Capítulo 63 - Histórias.

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Coloquei o telemóvel no ouvido na esperança de ouvir a voz do, possível, meu pai.
- Olliver and Pitty, em que posso ser útil? - Fiquei um pouco à toa devido à maneira como a voz tão pouco masculina se dirigiu a mim.
- Queria falar com... - Olhei o papel na procura do nome. - Olliver.
- E a senhora é? - Por acaso ela soava simpática.
- Layna. - Um rápido remexer de papeis revelou-se do outro lado da linha.
- O senhor Olliver vai atende-la de imediato. - Podia jurar que nem um segundo se passou até ouvir uma voz um pouco mais masculina.
- Layna? - Chamou.
- Sou eu... - Não sabia bem o que dizer.
- Com certeza deves ter montes de perguntas para me fazer. - Soltou um sorriso do outro lado. - Estas muito ocupada?
- Não... As minhas aulas acabaram agora.
- Queres que te vá buscar e vamos jantar fora?
- Por mim tudo bem. - Estava a aderir mais do que queria mas a minha curiosidade levou avante.
- Dentro de segundos estou aí. - Ouço um bip de corte de ligação após lhe dizer a morada do sítio onde fica a minha escola infernal.

Realmente foi rápido.
Um homem loiro, bem constituído mas de cara pálida sai de um carro um pouco avantajado.
- Olá. - Sorriu-me. - Sou o Olliver. O teu pai. - Disse-o um pouco a medo e eu estiquei-lhe a não para um cumprimento formal.
- Eu sou a Layna, ao que parece a sua filha. - Sorri.
- Eu não conheço muito bem esta zona. Onde queres jantar?
- Que tal em minha casa?
- A tua mãe não deverá gostar muito da ideia. - Sorri pela insinuação.
- Decerto não se importará. - Com certeza que não, a minha avo é que não achará a melhor das ideias mas ela deve preferir saber como estou do que ficar com o coração nas mãos.
- Vamos então? - Apontou para o carro.
- Não. Vamos a pé. Não o conheço o suficiente para...
- Eu entendo. - Fechou o carro e deixou exatamente no sítio em que estacionou para me puder acompanhar.

- Tens 17, certo? - Perguntou, talvez para quebrar o silêncio mortífero que nos possuía.
- Sim e o senhor 37.
- Por fazer ainda. Não me trates por senhor, não precisamos dessas formalidades. - Sorriu e ajeitou o colarinho da sua gravata.
- Claro.
- Como está a tua mãe? - Perguntou sem jeito.
Parei e encarei-o.
- Faleceu quando nasci. - Ele ficou mais pálido do que já era e a sua fala desapareceu por momentos.
- Não sabia...
- Ou não se importou em saber.
- Não é de todo verdade.
- Não interessa agora. Entremos? - Apontei para a porta cinza da entrada.
- Claro...

- Avó?
- Sim querida? - Caminhou na minha direção e conforme o meu pai à segundos também empalideceu. - Que faz ele aqui?
- Achei que não era só eu que merecia respostas.
- Não o quero cá. - Virou costas e caminhou para a cozinha.
- Fique aqui. - Ordenei sem encarar o ser que me seguia.
- Avó. - Chamei assim que entrei na cozinha onde ela tapava a cara com as mãos. - Faz esse sacrifício pela mãe e... - Retirei as suas mãos da face. - Por mim. - Ela suspirou.
- Mas que vá embora cedo.
- Vou fazer por isso. Obrigada.

O jantar corria dentro da normalidade, bem mais ou menos, nenhum dos três falava e se assim o fosse era para pedir para passar algo.
- O senhor é casado? - Perguntei.
- Sim e já pedi...
- Desculpe. Quanto tempo?
- Três anos. E tu namoras?
- Não. - Sorri e a imagem de Zayn veio à memória, tinha imensas saudades dele mesmo que ele tenha vontade ao seu velho eu.
- Onde andaste tu? - Pronunciou-se finalmente a minha avó. - Quando ambas mais precisaram? - Ele engoliu em seco e pousou o garfo finalizando.
- Quando soube que a Autumn estava gravida não podia ter ficado mais feliz, corri para casa na esperança de contar aos meus pais que era com ela que queria ficar mas eles não tinham esses planos para mim, inscreveram-me, sem eu saber, numa escola militar e fui obrigado a ir, não tive tempo de avisar quem quer que fosse e inclusive pedi à minha mãe para avisar e para pedir que ela me escrevesse mas percebi logo que não o fez... Também escrevi montes de cartas mas também vejo que não foram recebidas...
- Com certeza não estiveste lá este tempo todo.
- Não... Entretanto andei à vossa procura durante anos até que conheci a minha mulher, que por acaso foi numa das casas que visitei para ver se viviam lá, e pausei por momentos para indireitar a minha vida após a morte do meu pai assim que o fiz voltei a procurar-te e finalmente encontrei-te Layna.
- Uma história fantástica, agora a verdade.
- Está é a verdade.
- Não consigo acreditar.
- Mas foi o que aconteceu.
- O que eu acredito é que brincaste com os sentimentos da minha filha e descartaste-a quando não a pudeste usar mais.
- Chega! - Gritei. - A avó não tem qualquer direito de falar assim da minha mãe e agora do meu pai também. Eu é que devo decidir se acho que é verdade ou não.
- E o que achas? - Perguntou ele esperançoso.

A Deep Regret Z.M.Onde histórias criam vida. Descubra agora