O Segredo da Fera ( Concluído)

Capítulo 13

Na noite seguinte Carmem prepara o jantar, todos sentam-se a mesa ansiosos pela refeição.
Blane e Ana se entreolham por segundos, sentindo a calma e a felicidade daquele momento. Georgia e Malcolm estão em uma discussão acalorada sobre verduras, enquanto Carmem coloca o último prato de batatas sobre a mesa.

Todos se servem, quando um barulho vindo da porta do salão os interrompe. Blane sente seu corpo enrijecer no mesmo instante. A moça ao seu lado para de sorrir, sentindo o cansaço de sempre haver uma mudança brusca de sentimentos.

Angelica avança com passos descansados, com seu vestido rosa e branco parece uma menina, sua face está serena, se Ana não a conhecesse jamais diria que ela é capaz de causar tanta dor. Senta-se a mesa, sem sequer dizer uma só palavra, parece a vontade, mesmo com os olhares de repulsa.

Todos estão em silêncio, apenas os barulhos dos talheres batendo nos pratos a cada garfada são ouvidos. Ana sente-se incomodada com aquela ausência de barulho e a melhor maneira de fazer com que a tensão diminua é quebrando aquele silêncio.

- Em fim conseguimos colocar as mudas no jardim. - Ana olha para Blane - Sei que irá demorar até elas nascerem e florescerem, mas Geórgia disse que tinha uma poção para agilizar esse processo. - sorri para ele - Achei melhor deixá-las nascerem no tempo certo.

Ana olha para Georgia e faz uma careta para que a senhora também falasse algo. Georgia arregala os olhos.

- Sim... Ana trabalhou muito... com toda certeza será um jardim maravilhoso.

No entanto todos continuam em silêncio, Malcolm e Carmem olham o prato a sua frente, Angelica toma sua bebida com aquela cara de mal humor de sempre, e Blane nem chega a encostar na comida.

Ana suspira, como poderia a paz passar acabar assim, de uma hora para a outra?

O jantar termina, todos se retiram em silêncio, Blane apenas lhe lança um olhar e sai. Ana ajuda Carmem a tirar a mesa, mesmo que contrariando a empregada que sempre dizia não precisar de ajuda. Às duas estão na cozinha até que escutam um grito alto de um homem.

- Blane!- As duas gritam ao mesmo tempo e correm para o salão principal.

E com um certo alívio Ana vê Malcolm pular de dor.

- Mas o que é que está acontecendo aqui? - Carmem pergunta.

- Acertei o dedo. - Malcolm diz ainda apertando o dedo fazendo uma careta.

Às duas se entreolham e gargalham, o homem as olha com mal humor.

- Se eu ficar sem o dedo provavelmente vão ter sérios problemas aqui. Quem vai consertar esse lugar? - Diz assoprando o machucado.

- Péssima ideia concertar isso agora no escuro. - Carmem esbraveja, apontando para a tábua colocada em uma das janelas.

- Mas a chuva não vai espera ate amanhã! -Malcolm responde mal humorado.

- Posso saber qual é a graça? - Angelica aparece sorrateira. - Eu também quero rir.

As duas a olham, a graça se fora, o ar toma outro rumo, do qual Ana estava se acostumando.

- Nada que você ache engraçado. - Carmem diz parando por um momento e a olhando séria.

- Empregadinha insolente! Eu devia me livrar de você como fiz com o seu namoradinho. -Angelica sorri, ela sabe o que fala e que irá atingir no alvo.

Ana olha perplexa para Carmem que abaixa a cabeça, Malcolm apenas olha para Carmem e anda até ela para leva-la para longe de Angelica. Ana não sabia que a mulher que a acompanhou desde sua chegada tinha alguém ou família, afinal ela nunca havia mencionado nada, nem nas tardes de chá.