Secrets

Capítulo XVI

Lauren POV

Sonho. Pesadelo. Qual é a linha que separa os dois? Como sabemos que estamos em um sonho ou que estamos em um pesadelo?

Sempre acreditei desde criança, que pesadelos envolviam monstros debaixo da cama ou coisas assustadoras, mas, o que define a palavra pesadelo? Não sei o que define, ou qual é a linha que separa um do outro. Talvez eu esteja em um sonho, ou esteja em um pesadelo, talvez eu esteja perdida entre os dois. Entre sorrir e chorar ao mesmo tempo. Eu queria poder acordar, mas não tem como acordar quando você já está acordada. Quando o que você vê é a realidade, ou talvez seja a loucura criada em sua mente em um mundo que não existe. Eu poderia ir embora, fugir, mas eu passei minha vida fugindo. Eu escolhi ficar e batalhar.

Eu estava ali parada, vendo aquela cena como uma lenta tortura, alguém abria o meu coração sem anestesia, e eu estava sentindo a dor do bisturi perfurar meu peito e rasgar a pele. Eu não desejo para o meu pior inimigo, o sofrimento de não ser suficiente para quem se gosta. Palavras não são capazes de descrever a dor que invadia meu peito.

Camila estava ali, sentada no chão, chorando por outro alguém. Não há nada pior do que ver alguém quem se ama sofrer por outro. E naquele momento, eu pude perceber o que Seth sentiu quando decidiu ao deixá-la. Eu queria gritar. Eu queria sugar a dor dela, apesar de saber que aumentaria a minha. Mas eu não suportava vê-la chorar por outro. Não suportava saber que outro havia magoado seu coração puro. Torturava-me admitir que outro que estava em seu coração. Um espaço que era totalmente meu.

- Eu sou uma péssima mãe. - ela murmurou assim que sentei ao seu lado. As lágrimas caiam silenciosamente. Na mão, um porta-retratos com uma foto dela, do Seth e do David. Os olhos presos naquela imagem, como se buscasse a salvação, ou recitasse algum mantra tentando voltar ao passado, tentando resgatar as lembranças daquela imagem. Aquilo me corroia aos poucos, como um ácido corrói lentamente o que toca. Eu estava me desfazendo ao seu lado. Nunca fui forte e pela primeira vez percebi porque sempre fui uma covarde, pois ser forte era algo desgastante, algo que eu não estava preparada.

- Como eu posso deixar meu filho e me afogar em minhas próprias mágoas? - ela perguntou. - Que espécie de mãe eu sou? – continuou a tortura-se com duras palavras.

- Você só levou um choque muito grande, não se culpe. Você é a melhor mãe do mundo. – a confortei.

- Eu não sou. - ela repetiu. - Eu simplesmente afundei em um poço e esqueci que tinha um filho... – o fluxo de lágrimas aumentou a impedindo de falar. Eu não sabia que palavras usar. Ela parecia tão delicada, tão frágil, que palavras colocadas no lugar errado a quebraria em cacos. Vê-la sofrer era desesperador. Uma agonia sem fim, como se algo sugasse minha alma.

- Camila você tem que ser forte. - pedi. Dobrei as pernas em índio. Naquele momento eu não era a Lauren egoísta que sempre fui. Eu não queria me aproveitar da ausência de Seth. Naquele momento eu queria mostrar que estava presente, que ansiava por reconquistá-la não importando o tempo que levasse. Eu a cativaria dia após dia, segundo a segundo. Mostraria a Camila que eu era digna de está ao seu lado, de conseguir meu posto novamente.

Eu iria enlouquecê-la, mas da forma correta, da forma como eu tinha que fazer, eu estava disposta a lutar e a abrir mão da minha vida, para cuidar dela, niná-la, mimá-la, colocá-la no colo e não deixar que nada e nem ninguém a amedrontasse, a fizesse sofrer. Eu queria seus melhores sorrisos. Eu queria aquela Camila que me cativou e me conquistou, eu queria aquela garota batalhadora e tagarela, aquela menina de laços, aquela alma pura, inocente e tão diabólica ao mesmo tempo. Ri com as lembranças da Camila que eu conheci, a fofa, meiga e sexy Camila Cabello. Que te derruba com o sorriso mais inocente, mas que por trás existe todo um contesto diabólico envolvido, na sedução, no enganar, em te sugar pela luxúria através da inocência.