Por Apolo.
Não falar com Amélia tem sido doloroso. Vê-la me ignorar é a pior parte. Começou quando Samanta deu chilique por eu passar tempo demais com minha amiga, mas o que eu podia fazer? Amélia é a pessoa mais interessante que conheço, além do fato de não suportar aquelas amigas irritantes da minha namorada. Minha namorada que mal fica comigo fora do colégio. Então, ela brigou comigo por ligar para Abelha nas férias.
Quando a vi com aquela Droga de Carioca, meu coração se apertou... Eu estava perdendo-a na minha frente. Minha cara de frustração me entregou e Samanta e eu brigamos. Brigamos muito e sei que todos ouviram. A verdade é que nosso relacionamento não tem mais sentido. Acho que nunca teve.
Foi tudo no segundo ano, quando meu pai começou a trabalhar para o pai dela. "Preciso me manter nesse emprego", ele disse, "Você tem que me ajudar". E então, fui obrigado a me aproximar dela e a namorá-la. Estava tudo bem: meu pai estava feliz, ela estava feliz. Mas eu não. Até que uma garota nova resfriada quase atrapalhou minha aula favorita. Até que eu conheci Amélia.
Samanta me proibiu de falar com ela desde o parque e eu não posso fazer nada, porque não posso terminar com ela. Tenho que ficar com alguém que nem ao menos gosto, enquanto sou obrigado a ignorar a garota que amo. É isso. Eu amo Amélia. E eu sei que não nos conhecemos há tanto tempo assim, mas eu a amo. Será realmente possível?
Eu quero ficar com ela e segurar a mão dela. Deixar que ela me faça cafuné e eu, nela. Quero ouvi-la cantando, sem ter de me preocupar em parar de olhá-la. Tocar nela, no rosto dela. Sentir sua respiração. Nunca pensei que eu pudesse me sentir assim em relação a alguém.
Eu quero Amélia Lombardi.
E eu não posso nem aos menos falar com ela.
Ela estava no ponto de ônibus comigo. Passou tão perto de mim, que eu pude sentir seu cheiro - por ironia do destino - de mel. Eu estava sozinho, Samanta já havia ido para casa. Eu podia falar com ela, porém esta estava me ignorando. Deixei então que ela passasse na minha frente, para sentir novamente seu cheiro, e lá estava ele.
Quase sentei ao seu lado, mas me contive. Quando ela fez sinal, não consegui me controlar. Eu simplesmente precisava falar com ela e ouvir sua voz. Ver seus grandes olhos esverdeados que nunca consigo ler, ou entender. Então eu desci.
- Mas que droga, Amélia! - eu queria pegá-la em meus braços. Ela estava prestes a chorar. Eu não estava aguentando. Bati com raiva no portão dela. De repente, começou a chover e os pingos se misturam às suas lágrimas. Me controlei para não puxá-la para perto de mim e protegê-la, explicar que eu também sinto sua falta. Respirei fundo e fui embora, antes que fizesse o que mais queria e quero.
Eu não suporto mais. Eu preciso terminar com Samanta.
Meu melhor amigo está me perturbando para que eu vá numa droga de festa no nosso vizinho, ou seja, na casa dele. O irmão estava fazendo uma festa aleatória só porque os pais viajaram, e eu, como um bom amigo, deveria ir. Eu não estou afim de ir, porque 1) Tenho um teste de História amanhã, 2) Ainda não consegui falar com Samanta e ainda preciso bolar isso, e 3) Não quero ir.
Só concordei em acompanhá-lo porque ele é meu melhor amigo.
- Manda uma mensagem para Samanta, diz que vai sair. - ele me disse e foi o que eu fiz. Como esperado, não obtive resposta alguma.
Arrumei-me para a festa enquanto Gustavo trocava mensagens com a namorada, Jéssica. Minha mãe fazia bolo no andar de baixo, o que me fez ficar enjoado. Ter uma mãe boleira era ótimo, menos sentir cheiro de bolo todo dia, o dia inteiro.
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O Que Não Fazer Antes de Morrer (em revisão)
Teen FictionComo se já não fosse ruim o bastante ser aluna nova, Amélia estava entrando num colégio novo para cursar seu último ano do Ensino Médio. Nem um pouco animada com a situação, começou a mudar de ideia quando conheceu seu novo colega de classe, um cole...