A Deep Regret Z.M.

Capítulo 85 - Conversa.

Talvez seja este um bom tema - será assim que a devo retratar? - para uma boa relação com o meu pai, pelo menos era algo saboroso de se falar.
- Gostava de a ter conhecido. - Sorri.
- Provavelmente passariam mais tempo a discutir do que pensas. - Brincou.
- O que é uma boa relação sem discussões? - Ele sorriu em concordância. - Fico feliz que tenhas encontrado alguém depois...
- Eu também. - Desabafou fracamente. - Bom, tenho que me ir que o tempo é escasso.
- A um sábado?
- Até ao domingo se for preciso... - Deu-me uma última olhada com um ligeiro sorriso e fechou a porta para me deixar sozinha mais uma vez.

Não sabia o que fazer neste sábado tão entediante, ainda tinha o meu pijama vestido e não tinha vontade de o tirar.
- Ainda assim? - Queixou-se Claire e eu encolhi os ombros inocentemente. - Sobe, veste-te que deixei os miúdos na minha mãe para uma tarde de mulheres. - Piscou-me o olho.
Não sabia o que era mais aborrecido, uma tarde sem nada para fazer ou o que quer que Claire tenha programado.

***

O carro tinha um odor agradável e trauteava as músicas ridículas mas, mesmo assim, penetrantes que soavam na rádio.

Numa viagem curta ela estacionou em frente a um café elegantemente decorado e olhou-me sorridente para retirar o cinto e eu correspondi com o mesmo.
O espaço não estava lotado mas também não estava vazio e era, sem dúvida, agradável.
- Este é o meu café favorito. - Falou quando nos sentamos perto de umas grandes janelas.
Após sermos atendidas sentia o olhar dela sobre mim e olhei-a em espera de resposta.
- Aposto que perguntas porque estamos aqui. - Encolhi os ombros.

Nem por isso...

- Acho que desde que te mudaste ainda não tivemos a experiência de nos conhecermos e acredito que viver com desconhecidos não é agradável. - Pausou para que a empregada, que aparentava ser da idade de Claire, colocasse o chá perto da cônjuge do meu pai e o chocolate quente perto de mim que cheirava maravilhas e continuou quando a empregada se foi. - Eu não estou a tentar tomar o lugar da tua mãe porque não o conseguiria ser mas quero ser alguém especial para ti como es para o teu pai, quero ser uma amiga com quem possas contar. - Sorriu. Dei um gole enquanto tentava assimilar ou talvez encontrar as palavras para discursar com ela.
- Não te tomaria como minha mãe pois és mais do que isso. - Sorri. Nao sabia se sentia o que acabara de dizer ou se o falei para a agradar mas a última resultou. - Eu sei o que es para o teu pai e estou feliz por ele te ter encontrado depois da minha mãe mas é uma situação complicada para mim porque perdi toda a família com que cresci. - Estranhava a seriedade e frieza nas palavras que evocava, teria eu perdido toda a minha sensibilidade?
- Eu sei. - Colocou a sua mão sobre a minha. - Com o tempo mudará.

Nao sabia quantos minutos tinham passado desde que uma de nos ousou falar mas nenhum algum mais passará pois Claire aparentava querer falar.
- Layna? - Olhei feliz com a minha intuição acertada. - Porque foste ontem com quem não querias ir? - Que raio está ela a falar? - Sou mãe e mulher. - Acentuou na última.
- Eu fui com quem queria ir. - Ela riu.
- Desculpa ter trazido o assunto mas não me agrada ver-te a não prosseguir os teus objetivos...
- É complicado... - Admiti.
Ela admirava-me com cautela, talvez à espera de uma expressão denunciadora. - É muito complicado. - E algo que de todo não me apetece falar.
- Como se chama ele? - Perguntou.
- Quem?
- Depende de quem me queiras falar. - Provocou enquanto saboreava o seu chá que fumegava.

Com esta apanhou-me. De quem queria eu realmente falar?

- Ele arrepia-me. - Comecei. Ela olhava-me atenta. - Transporta-me para longe daquilo que sou e transforma-me num algo que me opõe, eu sou um algo melhor com ele e não o consigo continuar. Ele arrepia-me. - Repeti. - E eu não o mereço.