Capítulo 35 - Os opostos se atraem

7.2K 525 74
                                    

— Você não vai ficar deitada o dia todo né? —Melissa tentava fazer a amiga levantar.

—Talvez.—Luana falou, com sono.

Não! Levanta logo, Luana! —Melissa gritou. —Vamos na padaria comigo. A gente compra leite condensado pra fazer um brigadeiro.

—Tá. Pode ser.

Era assim que Melissa conseguia convencer Luana a fazer as coisas. O brigadeiro era a chave de tudo.

As duas caminharam até a padaria, caladas. Nenhuma delas sabia o que falar ao certo.

—Você tá melhor? —Melissa questionou.

—Não. —Luana a olhou, desesperada.

—Ai amiga. Não sei o que fazer! O Arthur foi um idiota, a gente vai comer esse brigadeiro e vamos fofocar a tarde inteira. Tenta esquecer isso! —Melissa realmente, não sabia como ajudar Luana.

Entraram na padaria e seguiram pelo corredor de doces. Melissa foi pegar um refrigerante, enquanto Luana pegava o achocolatado e o leite condensado. A menina caminhava no corredor quando viu uma silhueta reconhecível no fim do mesmo. Forçou os olhos e viu Arthur. Era má sorte demais para só uma pessoa.

Luana deu as costas, pegando o leite condensado quando uma mão alcançou seus ombros.

—Luana? —O garoto perguntou. Luana se virou, desejando correr.

Licença. —A menina retirou as mãos do rapaz de seus ombros e ameaçou sair dali.

—Espera. —Arthur a segurou pelas mãos. —Eu queria me desculpar.

—Desculpar? Claro.—Luana riu,em tom de deboche.

Ei. Sério. Eu bebi demais, não sabia o que estava fazendo sabe... A gente tinha um lance tão legal.—Arthur não tinha argumentos.

—A gente tinha.—Luana deu ênfase a palavra tinha— Você bebeu e fumou demais, acha que não vi! Você é um babaca! Achei que você era um cara legal, uma pena que as aparências enganam.

—Não sei por que fiz tudo isso. Mas você devia me agradecer, eu tentei fazer com que você e aquela sua amiguinha, crescessem! Pareciam adolescentes de 15 anos.—Arthur se revelava.

Mas é claro. Estava me esquecendo, muito obrigada.—Luana foi irônica.

—Amiga. Estou te procurando!—A voz de Melissa estrilou pelo corredor.—O que esse garoto ta fazendo aqui?—Melissa fechou a cara assim que o viu.

—Tenho que ir. Mas eu não me arrependo do que eu fiz. Consegui ficar com você, pelo menos. Quem sabe quando você crescer, não rola de novo?!—Arthur debochou.

Luana se alterou. Levantou a mão em poucos segundos e a atirou no rosto do garoto, fazendo um estalo no lado direito do rosto de Arthur.

—Pode deixar. Não me procura mais, idiota.—Luana terminou e deu as costas.

Arthur permaneceu no corredor, não acreditando no que acabara de acontecer.

-

Luana pediu para que Melissa voltasse para a própria casa. Queria chorar sozinha.

Foi o que realmente aconteceu. A menina se deitou e chorou. Se sentiu péssima enquanto lembrava de tudo e a medida que chorava, ia se lembrando de tudo que passou com Arthur.

Pior ainda, era sentir que a coisa que mais fizera nos últimos dias foi chorar deitada na cama. Nem sempre tudo era só sorrisos e alegrias. Se definiu cansada de chorar por coisas que não a levariam a nada. Cansada de sofrer em silêncio, já que ninguém sabia de seus sentimentos e de suas neuras. Cansada de se esconder atrás de escudos que a protegiam de ser atingida por um beijo mal dado, um problema mal resolvido.

Estava farta. Levantou da cama e enxugou os olhos. Não ia chorar por Arthur. O garoto foi tão moleque e inútil que não merecia aquelas lágrimas. Luana não ia mais se importar com quem não dava a mínima pra ela. Tinha chegado a hora de esquecer tudo aquilo e se entregar ao real.

Por mais que achasse que sentia algo por Arthur, aquilo desapareceu a cada lágrima que foi caindo de seu rosto. Claro que não ia esquecer o garoto facilmente e em um passe de mágicas. Mas se se esforçasse conseguiria esquecer sim, afinal, o sentimento por outro alguém era bem maior.

*

Gustavo ficava pensativo em casa, o garoto, por sua vez também tinha suas dúvidas em relação aos sentimentos. Mas viu uma chance de se aproximar ainda mais de Luana já que agora, a menina havia tomado ódio por Arthur.

Tentava confirmar que realmente gostava da menina. Mas não havia confirmação. A única confirmação que tinha era que poderia sim ter algo com ela. E queria ter. Por isso, iria dizer, se explicar, se jogar.

As vezes olhava pra trás e ria da trajetória que fez. Começaram a se gostar através das briguinhas, encontros na sala da diretora, tardes na escola fazendo trabalhos em troco de sigilo para que a diretora não contasse nada aos pais. Gustavo tinha xingado tanto Luana que não sabia como tinha criado aquele sentimento. Era engraçado. Haviam começado da forma errada mas queria tornar certo.

Flashback

—Não acredito que vou ter que passar uma tarde com esse garoto! —Luana bradava na diretoria.

Tinha uns 12 anos.

—Você vai sim. Passar a tarde com esse garoto.— A diretora riu.—E vai fazer isso rindo, não quero ter que incomodar sua mãe pela terceira vez essa semana. Combinado?

Tá. — Luana resmungou.

—Se você acha que eu to feliz por isso, está enganada. Eu só queria meu videogame. —Gustavo lançou um olhar a menina.

Os dois tinham brigado mais uma vez. Dessa vez foram discutir quem merecia a cartinha do bafão. Briga generalizada. Alguns tapas no ar, xingamentos aos montes e de prejuízo, algumas cartinhas pisadas ou rasgadas.

Mais tarde, se encontrariam na escola e fariam um trabalho para colar no mural da sala. Em troca, a diretora não contaria sobre as brigas diárias dos dois.

Não vou fazer isso. —Gustavo murmurou enquanto tirava um mini game do bolso.

—Ah, não vai? Tudo bem. Se você quiser ficar de castigo pra sempre... —Luana chantageava.

— Que saco!

—Que saco digo eu! Tenho que fazer isso e ainda na sua companhia. —Luana resmungava pelos cantos.

—Digo o mesmo de você. —Gustavo finalizou, estabelecendo aquele silêncio no ar.

Luana continuou a escrever algumas coisas no cartaz que fazia.

—Gustavo, pega um copo de água pra mim. —Luana estendia um copo descartável.

—Não. —Murmurou, seco.

—Fala sério. Eu tô ocupada aqui. —Luana mostrava o trabalho que fazia.

—Eu pego em troca de uma coisa.—Gustavo sorriu, sapeca.

—O que?

—Um beijo!—O menino sorriu ainda mais.

—Credo! Eu nunca vou beijar você, seu idiota! —Luana gritou e saiu, indo pegar o copo de água sozinha.

Gustavo voltou aos pensamentos reais, sempre estava se lembrando do passado. Estranho. Parece que os opostos realmente se atraiam.

***

Escrevi esse capítulo mais fofinho hoje,mostrando o que os dois sentem!

E ai?! Os opostos realmente se atraem? Hahaha ;) ❤

Queria agradecer pelos 3,22K de visualizações, nem acredito,é muito significante pra mim!

Quase amigosOnde histórias criam vida. Descubra agora