Capítulo XVIII

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Camila POV

O beijo não durou mais que dez segundos, um tocar de lábios sutil. Mas tempo suficiente para que lagartas que povoavam em meu estômago virarem casulo. Depois seria questão de tempo para que as borboletas dominassem aquele ambiente inóspito.

Lauren me olhou, talvez esperasse que eu brigasse ou gritasse, mas estava sem palavras, estupefata. Permaneci em silêncio, seus olhos perdidos dentro do meu ser. O que aquilo tinha significado ainda não sabia definir. Talvez soubesse, mas a parte racional recusava-se a admitir tal ideia de que algo há muito adormecido estivesse lutando para acordar. Eu não poderia admitir e fraquejar em sentimentos que uma vez me levaram a ruína.

Abaixei meus olhos como se nada tivesse mudado, como se o beijo não estivesse existido e fingi ler, mas as palavras dela embaralhavam-se e eu forçava meu corpo a não agir instintivamente, pois minhas mãos coçavam para tocar meus lábios, eu estava surpresa pela ousadia de Lauren. Confusa sem saber se estava com raiva, admirada ou encantada.

[...]

Ela me olhava diferente. Um olhar não tão diferente de como me olhava nas últimas semanas, aquele olhar intimidador, que significava que não desistiria até extrair a última gota de verdade em mim. Eu continuava fingindo-me alheia àqueles olhos. Continuava arrumando o quarto como se nada tivesse acontecido, como se ela não estivesse ali. Eu não podia parar para encará-la, se não ela ficaria me azucrinando até eu começar a falar e admitir verdades que não estava pronta para admitir.

- Qual é Mila? Admite que você tem saudades dela. Já tem uma semana desde que ela deixou de viver aqui. - tentei protestar, mas ela negou com o dedo. - Nem ouse falar nada porque ela estava vivendo aqui. Lauren dormia aqui.

- Ela dormia no quarto de hóspedes. – resmunguei.

- Que seja. – Dinah deu de ombros. - Por mais que eu não goste dela, a Jauregui estava cuidando de você e ainda está, mas desde aquele dia no parque... - rolei os olhos. Dinah fazia questão de lembra-me sempre que podia.

- Para que eu fui te dizer mesmo? - me questionei.

- Admite que você está sentindo falta de acordar - ela disse ignorando minha pergunta. - e ter seu café da manhã pronto e seu filho todo arrumadinho, tudo organizadinho para você. A casa limpa, as roupas lavadas. Lauren era praticamente sua escrava, seu cachorrinho... Se você a mandasse sentar, ela sentava, se a mandasse correr, ela corria, mas desde o dia que você não fez nada depois do beijo, ela simplesmente voltou pra casada da irmã. - continuei a arrumar, pois não queria tocar nesse assunto novamente.

- Dinah, nós já discutirmos sobre isso. Não vamos voltar a tocar nessa tecla... Não tinha o que ser dito depois do beijo. Eu não fiquei com raiva, não senti nada... Eu só queria minha privacidade e eu nem quis cobrar isso a ela, Lauren apenas decidiu sair. Não posso dizer para ela que senti alguma coisa se eu sei que não senti.

- Você está mentindo para você mesma – acusou. - e você sabe disso, mas você adora continuar mentindo, mentindo, mentindo... – rolei os olhos. - e vivendo nesse ciclo de segredos. Por que você não expõe suas mágoas e seus medos a ela. Coloque tudo em pratos limpos... Não faz muito tempo que disse que não gosto dela, e ainda não gosto, mas ela cuidou tanto de você depois que ele foi embora. - separei as roupas que tinham que lavar e comecei a descer as escadas. Dinah me seguindo e falando, falando e eu tentava a todo custo ignorar o que ela tinha para me dizer.

- Qual é Camila! Não me deixe falar sozinha. Você sabe que eu odeio isso, olhe para mim como uma boa menina e me escute. Lauren é o melhor para você.

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