Quase amigos

Capítulo 12 - Proibido chorar por meninos

Luana estava deitada na cama pensando naquilo tudo que escutou de Gustavo e em tudo o que havia feito. O notebook aberto ao lado do corpo da menina fez um barulho. Uma mensagem. Era Gustavo.

"Me desculpa, eu falei coisa demais, fiquei nervoso com aquilo tudo, erro meu. Desculpa, só não queria estragar a quase amizade que a gente tá construindo."

Luana leu, apertou os olhos e virou pro lado. Não iria desculpa-lo tão fácil, muito menos responder a mensagem. Ela sempre foi assim, nunca desculpou ninguém na mesma hora, não aceitava desculpas e não era de pedir. A menina teve vontade de digitar alguma coisa e derramar algumas lágrimas, mas preferiu segurar e se convencer a não ligar pra nada daquilo. Uma hora passaria.

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Gustavo viu que a menina leu a mensagem e depois ficou off. Ele sabia que ela não o perdoaria rápido, mas escrever alguma coisa foi sua melhor opção. Achou que no mínimo, ela escreveria alguma coisa de volta. Mas não.

O garoto também sabia que tinha passado dos limites ao falar aquelas coisas com Luana, a menina fazia o que quisesse com a vida. Não devia ter falado nada, mas foi mais forte que ele. Quando viu já tinha despejado as palavras em Luana. Por algum motivo imaginava a menina chorando e isso lhe fazia sentir-se culpado.

Preferiu dar um tempo. Não insistiria mais por mensagem. Tinha sido cruel em falar aquelas coisas, mas pediu desculpas. O primeiro passo, as desculpas por mais que não adiantasse muita coisa.

*

— Sério, você já não foi na escola hoje. O que aconteceu com você? Mundo chamando Luana! — Melissa invadia o quarto da amiga. A menina não foi ao Colégio, ficou deitada na cama, pensando nas coisas que lhe aconteceram na semana. Era terça-feira.

—Fiquei aqui, foi só um dia, Melissa. — Luana estava abatida, o cabelo sujo caia sobre seu rosto, vestia um pijama surrado, do lado da cama tinha um chocolate. 

— Ficou ai. Pensando no idiota do Gustavo! Foi por isso que você faltou. Cadê a Luana minha amiga que não ligava pra meia palavra que alguém falava pra te atingir? Cadê? Quando você encontrar ela, me avisa. — Melissa ironizava. Nunca tinha visto a amiga assim. Nunca tinha a visto faltar na escola por uma coisa que tinha feito, por mais errado que fosse, ela sempre ia, mostrava que não ligava. Dessa vez foi diferente, faltou a aula. Isso tudo por causa de um menino.

—  Eu sei. Sou uma idiota. Não consegui ir amiga, eu lembrava daquilo, de como fui... Fora de mim. — Luana queria chorar. Não tinha chorado em nenhum momento, poupou as lágrimas para uma próxima vez.

— Levanta daí! Vou te arrumar, pra você arrasar na escola, mostrar que tá bem, que tá linda.

— Eu não quero mostrar nada pra ninguém. Não ligo. — Luana bradou.

— Não importa. Você vai levantar daí, vai lavar esse cabelo e eu vou arrumar ele. Agora! — Melissa estava prestes a dar um chilique se a amiga não aceitasse. Ainda não sabia o que ia fazer, mas mudaria a aparência de Luana.

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Gustavo se acabava de pensar em Luana, ela não tinha ido a escola. Ou ela estava muito mal, ou planejava uma mudança. Era bem a cara dela. Ficou incomodado quando olhou pro outro lado da sala e não a viu cochichando com Melissa.

Não acreditava que ela tinha ficado em casa remoendo aquilo tudo. Era tão forte, durona. Provavelmente estaria fazendo alguma coisa nova. Era impossível de se imaginar Luana chorando na cama por uma troca de ofensas. Os dois tinham feito aquilo a adolescência inteira. Claro, tinha sido diferente, mas sempre estiveram naquela situação.

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Melissa mexia no cabelo da amiga que estava sentada numa cadeira de plástico.

— O que você vai fazer?

— Juro que você vai gostar! — Melissa falava entusiasmada.

Ficaram ali algum tempo. Melissa pegou papel crepom azul e colocou só nas pontas do cabelo da amiga, que batiam no meio das costas. Foi pouco o tanto que passou, realmente foi só pra dar uma cor. Tinha ficado lindo. O azul não ficou forte então puxou pro verde, as pontas do cabelo de Luana agora tinham uma cor diferente e discreta.

— Agora vou fazer uns cachinhos. — O cabelo de Luana era liso naturalmente então com cachos ficaria ainda mais diferente.

— Não. Pra que? — Ela não gostara da ideia.

— Pra ficar diferente, ue! Deixa Luana, por favor! — Melissa suplicava.

— Tá. Faz logo.

Os cachos caiam bem formados nas costas. Estava linda.

— Você ficou linda! 

— Quero ver isso. — Caminhou até o espelho do banheiro e se encarou por alguns segundos e se virou para Melissa. — Obrigada. Eu amei. — E sorriu. 

—  Que bom que gostou! — Melissa sorriu e deu um abraço na amiga. — E suas unhas, posso fazer? 

— Elas estão grandes, queria lixar. E passar um esmalte preto. — Por mais que Luana tivesse aquela pose de durona era muito vaidosa, gostava de se cuidar e se arrumar, nada exagerado mas gostava.

Era uma menina como as outras. As unhas ficavam sempre no preto, e bem cortadas. Odiava a unha grande, era cortada bem onde o dedo termina, não ficava feio afinal não ficava tão pequena, o esmalte preto ajudava a disfarçar.

— Lixar? Sua unha tá normal! A minha tá bem maior! —  Melissa reclamava.

— Quero lixar. Você sabe que odeio elas grandes demais. E quanto a cor, não gaste seu tempo tentado eu passar outro esmalte. — Luana comunicou a amiga que suspirou e se sentou para lixar a unha.

As duas estavam praticamente num dia de salão de beleza, só que em casa. Quando tinham lá seus 14, 15 anos uma vez por semana marcavam uma na casa da outra para arrumarem o cabelo com escova, e fazerem as unhas. Uma fazia da outra, não gastavam nada e ainda era pura diversão. Há muito tempo não faziam isso.

— Lembrei de quando a gente era mais nova. — Melissa olhou pra amiga.

— Verdade. A gente fazia isso sempre. — Luana lembrava daqueles dias.

— Que saudade. Precisamos mais disso! — Melissa sorriu e Luana retribuiu. Sentiam saudade da época que não se preocupavam com nada e não choravam por besteiras ou garotos. Eram tão mais livres e divertidas.

— Você vai arrasar amanhã na escola! — Melissa animava a amiga enquanto se dirigia a porta para ir embora.

— Vou sim. — Luana foi irônica. —  Obrigada,Mel. Eu amei nosso dia. 

— De nada, sou sua melhor amiga ne! —  As duas riram. Eram tão unidas. — Tchau tia Luiza! —Melissa gritava dando tchau a mãe da amiga. — Tchau, Pedrinho! — Fez um carinho na cabeça do irmão da amiga, tinha 13 anos, odiava ser chamado de Pedrinho. Luana e Melissa falavam de propósito.

— Tchau amiga! —  As duas se abraçaram.

Tinham uma amizade impecável. Era tão bonito.

***

Nesse cap temos:

1) Quase o nome do livro sendo citado na historia.

2) Cabelo azul!!! Eu pensei em pintar o cabelo dela de rosa porque eu odeio azul - me julguem! - mas decidi ficar no azul e puxar ele pra um verde, pra eu não odiar tanto.

3) A Luana tem um irmão!!!! E ele é um amor, sim. e muito engraçadinho. 

e 4) eu puxo muito o saco dessa amizade que eu criei!!! ahhhh, é muito lindo ver que elas são tão cúmplices e fazem tudo juntas... eu amo minhas amigas assim também! Você tem uma amizade nível Luana e Melissa?

bjo.