eterno acabou antes do começo. O que era pequeno, não existe mais. Em uma noite qualquer, eu procurei seus braços e me aconcheguei no escuro, onde fazia frio e ninguém via as minhas lágrimas. Em uma noite vazia, os meus espaços pareceram maiores, e você não poderia apenas dizer que tudo ficaria bem, porque você não estava ali. Não estava ali, e eu não poderia tê-lo.
Depois de tudo, percebi o quanto foi inútil me afastar. E voltar. E não saber o que querer, quando querer, ou o que fazer, mesmo que você me oferecesse as respostas óbvias. Mesmo que pintasse os vidros da minha janela. Eu chorei sozinha e continuo me sentindo assim, a tempo demais. Me sinto como uma ilha, onde ninguém consegue entrar. Ninguém consegue ultrapassar o meu sorriso, ninguém consegue me tocar. O meu coração volta a bater quando chove, e as gotas correm pelo meu rosto me lembrando de que o melhor, o lado bom, sempre se vai. Eu me acostumo a olhar em seus olhos e dizer que tudo está bem, mesmo quando você sabe que nada está.
- Mas você está tão distante!
E talvez, eu esteja me desfazendo.
- Dia par
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Mesmo em Silêncio
PoesiaPoesias de uma menina programada para cair. Os medos são constantes, o desapego, inevitável, os gritos são insurdecedores e o amor não é tão real. Minhas idealizações, sonhos e esperança escrevem linhas mudas cheias de estórias, que custam a fazer s...