O Que Não Fazer Antes de Morrer (em revisão)

Onze - Seja Italiana Por Uma Noite

Estou quinze minutos atrasada para meu pequeno encontro com Ramon. É quarta-feira e meu pai ainda não voltou do trabalho – ele teve de resolver umas coisas pendentes -, o que significa que tenho que ficar com Remo até que ele chegue. No caso, ele está quinze minutos atrasado.

E eu quero logo ir para esse encontro, porque estou nervosa e prefiro que aconteça de uma vez. Eu tinha aquele princípio de esperar pela pessoa certa, e eu não acho que ele seja essa pessoa, mas eu simplesmente cansei. Ele é uma pessoa legal, então posso pelo menos arriscar, certo?

Recebo uma mensagem no celular e vejo que tem uma antiga de Apolo e uma nova de Ramon – ele havia me dado o número do celular dele.

De: Apolo deus do Sol

Casanova 1 x 0 Apolo. Não acredito que você vá sair com ele, não terei ninguém para conversar.

Chata D:

Não entendo porque ele gosta de falar comigo, ao invés da namorada, mas mando aquela carinha de um macaquinho cego e leio a de Ramon.

De: Ramon (dançarino)

Meu primeiro bolo!

Para: Ramon (dançarino)

Pera. Estou olhando meu irmão enquanto meu pai ainda não chega, ele está atrasado!

De: Ramon (dançarino)

Ufa! Estou te esperando ;)

- Você está falando com aquele seu namorado? – Remo me pergunta, se referindo ao Apolo.

- Eu não tenho namorado. E você devia estar prestando atenção na Liga da Justiça. – digo, guardando o celular e o pegando novamente, para ver o horário. Droga, Pietro!

- Já vi esse: Mulher-Maravilha não quer deixar os meninos irem para sua terra, mas no final todo mundo vai e vira pedra. É bem chato.

- Ei, esse era o meu preferido! – protesto e dou um pulo com a porta batendo.

Pietro chegou, estou livre de Remo. Seja muito bem-vindo, Ramon. Faço um sinal com o polegar para cima e vejo a carranca de meu pai. Na noite anterior, ele ficou um minuto sem falar nada após eu dar a notícia da minha saída. E então ele respirou fundo e perguntou quem era o rapaz e quando eu disse, ele ligou na mesma hora para Laura e eles ficaram falando por horas.

Achei que ele até havia esquecido, mas cá está a carranca junto com as sobrancelhas formando um pássaro.

- Divirta-se. – Pietro diz enquanto fecho a porta.

Estou numa espécie de restaurante - porque a fila para o cinema estava incrivelmente enorme-, avisto os cachos de Ramon assim que entro no local. Ele ainda não me viu, pois está de costas. Ele é desengonçado e me dá vontade de rir. Assim que me aproximo, ele se vira quase dando de cara comigo. Leva um susto, mas logo esboça um sorriso fofo.

- Uau, você está linda! – ele me cumprimenta e nos sentamos.

Quando vimos o cardápio, só tinha macarrão. Fiquei desesperada por dentro. Primeiro, porque eu sou um desastre comendo macarrão; segundo, pois eu iria comer uma macarronada desastradamente na rua e durante um encontro com um menino. Eu estava pronta para morrer de vergonha, porém Ramon disse para não ligar quando ele ficasse totalmente cheio de molho na cara e então me senti mais confortável e disse o mesmo. Nós rimos e se concretizou: os dois estavam cheio de molho no queixo e nas bochechas, tiramos até uma foto. A foto ficou tão engraçada que coloquei de perfil do contato do celular. Me senti uma italiana comendo macarrão errado na Cidade Maravilhosa.