Capítulo 15

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Ao colocar os pés dentro do salão Blane não se sente melhor, quer arrancar a cabeça do tal Jason. Por que Ana o chama pelo nome? Aquilo o deixa ainda mais inquieto. Quando vê Ana conversando com ele, sente seu sangue ferver de raiva, ele sabe que o estranho a quer como mulher, pode sentir, e por um momento quase que o mata ali mesmo.

A imagem de Ana olhando para aquele sujeito não sai  da sua cabeça o deixando doente de raiva. Blane não permitiria que ninguém a tocasse, somente ele. A única coisa que precisa é resolver as coisas com Angelica e logo terá Ana só para ele, assim vai poder afastar qualquer um que chegue perto dela. Pois eles se casariam em breve.

Já em seu quarto Blane ainda sente a dor de cabeça, tira o um pouco das roupas que veste, e descalça as botas para sentir o chão frio em seus pés. Apenas de camisa e calça comprida, Blane sente sua humanidade em pequenos detalhes. Essa é uma diferença que ele nota desde a chegada de Ana.

Ele sente o ar em seus pulmões e as batidas de seu coração lhe garantem que está vivo. É muito difícil sentir algo quando se tem uma fera impiedosa que assombra seu peito. Coloca a mão em seu coração e olha para o Jardim. Ana está lá com os seus cabelos pretos soltos, ela está estonteante com aquele vestido azul.

Ana sempre está com os cabelos soltos, ela é livre e demonstra isso. Liberdade! É tudo o que Blane quer, libertação. Quer ser livre para beija-la sem se preocupar de senti-la, sem ter medo de acabar machucando-a. As batidas de seu coração aceleram.

Sim! Blane diz para si mesmo, como se respondesse ao seu coração que Ana é a responsável por essa reação, e que ninguém jamais o faria sentir o mesmo.

Assim que se vira em direção à cama, a figura loira o olha determinada, o pegando de surpresa.

— Oi meu amor. — Diz antes de perfura-lo com uma adaga negra.

Angelica torce a adaga sentindo o prazer da dor que causa em Blane, depois retira a adaga vendo o sangue jorrar.

— O que você fez Angelica? —Blane pergunta sufocado pela dor.

— Preste muita atenção no que lhe direi agora Blane, — Angelica coloca o dedo indicador no queixo de Blane — Essa adaga foi envenenada, você não vai mais se lembrar de Ana, apenas se lembrará de mim, da nossa relação, e de como você ama ser a fera, e vai matar quem entrar no meu caminho, entendeu?— Os olhos de Blane dessa vez se tornam vermelhos — Eu avisei que você pertence à mim, Blane Collins.

A visão de Blane está cada vez mais escura, e sem poder reagir Blane deixa-se levar pela escuridão.


               ___*___

— Geórgia! —Ana chama —Acho que já esta bom! — grita do outro lado do canteiro que prepara para plantar mais flores que Malcolm havia providenciado. 

Ana acena para Georgia que saía pela porta em sua direção, porém Geórgia cai no chão desamparada. Carmem se adianta para ampara-la.

— O que aconteceu?— Ana pergunta pegando Geórgia e a colocando deitada em seus joelhos.

— Angelica roubou uma de minhas a adagas. 

— Ah meu Deus! Ela lhe feriu? — Carmem ajoelhada procura pelo ferimento.

— Não! Mas a adaga é enfeitiçada... estava preparando-a para Angelica... e não sei como, mas ela descobriu e a pegou de mim. Ana... vá até Blane e não... permita que ela o amaldiçoe de novo.

— O que a adaga faz Georgia? —Ana pergunta colocando-se de pé.

— Eu ainda não havia terminado, então, ela pode fazer qualquer coisa. — Geórgia diz.

Ana se desespera no momento em que pensa em Blane. Sem esperar por qualquer reação, Ana corre para o encontrar, ela atravessa o salão, provavelmente ele estaria em seu quarto. Corre sem parar até chegar ao quarto dele. Ao ver Blane em pé de cabeça baixa, Ana sente o alívio bater em seu coração.

— Blane... — Ana o chama se aproximando.

Ele não responde, ela pode ver que ele respira de forma estranha, seu abdômen está agitado,  ainda mais pálido, seus cabelos estava bagunçado.

— Blane. —Ana o chama outra vez, sua pulsação aumentando.

Sem resposta, ela estende a mão para tocá-lo. Blane ergue a cabeça, os olhos vermelhos a encaram.

— Não me toque!— rosna enfurecido.

Sua voz é ameaçadora, seu olhar é de escuridão total, Ana está apavorada e vê o sangue em seu peito.

— Está ferido... deixe-me...

Ao tentar colocar a mão em Blane, ele a segura pelos pulsos, a pressão é esmagadora.

— Quem é você? Como ousa me tocar?— Blane vocifera.

Ana solta um grito de dor, tinha a impressão que seus pulsos seriam quebrados. Então ela percebe que ele estava enfeitiçado.

— Se acalme querido. — Diz Angelica saindo da escuridão.

Blane solta Ana, que não perde tempo e dispara pra cima de Angelica. Nem mesmo chega a um centímetro de Angelica e Blane já a segura.

— O que fez com ele? — Ana grita enfurecida.

— Ela não me fez nada.— Blane responde a pergunta — Quem é você?— Blane a vira de frente.

—  Ela é a nova empregada, querido. 

Ana arregala os olhos e entende que aquilo é a troca que estava recebendo pelos arranhões feitos nos rosto da outra. Angelica quer vê-la sofrer da pior e mais cruel maneira. Ana não sabe o que fazer, Blane parece não se lembrar dela.

A melhor maneira de reverter é entrando no jogo de Angelica, que esconde o sorriso de triunfo atrás da máscara de inocência. Blane ainda a olha em dúvida, mas Ana não seria tola e entraria no jogo dela. Por ele.

— Me perdoe, Sr Collins.— Ana treme de raiva.

— Saia. — ordena Angelica.

Ana vira a cabeça com rispidez para Angelica, sua vontade é acabar com ela ali mesmo, porém percebe os planos que a mulher tem em mente. Colocar Blane contra Ana. Ver Blane finalmente ser todo de Angelica, deixa Ana ainda mais determinada a lutar por ele.

Engolindo a resposta mal-criada que preparava para dar a Angelica, ela aperta as unhas na palma das mãos ferindo a pele. Sai do quarto e corre até Georgia que está sentada no banco do jardim.

— É tarde de mais. Acabou. Ele não se lembra de mim.

— O que?— Carmem pergunta perplexa.

— Quando eu cheguei ele estava ferido no peito. —Ana conta sufocada pela aflição— Ele está ferido.

— A ferida se fecha assim que ela retira a adaga. —Georgia explica— O problema maior é o veneno que ela despejou em Blane.

— O que a adaga fazia aqui Georgia?— Carmem pergunta.

— Blane me pediu para enfeitiçar a adaga, porque isso ajudaria Angelica aceitar mais fácil o colar. Só não imaginava que Angelica soubesse disso.

O Segredo da Fera ( Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora