Capítulo 80 - Emoção.

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O treino está a ser completamente desgastante, não pelo aspeto físico mas mental. Conseguir conciliar a tempestade emocional e a força que tenho de fazer para dar o melhor de mim neste treino era completamente absurda, não percebo esta constante tentativa da minha mente de se tentar completar.

Sento-me no banco azul escuro do balneário masculino do estádio do colégio e as forças que gastei a tentar me mexer no campo relvado não restavam para querer tirar a roupa.
- Está tudo bem, Zayn? - Perguntou Louis após me prolongar a o olhar.
- Ótimo, haveria de estar mal?. - Levantei-me e retirei a camisola que me cobria o tronco, desta vez pouco se colava como era habitual.
- Não sei, normalmente és tu o treinador em vez de ser o próprio.
- É, cansei-me de batalhar por uma equipa que nem num treino sabe jogar. - Ele deixou-se a pensar. -Posso me despir em paz? - Anuiu e voltou para junto do seu saco para se despir também.

A água do chuveiro público intercalava entre o frio e o quente e ouvia as queixas persistentes dos meus colegas de equipa sempre que o frio lhes atingia, sai rapidamente da água para me limpar e vestir para me ir, finalmente, embora.

***

A casa encontrava-se silenciosa quando entrei e até agradeci por isso, encontrava-me cansado e deprimido, precisava do silêncio que pintava as paredes de toda a casa.
Falta menos de um mês para ir para a universidade e ainda não resolvi nada da minha vida, neste momento era a última das minhas preocupações mas para a minha família parecia ser toda a minha vida. Confesso que escolher uma universidade é importante mas manter a minha vida estável e saudável parece-me ser algo a que todos os meus poros se devam manter concentrados e estes parecem-me ter uma crise de concentração ultimamente pois de estável não tenho pitada.

Deixo de ouvir as sacas de papel das compras serem mexidas para ouvir o meu nome por toda a casa com a voz fina da minha mãe.
- As tuas irmãs? - Encolhi os ombros e continuei atento ao jogo que tentava ganhar. - Está tudo bem contigo e com elas? - A Doniya contou-lhe com toda a certeza.
- Claro.
- E só contigo?
- Claro. - Repeti mas a minha mãe não aceitou a resposta e retirou-me o comando das mãos.
- E contigo? - Repetiu.
- Claro. - Repeti entre dentes. - Agora dás-me o comando? - Ordenei, sem êxito.
- Como vai a Layna?
- Pergunta-lhe.
- Já não estás com ela? O que é que fizeste?
- Porque é que presumes que fui eu?
- Porque és sempre tu.
- Não fiz nada para tua preocupação. Ela achou que não dava e pronto não dá. Já me podes dar o comando?
- O que se passa contigo filho? - Sentei-me no sofá pois não ia ter qualquer êxito com o comando e nem me ia livrar daquela conversa tão cedo.
- Nada.
- O que se passou com a Doniya?
- Ela meteu-se na minha vida e eu metia no lugar. - Disse.
- Ela é tua irmã, preocupa-se contigo.
- Vou para o meu quarto, estou cansado e tenho que estudar. - Levantei-me sem dar grande chances para respostas.

Estou cansado desta constante procura por respostas para a minha falta de emoções mas as perguntas ou mesmo as pessoas não são as certas.







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