Capítulo XII

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Camila POV

O mundo é verdadeiro circo do horror e somos obrigados a assistir ao espetáculo, que é nossa vida, fugindo de nosso controle, sem podermos mover um mínimo músculo. O destino nos deixa de mãos atadas diante de suas pegadinhas sem graça. Os sentimentos se embaralham e se misturam de uma forma desconexa. E você não sabe onde começa o amor e onde termina o orgulho. Em uma noite minha vida retrocedeu anos e me fez sentir uma adolescente com hormônios gritando e comandando meus atos, sempre fui racional, mas ontem perdi totalmente a razão da vida. Meus atos calculados, medidos e pesados foram esquecidos quando olhos hipnotizadores prenderam minha alma em uma teia de luxuria.

Se amor e ódio andam juntos eu não sei, mas a raiva com certeza tem que ser distantes deles porque é o único sentimento que eu sinto por Lauren Jauregui. Estúpida, babaca e idiota são os adjetivos que me nomeio por te me entregado tão facilmente àqueles beijos sufocantes, àqueles toques ousados. Minha cabeça fervilhava de pensamentos contraditórios ao mesmo tempo em que não conseguia esquecer a noite anterior, meu cérebro implorava por uma lavagem cerebral.

Quando acordei e vi minha melhor amiga batendo palma acabei por sair da dormência das ideias e pude perceber que havia cometido um grande erro. Transar não é pecado, traição sim, e para piorar eu não havia apenas traído o homem que me amava, que me cuidava, eu havia traído a minha alma, o meu orgulho e meus sentimentos, além de ter adubado esperanças de uma possível volta. No primeiro momento quis sumir, depois quis voltar no tempo, passei pelo estágio de querer matar Lauren por me fazer sucumbir a desejos libidinosos por seu corpo, e depois cheguei ao estágio racional, que com palavras fortes joguei-lhe a realidade dos fatos. Eu estava noiva, amava o Seth e a família construída com ele, não seria um pequeno deslize a me fazer jogar o que construí em três anos. Uma noite de sexo, puro sexo, algo carnal, apenas troca de pele, sem sentimentos envolvidos.

Sacudi minha cabeça na tentativa de esquecer as distrações que desviava meu foco do trabalho. Olhei mais uma vez para os desenhos do novo projeto que estava desenvolvendo, se continuasse dispersando-me em devaneios atrasaria todo o escritório e eu era muito responsável para permitir que todo meu trabalho desandasse por causa dela. Girei minha cadeira para o computador e comecei a organizar os dados necessários e remodelar as plantas de acordo com a lista de desejos da proprietária da casa. O dia seria exaustivo, mas não poderia me permitir desviar minhas atenções daquele projeto.

[...]

A noite chegou mais rápido que eu esperava e eu agradeci mentalmente, pois meus olhos ardiam pelo fato de ter ficado muito tempo em frente ao computador, levantando apenas para me abastecer de café.

Olhei as horas e já havia passado alguns minutos do horário que eu pegava o David na Taylor, mas não me importei, pois sabia que ele amava ficar na casa dela, além de ter agora a Lauren como companhia e realizadora de todas suas vontades, neguei com a cabeça ao lembrar, se eu permitisse ela estragaria nosso filho.

Sorri ao lembrar-me de como David foi para escola parecendo uma miniatura dela só que na versão masculina. Senti-me mal ao ver David abraçando Lauren, não por ciúmes ou coisa do tipo apenas porque ela estava se esforçando tanto para conquistá-lo e ele abria pouco espaço para ela. Meu celular começou a tocar e me despertou das lembranças. Sorri ao ver quem me ligava.

- Oi amor. - o cumprimentei.

- Boa noite meu anjinho lindo. - respondeu manhoso. Comecei a juntar minhas coisas para sair do escritório. - Só liguei para avisar que vou ficar mais dois por aqui... Os organizadores decidiram estender o prazo do projeto mais uma semana, mas me pediram para ficar apenas mais dois dias e eu aceitei... Sinto-me tão bem quando vejo os novos sorrisos...

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