Vinte e seis - Pare de Fazer Listas

11K 1.2K 1.2K
                                    


"Eu não sei, você conhece milhares de pessoas e nenhuma delas te toca. E aí você conhece uma pessoa e a sua vida muda pra sempre."

Amor e Outras Drogas


Somos uma gangue. A gangue feminina. A gangue que está atraindo todos os olhares da quadra. Mães, pais, professores, alunos e alunas. Todos olham para nós. Sinto-me como nos filmes de Hollywood que vemos no cinema: aquele grupo de meninas que passam pelos corredores andando como bailarinas e com os cabelos esvoaçantes provavelmente proporcionados por um vento misterioso que atinge apenas elas.

Hoje é cinco de dezembro, dia da minha formatura. A formatura da minha antiga turma seria no final de semana seguinte, então viemos todas juntas: Júlia se equilibra nervosamente em cima do salto, ao meu lado; Gabriela anda como se pisasse em ovos e Larissa, bem, ela desfila confiante como se fosse uma modelo profissional. Eu ando depressa com minhas sapatilhas. Eu tenho pressa. Eu teria uma lista de motivos para ter pressa, mas, no momento, só tenho um. E ele tem nome. Olhos como céu. Covinhas. Cheiro de bolo.

Apolo Drummond.

Não nos vemos desde um dia após o concurso, porque a família dele viajou repentinamente e ele foi obrigado a ir junto e só chegou ontem à noite. Ou seja, só ficamos dois dias juntos. Então, sim, eu tenho um ótimo motivo para ter pressa.

A quadra continua com as cores que dão fome, mas está enfeitada. Até parece bonita. Existem fitas pairando no telhado, cadeiras com panos chiques e laço azul e tudo o mais. Uma mesa no centro com todos os canudos indica que é onde os professores irão sentar. A quadra já está meio cheia por conta do horário e nas fileiras do meio, consigo ver minha mãe e Remo sentados. E Pietro. Meu pai realmente veio.

Aviso às meninas e vou em direção da minha família. Ele veio. Ele veio.

Dona Maria deixa que meu pai me abrace primeiro e fico grata por isso.

- Uau, você está linda. Vem cá. – Pietro me envolve em seus braços e me sinto protegida, protegida pelo pai. Uma sensação que nunca tive o prazer de experimentar tão livremente. Nosso abraço é demorado e eu não me importo com isso, não tenho vergonha. Eu não ligo. Meu pai veio me ver e não foi por obrigação. – Senti saudades. – ele sussurra.

- Eu também.

Nós quatro ficamos conversando, até que Remo acena para alguém atrás de mim. Quando viro, fico paralisada. Fico atordoada. Seus olhos fixam nos meus enquanto vem em minha direção. Minha boca ainda está aberta e não consigo fechar até ele estar mais próximo.

Apolo está lindo. Lindo, Amélia? Lindo chega a ser xingamento. Apolo está espetacular. Fantástico. Ele está extraordinário.

Agora ele está ao meu lado e não sei se devo pegar em sua mão, não sei o que fazer. Abraço-o e viro-me para minha família. Minha mãe e Remo o cumprimentam e o apresento para Pietro.

- Apolo, esse é meu pai: Pietro. Pai, esse é Apolo, meu...

Meu o quê? Não sei como apresentá-lo. Namorado? Não, quer dizer, não sei. Não oficialmente. Ficante? Com certeza não irei fazer meu pai falar "Ah, então é você quem pega minha filha.''. Ok, amigo.

Antes que eu falei alguma coisa, Apolo estica a mão e diz que é um prazer conhecê-lo. Sorrio nervosamente, realmente espero que meu amigo não perceba isso. Peço licença e puxo Apolo comigo até a arquibancada, me misturando com os outros alunos.

- Eu não consigo parar de olhar para você.

- Vou ficar com vergonha.

- Você já está. Gosto quando sua bochecha fica corada. – Apolo acaricia meu rosto e eu o deito na palma de sua mão. Entrelaço meus dedos na sua mão livre e sorrio. – Amo seu sorriso.

O Que Não Fazer Antes de Morrer (em revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora