Capítulo 81 - Carris.

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Arrancava-lhe a roupa do corpo como quem lhe arrancava a pele. A minha cabeça latejava à medida que ela a beijava, os seus lábios pareciam pequenas agulhas na minha pele.

Sem que conseguisse entender o comportamento dos meus atos sinto as minhas mãos envoltas nos seus pulsos puxando-a para longe de mim, nunca antes a recusara mas, também, nunca antes estivera apaixonado.

- Zayn? - Olhou-me desapontada com o seu tronco despido.
- Achei que não me precisasse de repetir, a conversa que tivemos na escola serviu. - Falei.
- Tu parecias não querer recusar enquanto as tuas mãos massajavam os meus seios.
- Por isso é que te afastei em vez de te entrar. - Sorri. - Sabes bem o caminho para fora de minha casa.
- Esta será a última vez que me verás nestes modos. - Ameaçou.
- É isso que te tenho andado a pedir.

A porta do meu quarto por pouco não se partiu com a força, que pensei não existir, de Nally e sentei-me na cama com a cabeça entre as mãos. Sinto-me comprometido a Layna mas em modo algum o estava, por vezes tudo parecia conseguir ser injusto mas não só me submeti como me coloquei com ambos os pés nesta situação.

O chão frio combatia com os meus quentes pés enquanto caminhava pela cozinha irrequieto. A minha vida estava num bom caminho mas não me sentia de modo algum carrilado. Layna era, metaforicamente, os meus carris.

***

Não me lembro de como, ou quando, subi para me aconchegar no sono mas com certezas o fiz.

Humilhava a pele que cobria a minha cara com água morna para conseguir enfrentar um duro dia de calor e escola, ou, no lado positivo, menos um dia para o final de um grande capítulo.

A alça da mochila pesava cada vez menos mas, em contrapartida, os meus pensamentos pesavam cada vez mais. Em tempo algum da minha vida falava tanto comigo como neste último ano mas, ao contrário dos anteriores, sinto-me inseguro.

- Zayn. - Chamou Andrew na sua voz pouco máscula. - Não sei o que se deu entre ti e a Nally ontem mas obrigada! - Senti o pesar da sua voz na última palavra.
- De nada. - Respondi já depois do seu abandono.

Procurava com dificuldade o que quer que fosse que necessitasse para a aula seguinte, provavelmente quando encontrasse saberia.

- Vais precisar deste. - Falou, não precisei de a ver para reconhecer o calor que me arrepiava a espinha. - Preciso de falar contigo. - Falou num fio de voz.
- Achei que tivéssemos tudo conversado. - Não consegui cruzar olhares com ela, sabia que se olhasse os seus esverdeados olhos todas as culpas saberiam a desculpas e todos os desculpas eram ditos sem que fossem necessário pronunciar.
- Nem sequer o fizemos.
- Acho que a tua saída foi resposta suficiente para qualquer dúvida que me restasse. - Imputei.
- Zayn... - Senti a sua mão no meu braço como me parando e senti-me seguro. Como conseguia ela ser tão egoísta?
- Layna... - Olhei-a e por momentos senti-me perdido. - Já realçaste umas poucas vezes o que nós significamos para ti.
"Acho que está bem claro para mim, e talvez para ti, que não queres que algo entre nós se faça e eu não tenho tempo para andar num carrossel júnior em que te divertes nos altos e baixos como uma criança pequena. Eu quero alguém seguro do meu lado e que saiba o que quer de si e dos seus. Algo que ainda precisas de aprender e eu não te posso ensinar.
"Agora quero ser eu o egoísta e terminar o que quer que fosses começar pois, por muito mal que te tenha causado, eu amo-te e não mereço a vida miserável que me fosses proporcionar até que descubras a mulher que realmente és. - Com toda a força afastei os meus olhos do brilho dos seus e caminhei em silêncio, em todo o meu silêncio, pelos corredores barulhentos daquela escola.



A Deep Regret Z.M.Onde histórias criam vida. Descubra agora