12- Mais um dia.

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Entrei em casa sem um miligrama de coragem. Depois da conversa com o Bruno na lanchonete, simplesmente nos despedimos e ele voltou a ''trabalhar'', não vou condenar a ''profissão'' dele, tudo bem, eu sei que não é uma coisa que você possa ver todos os dias, porém ele parou de roubar a alguns meses.

Deitei-me no colchão novamente, e fiquei encarrando o teto, já era 18h e eu estava totalmente entediada, amanha eu iria para o trabalho novamente e tinha que procurar na cômoda velha minha carteira de trabalho e os documentos necessários para me fichar no trabalho. Esse tinha que durar, a maioria das festas que eu frequentava era do sábado para o domingo, o que era bom. Porque eu não corria o risco de chegar bêbada no serviço como já aconteceu.

Revirei-me na cama, sem saber o que fazer, estava sem paciência para mexer no celular, mais sem coragem para me levantar e fazer qualquer outra coisa, eu estava sozinha. Meu coração se angustiou de depende e passou pela minha cabeça pegar a faca mais próxima ou objeto cortante e cortar meus pulsos. Não via mais motivo para viver, o quem sabe até me atirar de uma ponte. Havia uma próxima a minha casa, a ponte cortava um enorme rio, levando os carros de um lado para o outro.

Parecia a oportunidade perfeita para acabar com o que estava me acabando. A dor.

Eu me sentei em prantos e novamente vi o folheto da igreja que estava amassado e jogado no canto. O que DEUS poderia fazer? Ele não existe isso é apenas uma ilusão que as pessoas inventaram para que outras pessoas se achem amadas por um ser invisível. Se ele me amasse tanto assim, nunca teria permitido que meus pais morressem, se ele me amasse como muitos crentes dizem, eu nunca passaria por tudo que passei, e vou continuar passando.

Uma batida na porta me faz acordar dos meus intensos pensamentos. Sequei as lágrimas e fui ver quem era.

Vanessa. Como ela encontrou minha casa? Abri a porta de vagar e a olhei surpresa.

-Você? -falei sorrindo. -Como me encontrou?

-Eu peguei seu endereço no currículo, quis ver onde era sua casa. -ela respondeu sorrindo.

-Eu estou de saída, mais a gente pode sair juntas, o que acha? -perguntei, era obvio que eu não iria sair para nenhum lugar, mais não queria ninguém como visita em casa, com eu apenas tendo agua para oferecer, ninguém tinha que conhecer minha vergonha.

-Ah, eu na verdade passei para te fazer um convite. -falou sorrindo

Caminhei para a rua ao lado dela.

-Eu faço parte de uma igreja... E vai ter uma concentração super. Especial, um culto para os jovens, você gostaria de ir? -ela abaixou os olhos e depois me encarrou.

Igreja? Serio? Eu iria até para uma boate hoje mais igreja, acabei de me considerar uma pessoa ateia, e a Vanessa me vem chamar para ir à igreja? Procurei no meu pensamento uma mentira convincente para contar.

-Eu já tenho compromisso, não tem como desmarcar ele, mais quem sabe eu vou outro dia. -falei tentando ser verdadeira.

-Ok. Agora eu vou indo não quero te incomodar. -ela sorriu e me abraçou. -A gente se vê amanha?

-Claro. -respondi. -Até amanha.

-Até. -ela respondeu e depois sumiu na escuridão da rua.

Esperei ela tomar certa distancia e comecei a andar pelo bairro, ganhando tempo para que ela pegasse o ônibus e fosse para casa. Passei pela pracinha, onde havia diversas arvores e diversas famílias se divertindo em mais um domingo, o erro das pessoas e não saberem aproveitar os poucos momentos, de agradecer por cada segundo ao lado de quem ama.

Sentei-me no chão e apoiei minhas costas em um tronco de arvore, fique sentada olhando para o parque e dando um leve sorriso para as duas crianças que atiravam areia uma na outra, a inocência delas me chamou a atenção, brincam e não se importam com nada, nem com ninguém apenas em serem felizes e apenas em obedecer aos pais que lhe disseram para não ir para longe.

*

Cortaram a água.

-Ótimo, como eu vou tomar banho agora? -gritei para mim mesmo, eu estava sem pagar a conta de água em torno de dois meses.

Sem água, sem dinheiro. Minha vida realmente estava muito feliz.

Deitei-me no colchão, depois de perceber que a água havia sido cortada, minha garganta estava seca e eu estava com fome novamente.

Fechei meus olhos na tentativa de dormir, porém passei a noite inteira com insônia. Decidi que não ia sair para ''comprar'' droga. Não suportava ter que pegar algo que não era meu. Por mais que eu já tivesse feito isso duas vezes, eu nunca gostei de fazer, apenas precisei.

*

Acordei na segunda-feira assustada. Tive vários pesadelos à noite toda.

Levantei-me e peguei a roupa que iria usar no dia, e fui até a casa da Camilla, pois precisava tomar banho e em casa estava sem água. Fiquei de frente para a porta e toquei a campainha.

-Sophia? Você aqui? -Camilla perguntou assim que me viu na porta.

-Bom dia, posso tomar banho aqui? Cortaram a água lá de casa.

-Claro, entra ai.

Sorri para ela e entrei. A casa dela comparada a minha era uma mansão (em relação aos moveis), nunca entendi como ela usa droga e bebidas e continua ''rica'', com uma vida confortável. Lembra-se do Roberto?

Então eles terminaram há dois meses, antes deles acabarem ele sempre pagava tudo pra Camilla. Ela e a Carina moram juntas, os pais delas morreram, e as duas trabalham na mesma loja de roupa.

-Oi Carina!-indaguei para ela que estava na mesa tomando café.

-Oi Sophia, tudo bem. -ela disse assim que me viu.

Assenti e a Camilla me puxou para o quarto.

-O banheiro é ali. -disse apontando para uma porta do lado esquerdo do quarto. -Toma banho e vem tomar café.

Assenti e entrei no banheiro. Tomei o meu banho, vesti minha roupa (Calça jeans, e camiseta rosa), e fui até a cozinha onde a Camilla já estava comendo nutella.

-Belo café da manha. -falei sorrindo. -Nutella engorda sabia?

-Não, nutella não engorda quem engorda é eu.

Soltamos uma gargalhada e ela apontou o lugar vago na mesa para mim.

-Pão com mortadela, e café, café da manha perfeito, não acha?

-Sendo comida qualquer coisa é perfeita. -respondi.

Tomamos um café tranquilo e nós rapidamente saímos, eu dando mil e um obrigados por tudo a Camilla. E ela saído junto com a irmã.

Muitas pessoas devem achar que ela é mal companhia, mais ela vale ouro e quando eu estou passando dificuldades (desde que meus pais morreram) ela sempre me ajudou.

Peguei o ônibus e fui rumo ao segundo dia de trabalho. (depois que voltei em casa e peguei meus documentos).

*

Oiii meus LOVES!

Espero que tenham gostado do capitulo.

Como será o segundo dia de trabalho da Sophia?

Até o próximo capitulo.

Bjuss

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