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Camila POV
Nossa vida é como uma colcha de retalhos. Ao longo dela costuramos pedaços de outras pessoas, pedaços que nós ganhamos. Pedaços que nós roubamos. Pedaços largados que encontramos pelo caminho e até pedaços que somos obrigados a ficar. E são esses retalhos rasgados, sujos, amarrotados, limpos, cheirosos, desgastados que constituem nossas lembranças, das melhores às piores, que constituem nosso ser. Paulatinamente vamos construindo nossa colcha. No percurso, nós costuramos, rasgamos, refazemos, recosturamos, um trabalho árduo que dura enquanto estamos vivos. Cada pedaço nos leva a um momento, pois esses retalhos soltos são nossas memórias avulsas, mas em nossa colcha da vida, torna-se nossa segunda pele.
Lauren voltou para minha vida e aquele pedaço de retalho, que eu rasguei abruptamente quando ela partiu, eu costurei novamente com linhas resistentes. Ela era uma parte significativa da minha vida, das minhas memórias, da constituição do meu ser. Lauren era minha e eu era dela, uma simples equação.
Faltando três dias para a passagem do ano viajamos à Miami. Veronica, Lucy e Anne tinham passagens compradas para Portugal, mas nos prometeram fazer uma visita assim que uma folga surgisse, assim como também prometemos o mesmo. Nosso intuito inicial, em Miami, era curtir a família, uma pequena folga da agitação de Nova York, mas com o pedido de casamento, nós aproveitamos para notificar a todos. Fomos recebidos no aeroporto pelos Cabello's e Jauregui's, que se mostraram surpresos e felizes com a ideia de nosso casamento. Minha mãe desatou a tagarelar com Clara, ambas combinando coisas para um casamento que nem data marcada tinha. Meu pai e o de Lauren estavam radiantes com a ideia de nos ter oficialmente como noras.
Depois de abraços, choros e conversas nos corredores do aeroporto fomos a minha casa, pois por mais que a casa da Lauren fosse maior, eu bati o pé e como ordem final disse que iríamos ficar hospedados em minha casa e mesmo sem gostar da ideia, Lauren acatou.
- Eu quero que ela vá embora! – Lauren entrou no quarto como um furacão, puxando-me a realidade.
Sofia ainda morava com meus pais e no Natal chamou Regina para passar duas semanas em Miami. Um dia após o Natal descobri que Dinah estava com problemas no relacionamento, então a convidei para passar a virada com minha família, que ela aceitou prontamente.
- Mas já? – perguntei assustada. – Qual o drama do momento? – voltei a desfazer as malas. Desde que me mudei para Nova York a casa dos meus pais sofreu mudanças ao decorrer dos tempos, quando David nasceu, eles organizaram um quarto para o neto e o meu quarto estava totalmente diferente de quando era adolescente.
- Eu não entendo porque você a convidou? – inspirou e expirou profundamente. – Podia ser a Ally ou a Normani, mas a Dinah! – mesmo sem olhar sabia que ela estava rolando os olhos.
- Deixa de ser chata Lauren. – comecei a guardar algumas roupas na cômoda. – Dinah é nossa amiga e ela só faz isso porque você cai na pilha das implicâncias dela.
- Mas ela superou o momento. – sentou na cama, seu rosto vermelho e o cenho franzido em uma carranca. – Esses dias serão um inferno... – resmungou. Apertei sua bochecha.
- Amor se acalma. Qual a brincadeira do momento?
- Ela cismou de querer ensinar David a me chamar de Papa. – cuspiu. Comecei a gargalhar, mas parei no momento que vi o olhar mortal de Lauren em mim. – Eu vou matá-la!
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Secrets
Fanfiction"Como podemos nós pretender que os outros guardem os nossos segredos se nós próprios os não conseguirmos guardar?" (François La Rochefoucauld)