Boa noite e boa leitura, quem sabe não apareço mais tarde....
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Lauren POV
Acordei com uma sensação reconfortante preenchendo meu estômago. Camila estava encolhida em meus braços e dormia tranquilamente, seu corpo subindo e descendo a cada respirar. Uma mistura de sentimentos preenchia meu peito, a mistura resultava em amor. O amor quando livre é um coquetel de sabores. No primeiro gole podemos sentir algo doce, dependendo da quantidade bebida algo ácido invade nosso estômago antes de nos embriagarmos, mas não importa, pois o gosto sempre rasga sua garganta antes de descer e dilacerar seus sentidos. O amor como um coquetel precisa ser degustado como o último drinque da noite.
Beijei delicadamente sua orelha, ouvi Camila se encolher ainda mais em meus braços e grunhir manhosamente. Mordisquei sua orelha, sentindo-me estranhamente no lugar mais seguro do mundo, com ela em meus braços. Há muito tempo, meu peito, não sentia essa sensação de estar em casa. Meus dedos brincavam em sua barriga, apenas para capturar cada mínima reação provocada em seu corpo por meus toques.
Um mexer frenético na fechadura tirou-me de minha devoção.
- Mama? – a voz rouca de David, indicando sua sonolência, invadiu o ambiente. – Mama, abre a porta! – levantei em um pulo da cama.
- Camila?!? – chamei, mas ela apenas resmungou e afundou o rosto na cama.
- Mama? – David aumentou o tom de voz. Mexi novamente, mas Camila não respondeu. Nervosa pela situação em que me encontrava, comecei a me vestir rapidamente enquanto chamava Camila.
- Camila, amor... – supliquei para que ela despertasse. – O David está na porta e olha como estou? Amor, por favor, levanta.
- Atende a porta... – resmungou ela. – Estou muito cansada – sua voz soava abafada pelo travesseiro. -, ele quer apenas saber o que será o café da manhã. – mexeu os braços como se me procurasse pela cama, mas desistiu ao perceber que já não me encontrava lá.
Abri a porta sentindo todo meu sangue se concentrar em minhas bochechas.
- Tia Lauren! – exclamou. Fechei a porta do quarto para que ele não pudesse ver Camila deitada na cama, nua. – O que a senhora faz no quarto da minha mãe? – inclinou a cabeça mostrando sua curiosidade.
- Eu, humm... – comecei a gaguejar. – Eu acordei e vim conversar com sua mãe, mas ela não está se sentindo bem e me pediu para preparar um café delicioso para você! – as palavras começaram a fluir sem pausas. David olhou para mim e depois para a porta como se processasse a informação ou analisasse as possibilidades de tudo ser uma mentira, não sabia ao certo o que aquela expressão queria dizer, muitas de suas expressões ainda me eram desconhecidas, o que me deixava frustrada por não compreendê-lo em todos os momentos.
- O que ela tem? – bocejou após a pergunta.
- Um pouco de dor de cabeça. – menti desconfortavelmente. – Que tal você ir tomar um banho para não se atrasar, pois sou eu que vou te deixar na escola, enquanto eu preparo um café delicioso para você. – David olhou novamente para porta antes de concordar com a cabeça e dirigir-se ao seu quarto.
Após alguns minutos David desceu. Eu estava preparando um copo de vitamina de morango enquanto uma tigela de cereal lhe esperava.
- Quero ver se você já é um homem mesmo. – o chamei para ver se estava banhado. Verifiquei suas unhas, atrás da orelha e se os dentes estavam escovados. – Por que apenas Camila pode te dar banho?
- Porque ela é minha mãe! – deu de ombros. Olhou para um lado e depois para o outro. – Nós meninos temos uma torneirinha que as meninas não têm... – sussurrou. – As mães podem dar banho porque elas nascem para dar banho nos filhos, mas as outras meninas não podem ver. – confidenciou. – Às vezes deixo a abuela me dar banho, mas não gosto porque tia Sofi também quer, ou aparece no banheiro e eu fico vermelho porque ela é menina, e eu sou menino... – seu rosto ganhou uma coloração avermelhada. Acariciei seu rosto me divertindo com seu ponto de vista.
- Acabei de fazer uma deliciosa vitamina de morango! – peguei um copo e o servi, buscando mudar o assunto para que ele perdesse o desconforto. – Você tem que se alimentar direito, pois está em fase de crescimento. – David sentou em uma cadeira mais alta para ficar na posição correta na mesa. – Se você se alimentar apenas de besteira não vai ficar forte como o Siope... - coloquei uma tigela cheia de cereal para ele. - O que você vai fazer amanhã? – me servi de um pouco de café amargo, costumava tomar pela manhã para me despertar.
- Amanhã tenho jogo... Não é um jogo sério porque já ganhamos o campeonato, mas o professor marcou com outra escola e ele disse que é... – colocou a colher na tigela e parou para pensar. – humm... Acho que é estojo...
- Amistoso.
- ISSO MESMO! – gritou surpreso.
- David, baixe o tom de voz. – Camila surgiu na cozinha, o cabelo preso em um coque mal feito. Seu corpo coberto por uma calça de moletom preta e uma blusa de moletom cinza com o nome Miami em vermelho.
- Desculpa. – levou outra colherada de cereal a boca. - A senhora está melhor? - Camila concordou com a cabeça. – Mas o que é um amis... amistoso? - perguntou a mim.
- É uma partida desportiva, ou seja, de algum jogo, que é marcado e que não faz parte de um jogo de campeonato. As pessoas marcam os amistosos como treinamentos ou apenas como diversão. – David me ouvia atentamente. - Quem vai assistir ao seu jogo?
- Ontem tio Troy disse que estaria torcendo por mim. – bebeu um pouco da vitamina. Camila beijou seus cabelos e serviu-se de suco de laranja. – Está uma delícia... – sorriu. – Será se essa vitamina me dá forças... Porque eu poderia tomar amanhã e fazer muitos gols. – levantou os braços em comemoração. Camila sentou-se próximo dele e o encarou contemplativa.
- Lauren jogava softball quando mais nova. - acariciava seus cabelos tranquilamente. - Ela entende muito de jogos e acho que serviria como um apoio extra já que não poderei ir. – David baixou a cabeça. – Não faz essa carinha, eu tenho uma reunião amanhã e não posso adiá-la. – beijou sua bochecha.
- A senhora torce para algum time? – sua voz saiu um pouco triste, imaginei que ainda estivesse querendo a presença da Camila com ele. Coloquei a xícara na pia.
- Quando morava em Londres eu torcia pra o Chelsea Football Club, mas aqui eu torço para New York City Football Club. – os olhos de David se arregalaram com a minha resposta.
- A senhora torce pra o mesmo time que eu. – colocou a mão na boca surpreso. – Mama não entende de futebol e não tem time e quando assiste aos jogos torce para o Brasil. – rolou os olhos. – ou México.
- Eu gosto do Brasil. Um dia passaremos férias em família lá! – David pareceu não ouvir o que Camila disse. Seus olhinhos, que estavam em uma coloração quase azul, brilhavam em minha direção. David desceu da cadeira e caminhou em minha direção.
- A senhora quer ir assistir ao meu jogo? – perguntou esperançoso. Concordei rapidamente com a cabeça. – Que legal, vou apresentar aos meus amigos uma menina que goste de futebol. – seu sorriso se alargou. – A única que eu conhecia era a Rachel porque um dos pais dela é fã de futebol, mas torce para New York Red Bulls – rolou os olhos ao falar o nome do outro time. – Agora vou poder dizer para o Bob que conheço duas garotas que entendem de futebol, eles nem vão acreditar. A senhora vai mesmo amanhã?
- Não perderia esse jogo por nada! – respondi sincera. Meu sorriso estava rasgando a minha cara. Meu coração batia freneticamente ao ver aquele sorriso brilhante, e eu era o único motivo no momento.
- Obrigado! – me abraçou fortemente, depois saiu correndo para pegar sua mochila.
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Secrets
أدب الهواة"Como podemos nós pretender que os outros guardem os nossos segredos se nós próprios os não conseguirmos guardar?" (François La Rochefoucauld)