Capítulo 19

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Depois que Blane consegue se lembrar de Ana, tudo parece ter voltado ao seu lugar, ou quase. Sempre que sentam à mesa ou quando conversam sobre algo perto da lareira, Angelica os lembra de sua presença.

O estranho é que ela nunca menciona o fato de Blane ter recuperado a memória, talvez porque ela saiba o que Ana fez, porém Ana duvida que ela não usaria isso mais tarde, para deixá-los em situações ruins.

Mesmo com as lembranças em sua mente, Blane ainda se mantinha distante. Essa é solução para eles sempre fiquem separados e finjam quem nada está bem, só assim deixaria Angelica satisfeita. O que é muito difícil, pois às vezes Ana encontra o olhar de Blane, e tudo em seu corpo parece vibrar com aquela troca de desejo que ele sempre lhe lança.

Ana não sabe se é proposital ou involuntário o jeito que Blane a olha, mas é tão intenso, que dá a sensação de que ele a toca despertando nela seus desejos mais primitivos. Todos se juntam naquela noite para o jantar, e como sempre, o ar está pesado, Blane ainda não havia dirigido a palavra a Angelica e Ana prefere ficar em silêncio.

— Que bom que voltou Geórgia.— Diz Carmem levando a colher a boca.

— Parece que fui embora cedo demais.— Georgia olha para Angelica que revira os olhos.

Novamente o silêncio se abate na mesa. Ana parece fazer movimentos controlados e pensados.

— Eu não aguento mais isso!— Ana se levanta e vai até a porta.

Todos olham pra ela, inclusive Blane, que  se levanta e a segue. É difícil ficar no mesmo espaço que Angelica. Ana lança um olhar pera Blane, que não sabe dizer se é irritação, frustração ou as duas coisas.

— Ana. — Blane a chama segurando seu braço.

— Não. Mande-a embora.— Implora.

— Não posso, ainda não.

— Ela vai te machucar de novo... eu sei que vai!

— Não dessa vez.— Blane lhe acalma colocando a mão em seu queixo.

Por mais que quisesse sentir confiança nas palavras dele, Ana não consegue acreditar. Só ela entende a dor de vê-lo sofrer.

___*___

Olho para meus pés encharcados de lama e sinto o cheiro de quem procuro.

A chuva cai e as gotas batem no solo.

Eu consigo ouvi-las, cada gota, uma por vez... eu consigo ouvi-las.

Minha visão sempre tão apurada, meu o faro sente até o cheiro da água que cai do céu...

É eu sei... mas como isso é possível?

Meu corpo parece maior, minhas mãos são como as de um gato assustado com garras afiadas pronta pra estraçalhar o primeiro que cruzar o meu caminho.

 Ana Macread!

Ouço a voz na minha cabeça e por extinto volto para minha casa. Cheiro o salão, o perfume dela parece tão perto, mas sei que esta tão longe. Me sinto Grande demais e forte também, parece que nada é impossível, mas não me sinto o mesmo.

Sinto que tenho que ir até o quarto de Ana, e é exatamente o que eu vou fazer. Abro a porta devagar, ela parece que havia encolhido ou tal vez eu é que tenha crescido ainda mais. Olho para dentro e apenas a luz do luar ilumia o quarto, volto-me para cama onde ela dorme profundamente.

O Segredo da Fera ( Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora