Um mês desde meu encontro com Samanta no banheiro resultou em belos dias com Apolo, Júlia e o amigo dela no intervalo. Porque, pelo que havia percebido, meu colega não gostava muito dos assuntos das amigas da namorada. Júlia se tornou uma colega ótima, mas não posso dizer muito de Matheus, que mal fala comigo.
— Não acredito que você toca um instrumento. — Júlia diz para mim, ainda sem acreditar em minha palavra de baixista. — Parece ser tão difícil! Tantas cordas!
— O meu só tem quatro cordas. Acho fácil, é natural pra mim.
— Abelha — o apelido havia se espalhado pelo meu novo trio de amigos. Sim, eu incluo Matheus, porque sou uma pessoa muito legal, mesmo que ele não demonstre o mesmo — Isso é demais! Quer dizer, você toca outros instrumentos? Finalmente alguém para tocar num luau!
— Toco! Luau? — pergunto animada.
— Júlia sempre quis fazer um luau. — Matheus se pronuncia e levanto uma sobrancelha pelo momento histórico que com certeza estaria no meu diário. Mas, opa! Não tenho um diário. Ele sorri de deboche com minha reação e eu devolvo o sorriso. — Mas não conhecemos ninguém que toque violão, ou algo do tipo.
— Agora vocês conhecem, então podem marcar o tal luau. — falo, olhando também para Apolo, porém ele está tão distante que nem reconheço aquele garoto da minha primeira semana. Está olhando para a parede, com os olhos arregalados.
Enquanto Matheus e Júlia entram num assunto de como montar o luau, me aproximo dele.
— Está tudo bem?
— Quê?— ele acorda. — Está... Tá sim. — e então volta para seu mundo.
Pode não ser nada, mas fico com a pulga atrás do orelha. Sempre quis usar essa expressão.
A aula terminou num pulo. Fui para o ponto de ônibus, apesar de morar bem perto do colégio pego transporte. Nunca mais vou correndo como no primeiro dia. É apenas um ônibus de integração, então é barato e eu evito a fadiga.
O ponto estava extremamente cheio, o que me fez esperar na lanchonete em frente até que o Ônibus Pega Muvuca passasse e o ponto ficasse vazio.
Dez minutos depois, a paz já reinava com apenas eu e mais três pessoas. Quando o busão chega, sorrio de orelha a orelha por ver que iria sentada numa viagem de cinco minutos. Sentei no banco alto, como sempre. Minha mãe diz que pareço uma criança quando fico triste por não conseguir sentar nele, mas a verdade é que é o melhor banco de todos e que eu não me importo nem um pouco se pareço uma criança ou não. O importante é que sentei nele e na janela. O dia mais triste foi quando andei de ônibus com minha prima pequena e ela ocupou o banco inteiro, porque era abusada e eu tive que ficar em pé. Trágico.
Meus fones gritavam alguma música, quando recebi uma mensagem de Larissa me pedindo pra almoçar com ela. Respondo um "ok" e já estava quase descendo, quando percebo alguém lendo próximo de mim.
Desculpe mundo, só que toda vez que vejo alguém lendo eu sinto uma necessidade extrema de tentar ver qual livro é. Pelo menos tentar ver a capa ou o autor.
Faltava pouco para cair do banco quando o dono do livro o levantou e percebi que foi proposital para que eu pudesse ver.
— Amélia?
— Apolo? — o que ele fazia no meu ônibus com meu livro nas mãos? Ok... Não era meu livro, mas tenho ciúmes das coisas que gosto e, sinceramente, nem sabia que ele gostava de ler. Talvez seja parte do pacote Senhor Perfeito. É a primeira coisa que me vem na cabeça, mas logo afasto os pensamentos antes que faça alguma cara de idiota.
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O Que Não Fazer Antes de Morrer (em revisão)
Teen FictionComo se já não fosse ruim o bastante ser aluna nova, Amélia estava entrando num colégio novo para cursar seu último ano do Ensino Médio. Nem um pouco animada com a situação, começou a mudar de ideia quando conheceu seu novo colega de classe, um cole...